gónicos em alguns casos: a produção para consumo interno, a produção para os mercados externos e a satisfação de necessidades ultramarinas que tendem a alargar-se com o desenvolvimento, muito acentuado nos últimos anos, das duas grandes províncias de além-mar.
Por outro lado, torna-se indispensável sincronizar a produção da metrópole com a dos territórios ultramarinos, de modo a reduzir ao mínimo os embates de interesses e a redundância de produções.
Todo um largo trabalho de investigação aparece assim; e, sem dúvida, é ao Ministério da Economia, através dos seus órgãos especializados, que compete orientar esse trabalho.
A obra de investigação económica está ainda muito atrasada entre nós, e desse atraso derivam inconvenientes de certa gravidade, que se traduzem quase sempre em desperdícios de vária natureza.
As actividades privadas na indústria e na agricultura são em geral refractárias ao dispêndio de somas apreciáveis na investigação. Em contrário do que hoje acontece em muitos países, ainda é rara a existência de secções ou órgãos especializados nesta matéria em actividades nacionais. Ô Estado, por sua parte, tem descansado bastante, tanto na investigação científica como na económica.
O problema reveste interesse fundamental no momento presente, e mereceria mais cuidadosa atenção.
O parecer tem pugnado, quase desde o seu início, pela investigação prática dos recursos nacionais, incluindo um conveniente inventário das matérias-primas e o estudo aturado da sua utilização económica.
Insiste-se uma vez mais. Talvez fosse vantajoso nomear uma comissão especial destinada a inquirir sobre estes problemas em acordo com o Ministério do Ultramar. O seu estudo incluiria o exame do que existe, que é pouco, e poderia sugerir directrizes adequadas para a formação de mais órgãos convenientemente apetrechados e providos de pessoal especializado, que teria como objectivo a investigação de tudo o que se relaciona com o bom aproveitamento económico dos recursos materiais, quer no aspecto agrícola, quer no industrial.
A falta de uma coordenação adequada pode trazer graves prejuízos. Em toda a parte ela se faz sob uma ou outra forma, até no escalão ministerial em muitos casos. A confusão que entre nós muitas vezes existe na apreciação de ideias, projectos ou esquemas, onde especialistas resolvem sobre questões económicas que, em certos casos, podem não coincidir com o que a técnica aconselha, ou vice-versa, continua a ser um mal na economia portuguesa.
Fizeram-se já alguns progressos no sentido de delimitar funções e canalizar certos problemas para exame de especialistas, mas ainda se peca muito pela tendência para a universalidade de conhecimentos, como se a tremenda evolução do mundo científico e económico dos últimos tempos não fosse suficientemente clara para demonstrar a necessidade de um aturado exame técnico-económico de quase todos os problemas de interesse material e até de outros.
A evolução progressiva de alguns países nos últimos anos, surpreendente em certos casos, deve-se exactamente à compreensão nítida destes assuntos u a imposições económicas das actividades modernas. Não as atender é, evidentemente, retrogradar na evolução do Mundo.
A Comunidade Portuguesa na metrópole e no ultramar tem recursos potenciais consideráveis. Mas estes recursos não são suficientes. O modo e habilidade usados no seu aproveitamento significam tanto como a sua própria existência. Para a sua boa utilização requer-se estudo prévio e perfeito conhecimento de todas as possibilidades. Para isso são precisos órgãos especializados e competentes, com educação técnica e económica adequada.
Todas estas razões, e outras que é desnecessário aduzir, levam à conclusão de necessidades inadiáveis, que tendam a afeiçoar os órgãos propulsores da economia nacional as novas concepções que regem hoje aã actividades económicas mundiais. Quer queiramos, quer não, fazemos parte de um conjunto de interesses, e para desempenhar dentro desse conjunto uma função que sirva os interesses nacionais necessitamos de adaptar os nossos instrumentos de trabalho à orientação do conjunto. Assim, os trabalhos de investigação económica na metrópole e no ultramar exigem atenção e reforma.
As contas
Explicaram-se em pareceres anteriores as causas, que derivam essencialmente do Fundo de Exportação.
Em 1955 o total da despesa do Ministério da Economia foi o seguinte:
(Ver tabela na imagem)