país, mus é conhecido de todos que a sua parte sul se apresenta em situa-lo bem precária, levantando problemas extremamente complexos e de muito difícil solução. Ora nós não pertencemos propriamente à zona mediterrânea, mas não há dúvida de que ou somos influenciados por ela ou temos características afins.

Todos os que vivem da agricultura sabem que não é igual a situa-lo económica dos proprietários que dispõem de boas terras e a dos que têm propriedades menos favorecidas na sua localização.

No Ribatejo, por exemplo, não é igual a economia das que estão em terreno de aluvião, das que os nateiros do Tejo periodicamente enriquecem ou das de charneca; no Alentejo não há paridade entre as que estão nos bairros de Beja ou nas terras galegas, como no Norte entre as terras de regadio e as de sequeiro.

A nossa posição geográfica é, pois, neste sentido, um elemento adverso que condiciona manifestamente a nossa situação económica.

Todavia, nós podemos e devemos luta r por vencer essa adversidade resultante de condições naturais; foi isto que, com particular inteligência, fez n Suíça e é porventura, o seu exemplo que nos pode incitar e animar.

O baixo nível de vida não é obra da actual situação; herdou-o particularmente agravado, e não tem sido outro o objectivo do Governo senão lutar contra esse facto, procurar vencê-lo, criando ao País as condições indispensáveis para o conseguir.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não esqueçamos, porém, que trinta anos na vida duma nação não são mais que um breve momento para a grandeza da tarefa, para a morosidade natural das reacções a conseguir, nem que boa parte desse tempo foi necessária para lançar os fundamentos da obra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Antes de referir os números, impressionantes na sua grandeza e nas suas possibilidades, dêmos para o grande público -o que não pode porventura demorar-se na sua contemplação e menos ainda na sua crítica - dois exemplos incisivos, claros, quase fotográficos, capazes de demonstrar uma melhoria evidente do nosso nível de vida.

Quero referir-me ao que se despende com o futebol e com as excursões.

É sabido que o desenvolvimento do interesse pelo jogo da bola e, consequentemente, pelos jornais desportivos é relativamente recente; é sabido que ainda lia muito poucos anos poucas eram as pessoas de condição modesta, sobretudo os camponeses, que se deslocavam das suas terras, sequer mesmo para tratarem dos seus negócios.

Dum trabalho apresentado ao Congresso da União Nacional pelo Sr. Dr. Afonso Marchueta extraímos os seguintes números:

Assistência ao jogo da bola

(ver tabela na imagem)

(ver tabela na imagem)

Não tenho, porque não existem, quaisquer números, que nos digam quantas excursões se fazem no País e para o estrangeiro e qual a sua expressão económica; é fácil, porém, verificar que hoje, graças à camionagem, por toda a parte, quase todas as terras, durante o Verão têm as suas excursões, sem coutar os grupos, aliás alguns tão pitorescos, que se quotizam paru as realizar, constituindo um movimento já importante, que tem valor económico e espiritual na medida em que interessa que todos conheçam bem a sua terra.

É evidente que há muitas outras demonstrações de melhoria de vida, mas estas, que suo supérfluas, tal como a frequência de cinema, demonstram melhor e que temos em vista.

O Sr. Carlos Moreira: - V. Ex.a considera que, de facto, a afluência ao futebol constitui um índice de melhoria de vida?

O Orador: - Eu considero que, quando se podem gastar 11 000 contos num ano no futebol, é porque o nível de vida não é mau.

O Sr. Pereira de Melo: -Cito a V. Ex.a um facto, concreto que prova o contrário: quando se realizou um jogo do passagem da II para a I Divisão, o grupo de Braga estava em crise e teve de ir a Aveiro disputar o jogo com o Torriense. Pois vieram centenas de automóveis e camionetas porque um pequeno grupo de aficionados ricos, e até autoridades públicas, puseram as bombas de gasolina da cidade à disposição de todas as pessoas que quisessem ir de Braga a Aveiro para assistir àquele desafio. Houve até dois comboios especiais, que também não foram pagos pelos viajantes. E assim esses milhares de pessoas viajaram gratuitamente.

O Orador: - Pois afirmo a V. Ex.a que isso que refere é que é excepção.

Um dos assuntos tratados no aviso prévio que estamos a discutir foi a alimentação na base das calorias indispensáveis. S. Ex.a o autor do aviso prévio consultou sobre o assunto o que têm escrito sobre a matéria todas as autoridades e não me atrevo, naturalmente, a contestar afirmações tão bem fundamentadas, tanto mais que desconheço o assunto completam eu te. Todavia, os factos também têm a sua força, e lembro, a propósito, que a dieta usada há muitos séculos nas nossas províncias do Minho, das Beiras e não sei também se na de Trás-os-Montes, que a nós, homens do Sul, nos parece tão fraca, não deixou de criar homens fortes, decididas, extraordinariamente resistentes. Penso, aliás, que a dieta do trabalhador da Estremadura ou do Alentejo não conviria ao da Beira ou do Minho.

Lembro-me de que no tempo da guerra os ingleses que nos visitavam apreciavam particularmente a nossa comida, esquecendo de boa vontade as calorias. Haverá,