No caso do ferro titanífero, os reconhecimentos feitos até agora permitem concluir que as reservas não seriam inferiores a 1000 milhões de toneladas, com percentagens médias de ferro relativamente altas. A acrescentar a estes bons prenúncios, parece serem boas as condições de exploração.

Os minérios de ferro titanífero sofreram durante muito tempo da existência do titânio, que tornava difícil a separação. Acontecia coisa idêntica, embora de menos importância, com os elevados teores de sílica nos minérios de ferro siliciosos.

Recentes progressos na siderurgia têm vencido muitas das dificuldades opostas ao tratamento de minérios, tanto num como noutro caso. E, assim, é de crer que vi existência de volumosas reservas de minérios de ferro titanífero no distrito de Tete constituirá mais um poderoso instrumento de progresso nesta zona de Moçambique.

Acresce que a existência de energia eléctrica perto, no Zambeze, a baixos preços, em quantidades que ultrapassam todas as expectativas, poderá servir de base a uma indústria mineira, e talvez siderúrgica, que se não pode neste momento justificar, mas que a existência de carvão em Moatize, para reagente nos processos metalúrgicos, permitirá, porventura, que seja uma realidade amanhã.

Se as prospecções de minérios cupríferos vierem a demonstrar que os minérios da Rodésia se prolongam para território português e se a prospecção de urânio for aquilo que opiniões diversas dizem ser, em frente do alguns dados já obtidos, então o distrito de Tete terá, num futuro imprevisível, um surto de actividades que assegurará consumos abundantes u parte da energia produzida em Ca hora Bassa. Seria de grande vantagem orientar também a prospecção mineira para o estudo das lalerites e minérios de alumínio. Julga-se existirem jazigos de bauxites e já se exportaram alguns milhares de toneladas. O aparecimento de bauxites próximo da zona de Tete seria de grande importância para o aproveitamento do Zambeze, dado o relevo que o alumínio tem na economia moderna. Tudo o que se acaba de dizer sobre o distrito de Tete e o valor do Zambeze é. por enquanto, baseado em poucos dados, mas os suficientes para demonstrar o grande interesse do rio como fonte de energia.

Existir, porém, energia potencial não é a única condição para transformar uma vasta zona, longe do litoral, de difícil acesso.

O enorme valor da potência eléctrica existente em Cahora Bassa, da ordem dos 20 biliões (20 000 milhões) de Kilowatts-hora, o custo de um aproveitamento que poderá vir a ser um dos maiores do Mundo exigem consumos que não estão à vista, até num próximo futuro, dentro da província de Moçambique. Se vierem a materializar-se definitivamente as expectativas da existência de vastos jazigos de ferro e cobre, se as vagas notícias da existência de alumínio forem unia realidade, já o problema dos consumos de Cahora Bassa assumiria outro aspecto, dada a existência de carvão perto de Tete. Mus nas condições actuais, ou visíveis nos próximos anos, o problema dos consumos ó uniu incógnita.

Qualquer dos maiores centro» consumidores da província - Beira e Lourenço Marques- fica situado a distâncias que só tarde permitirão transmissão económica a muito altas voltagens. O mais próximo, a Beira, está servido pelo sistema do Revuè, de que se fula noutro passo do parecer. Outras zonas mais vizinhas, como a do Niassa, através da Niassalândia, e a do Gurué, embora distantes, são susceptíveis de colonização europeia, mas o seu povoamento será lento e requererá a inversão de elevado quantitativo de capitais.

Talvez seja possível auxiliar a economia das Rodésias do Sul s do Norte e a Niassalândia pela venda de energia de Cahora Bassa.

O rápido desenvolvimento daqueles territórios, devido em grande parte às suas reservas mineiras, exigirá, dentro de dez ou quinze anos, apesar da construção de Kariba, novos abastecimentos de energia.

Já a empresa portuguesa do Revuè firmou contrato para a venda das suas sobras, mus em qualquer caso parece que as necessidades ultrapassarão os abastecimentos previstos. Uai o interesse das autoridades rodesianas pelo aproveitamento do Zambeze em território português. Pode ainda acrescentar-se, neste aspecto, que a altura da barragem de Cahora Bassa é limitada pela fronteira da Rodésia, visto o regolfo atingi-la no Zumbo.

Aumentos na altura da estrutura prolongariam o regolfo para o interior da Rodésia e assegurariam a produção de ainda maiores quantidades de energia do que as previstas acima.