tenha de prestar periodicamente contas a um conselho de direcção da marcha e realizações da sua instituição.

Apontados, muito por alto, aqueles pontos que me despertaram maior interesse, termino dando o meu voto na generalidade à presente proposta de lei.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: apenas me traz aqui o dever de ofício, visto que não me julgo em situação de dar a V. Ex.ª, na apreciação desta proposta, qualquer novidade.

Todos os elogios são devidos ao Sr. Ministro da Economia e ao Governo por nos ter enviado esta proposta, que permitirá que assumamos neste sector tão importante, tão valioso para a economia nacional uma posição que permita deixarmos de trabalhar empiricamente, como temos feito até aqui, para passarmos a trabalhar apoiados na técnica e na ciência, pois estou absolutamente convencido de que não é possível, nestes tempos, trabalhar na indústria, como na agricultura, sem estarmos apoiados na ciência.

Esta proposta, Sr. Presidente, revela um trabalho, um esforço, mais uma vez demonstrado pelo Governo, para nos trazer desde o zero até uma posição eficiente.

Tudo neste pais estava por fazer numa matéria tão importante como é esta, como em tudo o mais. E isto, que é basilar e essencial, não tinha tido até hoje o mais pequeno início de realização.

Por consequência, viu-se o Governo na necessidade de procurar, através desta proposta, actualizar-nos perante o Mundo na forma de trabalhar.

Suponho, Sr. Presidente, que é legitimo ter esperança de que, após algum tempo de realização desta proposta, poderemos efectivamente ter os meios que nos permitam trabalhar eficientemente e fazer face à concorrência, que em todo o Mundo é cada vez mais difícil de vencer.

Se assim é, Sr. Presidente, o facto de eu dizer que tenho esperança não será pouco? Não deveremos ter antes a certeza? Mas eu, Sr. Presidente, não sei só, efectivamente, é um pendor do espirito da nossa raça a investigação. E digo que não sei porque, olhando um século para trás, só encontro três nomes de relevo: Câmara Pestana, Ricardo Jorge e Egas Moniz.

Devemos, todavia, tirar da citação destes nomes a seguinte conclusão: é que, quando a tendência de qualquer espirito é demasi adamente marcada, ela chega à sua realização até mesmo nas circunstâncias mais diversas.

O Sr. José Sarmento: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com todo o gosto.

O Sr. José Sarmento: - Peço licença para dizer que não concordo plenamente com o que V. Ex.ª acaba de dizer, até porque hoje em dia o trabalho é feito por equipas, pois que, por muito valor que um indivíduo tenha, só trabalhando naquelas condições se poderá chegar a um resultado seguro ...

sua indústria, ainda há tão poucos anos verdadeiramente incipiente, de todos os elementos indispensáveis, fora aqueles que foi buscar não se sabe como, ou, melhor, como todos nós sabemos..., para tentar alcançar o seu desiderato, o que me faz ter esperança no nosso caso, embora pareça que tal sistema não seja da simpatia do nosso Governo.

Vimos aqui, outro dia - V. Ex.ª desculpem-me o descosido das minhas considerações, mas estou a falar apenas conforme as coisas me vão ocorrendo -, que na proposta da Lei de Meios o Ministério das Finanças considerava a necessidade de dotar convenientemente os laboratórios. Ora isto faz-me crer, Sr. Presidente, que o Governo está pelo monos predisposto a efectivamente criar para esta proposta de lei um meio ambiente necessário.

Mas será suficiente, Sr. Presidente, apenas dotar para que haja todos os instrumentos necessários, para que haja todos os ingredientes indispensáveis ? Suponho que não, Sr. Presidente, porque ninguém hoje procura uma profissão que não tenha interesse material; ninguém hoje procura uma profissão através da qual não seja possível progredir razoavelmente no bem-estar material. E estou a pensar precisamente naquilo que aconteceu com os professores primários, que são hoje uma raridade quase de museu, porque, não se lhes dando suficientes garantias, vemos que desapareceram os professores masculinos, e a grande maioria desse professorado é constituída por senhoras, que, mais modestamente e com maior espirito de resignação, se contentam em servir com uma remuneração mais reduzida.

Suponho, portanto, Sr. Presidente, que não será possível que esta proposta de lei tenha uma realização perfeitamente eficiente se não ajudarmos a criar desde a escola e no meio ambiente e com o estimulo do interesse uma plêiade de investigadores que não estejam a sacrificar a sua vida, mas que, sendo úteis para a instituição, possam também ser úteis a si próprios.

Suponho, Sr. Presidente, que desta proposta de lei é legitimo pensar que corresponde exactamente a uma necessidade da nossa economia e que ela pode dar os melhores resultados, se lhe proporcionarmos todas as condições necessárias para que possa ser eficiente.

Essa é a minha esperança, e não digo certeza porque ainda não sei se esse meio ambiente, se as condições necessárias serão satisfeittos para que ela possa tornar-se uma realidade de plena utilidade.

De resto, foi já aqui dito várias vezes que não se vê de momento toda a gente necessária para que este Instituto possa desde inicio produzir um trabalho tal como se deseja que venha a realizar. Temos de começar devagar, o que é preferível, para termos a certeza de caminhar com segurança e de chegar ao objectivo que todos temos em vista.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Oxalá esta seja a orientação a seguir, para termos o prazer de ter colaborado com o Governo e com a Câmara Corporativa, cujas considerações foram to-