com a rapidez desejada, há um período de incertezas que pode ter efeitos psicológicos em quem explora.

Os terrenos virgens têm de sofrer os trabalhos preliminares de adaptação conducentes a plena fertilidade. Toda uma série de contratempos e dificuldades podem levar ao desânimo.

Um dos nossos males em matéria de empreendimentos económicos que requerem o uso de água, especialmente no caso da rega, é julgar que a obra em si basta e descurar o seu aproveitamento racional. O exemplo da campina de Idanha, onde há água que se não utiliza e terrenos que a experiência recente mostrou serem bons para rega, se convenientemente preparados, não deve repetir-se no Limpopo.

Não é para este lugar a discussão ou crítica dos métodos de povoamento de vastas zonas africanas. O parecer do ano passado absteve-se de emitir uma opinião sobre o esquema da Cela, em Angola, e por idênticas razões se absterá este ano de dar uma opinião sobre o caso do Limpopo.

Não é, evidentemente, possível povoar largas áreas e transportar para os territórios nacionais as populações de europeus indispensáveis, o que obrigaria à construção de obras dispendiosas, embora seja possível recuperar o seu custo.

A razão principal reside na escassez de investimentos.

Por outro lado, o Europeu não pode ser enviado para climas difíceis sem que antecipadamente se lhe assegure o máximo de possibilidades de defesa.

Isto quer dizer que as condições de saneamento, a habitação e outras exigências humanas fundamentais precisam de ser vistas à luz das realidades.

Os esquemas da Cela, do Limpopo e do Cunene podem dar ensinamentos preciosos, se os seus resultados forem observados sem paixões.

Eles estão em começo de andamento. Para que possam, porém, fornecer todos os elementos de informação requeridos para a grande obra do futuro, que é o povoamento em maior escala por europeus de origem metropolitana da África portuguesa, em conjunção com indígenas, é indispensável que, uma vez concluídas as obras, se procurem estabelecer nas regiões ocupadas os melhores métodos de exploração agrícola, suplementada por indústrias afins - indústrias transformadoras da produção agrícola, como o descaroçamento do algodão, a moagem ou ensilagem de cereais e forragens, o acondicionamento de frutos e outros. Quer dizer: extrair da exploração agrícola o máximo de rendimento.

A obra do Limpopo e outras não se resumem, pois, apenas em construir. E tão difícil pô-la em marcha como pô-la em pé. No segundo caso há a vontade do técnico, do organizador e meios financeiros. No primeiro caso há o elemento psicológico - a massa humana, que é necessário adaptar a condições difíceis. A estimativa do empreendimento do Limpopo eleva-se a 504 000 contos. Despenderam-se 23 000 contos em 1952 e o caminho de ferro contribuiu com 20 843 coutos até fins do ano sujeito a apreciação.

Até 31 de Dezembro de 1955 haviam sido despendidos 220 066 contos e nos três meses complementares do exercício gastaram-se mais 44 353 contos. Algumas destas quantias ainda não figuraram nas contas de 1955.

Assim, a verba disponível andava à roda de 155 000 contos.

Depois de utilizadas estas somas, que representam o financiamento da 1.º fase, haverá ainda que despender mais 60 000 contos na adaptação das terras ao regadio, em canais distribuidores, regadeiras, tomadas de água, módulos e comportas e casas de cantoneiros.

Não é possível dar este ano o custo da obra completa, por não estar ainda concluída. Mas informações obtidas parecem indicar que ela se move dentro das estimativas.

A parte mais cara foi a da barragem, estimada em 206 000 contos. Serve também de ponte do caminho de ferro, que para ela concorreu com 21 000 contos até fins de 1955, e de ponte de estrada. A estimativa da obra fornecida pelos serviços até 31 de Março de 1955 pode decompor-se do modo que segue, em contos:

Os números não coincidem com os expressos na conta geral da província, por não terem sido processadas no ano algumas quantias.

Rega e enxugo noutras zonas Uma das características de climas semelhantes ao de Moçambique é o fraco coeficiente de escoamento e o elevado grau da evaporação. Deste fenómeno, bem conhecido em zonas tropicais, resultam graves deficiências de água na época da estiagem, ainda que haja cheias abundantes no resto do ano.

Sendo torrenciais os rios, os vales, na sua parte baixa, podem ser largos e férteis, embora se torne necessário um cuidadoso exame da constituição dos solos no aspecto da existência de sais que possam criar obstáculos ao pleno rendimento das terras.

Já se descreveu sucintamente este lado do problema quando se analisou, no ano passado, o aproveitamento do Cuanza. A missão que ali procedeu a estudos observou, como era necessário, o solo e subsolo, através de uma série de poços e sondagens, convenientemente analisados depois, de modo a poderem ser determinados claramente, e assim evitar surpresas no futuro, os tipos de solos encontrados e as suas aptidões para as diversas culturas. Não ficaria completa esta leve resenha sobre rega, enxugo e povoamento se não fosse feita uma referência especial a duas iniciativas que se antolham muito interessantes e prometedoras.

Uma refere-se ao esquema de Inhamissa, na bacia do Limpopo, não longe de Vila João Belo (Xai-Xai). Não se darão pormenores sobre este esquema, orientado sob os auspícios do Governo-Geral, para não alongar em demasia este trabalho, mas convirá, em pareceres futuros ou noutro lugar, publicar os resultados já conhecidos.

A zona onde a obra começa a exercer influência tem contribuído com alta percentagem de emigrantes para países vizinhos, principalmente de trabalhadores para o Rand.

Se fosse possível demonstrar que as circunstâncias económicos do trabalhador indígena podiam ser idên-