futuro - o de Moçambique - vai em breve atingir as vizinhanças do lago Niassa e abrirá uma zona rica e temperada, própria para a colonização europeia.

Mas os caminhos de ferro não suprem a utilidade da estrada. Em países novos, pouco desenvolvidos, a criação de tráfego é gradual, a não ser, como no caso de Katanga ou de minas de ferro ou carvão, que haja de começo exportação intensiva. Por outro lado, o caminho de ferro, guando existe, só pode resolver o problema de uma faixa, mais ou menos profunda, de um e outro lado do seu eixo. A estrada afluente é um natural auxiliar da função do caminho de ferro; é através dela que circularão as mercadorias do interior.

Parece, assim, que em países novos da configuração de Moçambique, além da construção de algumas estradas que atravessem a província para o interior e liguem as fronteiras com os portos de Lourenço Marques, Beira, Nacala e, possivelmente, Porto Amélia, se deve estabelecer um plano interligado que estabeleça uma rede convenientemente estudada, de acordo com as possibilidades agrícolas das diversas regiões, entre os eixos dos caminhos de ferro. O plano não poderá ser ambicioso de princípio e requer estudos de natureza económica, relacionados com n investigação dos solos e aptidões agrícolas e até industriais das diversas regiões.

Até agora, e em grande parte, as autoridades administrativas prestaram relevantíssimos serviços nesta matéria. Incumbiram-se da abertura de estradas de terra batida, através da selva, e existem algumas de alto interesse que, tratadas agora por processos de pavimentação e conservação menos empíricos e baseados em estudos preliminares, podem prestar ainda grandes serviços à economia da província. Com pequenas variantes aqui e além, alterações no perfil e uma pavimentação conveniente adaptada aos solos e ao tráfego, a actual rede de estradas pode servir de base a um esquema útil. Ponto é saber aproveitá-las e convertê-las, por pavimentação e obras de art e adequadas, em instrumentos de comunicação a funcionar normalmente no tempo de chuvas e no Estio, depois de introduzidas as variantes necessárias.

As estradas principais, a que se aludiu acima, e a rede entre elas, mais modesta, mas sólida, à prova da chuva e do clima, constituirão um esquema altamente benéfico para a economia provincial.

48. Já se aludiu acima a alguns desenganos e desaires que sofreu a província no caso das pontes. Agora, que se estão intensificando os trabalhos da construção de algumas estradas da malha fundamental, devem conservar-se na memória estes desenganos.

Os solos de Moçambique são de difícil manipulação. A construção da estrada tem de ser acompanhada do estudos contínuos. Os serviços, através do Laboratório de Ensaios de Materiais, têm já hoje, felizmente, como norma acompanhar passo a passo a construção de pavimentos, de modo a corrigir fraquezas aqui ou além e esclarecer suposições, quando necessário. Este trabalho do Laboratório é muito útil e altamente benéfico. Pode economizar largas somas de dinheiro e tornar mais sólidas as estradas.

Merece, pois, louvores a obra que agora se desenvolve e precisa de ser amparada. Na verdade, não se compreenderia a construção de tão vasta rede rodoviária em país novo sem o auxílio técnico-científico de um instrumento de trabalho convenientemente orientado. Tudo indica que o Laboratório de Ensaios de Materiais e de Mecânica dos Solos de Lourenço Marques, que despendeu em equipamento apenas 555 contos em 1955, seja um poderoso auxiliar da reconstrução das estradas, portos e outros melhoramentos. Não é brilhante a história do problema das estradas em Moçambique. Até 1937 a abertura de estradas -ou picadas- era efectuada pelos serviços militares e pelas autoridades administrativas. A conservação dos itinerários principais eslava a cargo das obras públicas. Diversos estudos e trabalhos se realizaram depois por intermédio de brigadas especialmente nomeadas para tal efeito, mas sem a intensidade indispensável.

Foi aprovado por simples despacho ministerial, datado de 1903, um plano de estradas, a realizar na medida das disponibilidades financeiras. Previa esse plano, na sua forma original, a construção de 5500 km, que formariam a malha fundamental, com o gasto aproximado de 630 000 contos.

Nos três anos que se lhe seguiram 1954-1956 apenas se utilizou uma pequena parte das dotações previstas.

Parece que as razões derivaram de atrasos em estudos, de dificuldades burocráticas e administrativas, da falta de empréstimos e, finalmente, da carência de direcção vigorosa nos serviços, com a necessária continuidade.

O Decreto n.º 40 569, promulgado recentemente, contém disposições que, convenientemente aplicadas, podem melhorar a situação do passado.

Apesar de ainda subsistirem algumas dificuldades, sobretudo no que se refere a fiscalização do gasto das verbas, crê-se que se iniciou nova era no desenvolvimento rodoviário da província.

Até agora a ideia predominante, tanto em Angola como em Moçambique, era a de que bastava abrir traçados e efectuar terra plenagens para se obter uma boa estrada. O desenvolvimento do tráfego e a existência de duas estações perfeitamente definidas - a seca e a de fortes chuvas torrenciais- vieram impor a necessidade de implantação de novas ideias. O problema terá de ser encarado por um prisma diferente e a sua solução consiste na gradual substituição dos pavimentos actuais por outros que assegurem condições do tráfego em todos os meses do ano.

Destas estradas nascem outras vias destinadas a servir os territórios do interior. As principais são:

Estrada n.º 102 - Da estrada n.º 6 ao distrito de Tete, servindo a região do Barué, que parece ofe-