A dívida da Direcção dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes eleva-se a 1 663 730 contos. Cerca de 405 000 contos constituem dívida externa. Foram empréstimos contraídos para financiar o cais do Crómio, no porto da Beira, e para aquisição de material circulante para o caminho de ferro do Limpopo, já em exploração.

Os serviços liquidam todos os anos os encargos de juros e amortização destes empréstimos e na conta de lucros acima mencionada já se incluíam esses encargos para 1955. Neste ano elevaram-se a 82 549 contos. Esta ligeira súmula da posição actual dos caminhos de ferro e portos de Moçambique, a cargo da Direcção dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes, dá uma ideia da sua importância.

A Direcção orienta a exploração do caminho de ferro da Beira desde a compra feita pelo Estado, embora não contabilize os seus resultados de exploração, que, como se verificará adiante, são altamente compensadores.

O valor económico da rede dos portos tende a aumentar com o desenvolvimento da província e dos territórios tributários. A qualidade do serviço procura melhorar continuamente, embora não seja fácil, em certas ocasiões, satisfazer todas as necessidades do tráfego.

Como se recomenda noutro lugar, o sistema rodoviário tributário dos portos e caminhos de ferro deve ser completado o mais rapidamente possível, dentro das disponibilidades financeiras.

As estradas afluentes, além de desenvolverem a economia de regiões vizinhas do caminho de ferro, melhoram o coeficiente de exploração.

Caminho de ferro da Beira A receita do caminho de ferro da Beira atingiu 297 498 contos em 1955 e foi superior a das restantes linhas férreas da província.

A evolução da receita desde a data em que o caminho de ferro foi adquirido pelo Estado, em seis anos, duplicou, pois partiu de 141 637 contos em 1950 e alcançou a cifra de 297 498 contos em 1955, apesar da situação precária em que se encontrava a linha.

A conservação da via e do material circulante era muito deficiente.

A obra feita no caminho de forro e 110 porto e os resultados da exploração, desde que o Estado assumiu a sua posse, abaixo analisados, merecem louvores.

Representam um esforço de trabalho e de energia, em condições difíceis, raras vezes assinalado em África. Foi possível neste curto espaço de tempo renovar ou reparar grandes troços da linha, adquirir ou reparar material circulante absolutamente essencial e atender a oficinas, que pouco a pouco se estão a transformar num instrumento muito útil da exploração. E são já do passado muitos entraves opostos ao tráfego terrestre e marítimo.

Além dos benefícios de natureza financeira que derivaram de uma exploração eficiente, outros de longo alcance devem ser postos em relevo.

O distrito de Manica e Sofala é, sem dúvida, susceptível de grandes progressos económicos e a zona alta já hoje contém interessantes exemplos de colonização europeia.

Se amanhã a zona de Tete vier a ter o desenvolvimento previsto neste parecer, que resultará, sem dúvida, do melhor conhecimento das suas possibilidades mineiras, do aproveitamento integral do Zambeze e das facilidades s povoamento da sua zona temperada, será através da Beira que se escoará uma parle do seu tráfego. O caminho de ferro de Tete, embora recente, já transportou elevada carga em 1955, constituída essencialmente por carvão.

Assim, parece necessário examinar todas as condições inerentes às possibilidades de progresso da região de Manica e Sofala e o papel a desempenhar pelo raminho de ferro da Beira, Niassalândia e Tete num futuro que parece não estar longe.

Os resultados financeiros, nos últimos anos, corresponderam, ou até as ultrapassaram, às expectativas mais optimistas, tanto no caminho de ferro como no porto.

A seguir publicam-se os resultados da exploração desde 1950, em milhares de contos.

As despesas indicadas são as da exploração. Não incluem as verbas despendidas com melhoramentos e renovação nem o que se desvia anualmente para fundo de reserva.

As cifras mostram que a receita, em aumento todos os anos, permite a aquisição de material, e, por consequência, o progresso do serviço, que procura satisfazer a escala ascendente do tráfego.