sul-americanos e até nas proposições dos Profs. Schultz e Karl Brandt, indiscutíveis autoridades na matéria.

As programações apresentadas querem melhorar as condições de existência e prolongar a vida de seis a dez anos, devendo esta revestir padrões satisfatórios e exuberantes.

Para melhores dietas, para alimentação saudável e barata proclamam-se princípios e reformas de política agrária, acompanhadas, é certo, de soluções institucionais, de ordem educativa e de legislação social.

Umas vezes fala-se em aliança das medidas preconizadas de alimentação e agricultura. Outras vezes insiste-se por uma coordenação ou ajustamento dos dois cantões, em que há colaborações novas, capítulos educativos, manipulações de preço e até ajudas internacionais.

Tal é a orientação predominante, a que obtém consagração nos meios políticos e da especialidade.

Outra orientação consiste em estabelecer uma política de desenvolvimento social e económico; mas compreende -se que esta, peito menos em certo período ou em determinaria faz-se, sacrifique aos efeitos imediatos dos trabalhos públicos e da aceleração, ao aproveitamento dos recursos naturais e de energia, as exigências duma melhoria alimentar.

A outra- terceira política tem hoje contra si o facto duplo de a reprodutividade como objectivo se empregar em sentido amplo e obliterar certas discriminações tradicionais e os teóricos do pleno emprego não se preocuparem demasiado com a rentabilidade, para se impressionarem só vivamente com a absorção de trabalhadores. Leia-se no Keynes.

Deste apontamento se está tirando com toda a certeza a ideia de que, sem deixar de ser a. favor de uma política de desenvolvimento, prefiro associar a alimentação a agricultura, uma vez destacado ou isolado o primeiro dos problemas.

Um ponto essencial de política encontro descurado e que mereceria desenvolvimento, que agora não posso dar, mas o qual tem de ser lembrado aqui.

Se queremos maior nível de ocupação, se pretendemos que todos tenham tarefa válida e remunerada, se desejamos aproximai-nos sucessivamente do emprego completo, do pleno emprego como mais alto consumo, precisamos de homens que trabalhem as terras e de terras que dêem que fazer aos homens.

Nem se admitem terras vagas nem haverá política económica digna desse nome sem uma colonização ultramarina e acesso à pequena propriedade, onde ela falta ou apresenta bloqueado o caminho pelo peso das empresas descomunais.

Não disponho de tempo para explanar esse ponto, mas, como tenho aqui três condiscípulos, amigos de todas as horas, direi que o velho Marnoco nos ensinara u doutrina de que os planaltos do Sul de Angola deviam ser um belo território de brancos, dentro do Portugal sempre renovado.

Repetirei, com o ilustrado arcebispo de Luanda D. Moisés Alves de Pinho: «Portugal metropolitano - homens sem terra Angola terra sem homens»!

Escuso de ir mais longe, pois me parece impossível ou indefensável prever um programa de política de nutrição ou de elevado consumo sem começar por aqui.

As razões sociais, jurídicas e económicas estão à vista e à mercê de todos, pelo que me dispenso de melhor justificação e de acrescentar uma nova apologética.

Porque a alta do poder de compra e dos salários não deve ser nominal, artificiosa, ilusória, anulada por novos e mais altos custos.

Os movimentos de inflação de preços devem ser vigiados e reprimidos. E este é um objecto de política económica ao qual não se aludiu sequer.

Se não segurarmos os preços ou a moeda, aqueles na alta e esta na baixa, escusado será dizer que toda a política de crescimento baqueará.

Portanto, ou mantemos a moeda num nível de poder de compra estabilizado, e a política económica revelará expressão e consequências, ou seremos colocados perante novas situações instáveis, que alteram a distribuição do rendimento nacional, tornam fictício ou injusto o crescimento e o multipl icador um factor nominal apenas.

O Sr. Daniel Barbosa: - V. Ex.ª dá-me licença para um pequeno aparte?

O Orador: - Com muito prazer.

O Orador: - Nada tem V. Ex.ª que me agradecer.

Fez-se aqui a defesa da concentração industrial, com base na técnica e aperfeiçoamento dos processos industriais.

Já nu altura do arranque, ao discutir-se a industrialização e a electrificação, se fez notar a necessidade de empresas de apreciável dimensão paru realizar um fomento que tinha na origem a iniciativa e o impulso do próprio Estado.

Foi afirmado também que a concentração não é monopólio e que há sempre uma porta por onde pode entrar a concorrência estrangeira.

A concorrência, mesmo entre duplas empresas, pareceu discutível.

Haverá, porém, indústrias que não poderão ser concentradas e, em vez disso, deverão desconcentrar-se.

Espera-se da execução destas proposições um resultado útil para o consumidor, em toda a extensão do a lano nacional: o atractivo baixa de preços e melhoria e qualidade.

Trata-se de graduação, em que o princípio da concentração industrial será alargado ao ponto de direcção única e organização completa, como em país socialista, e onde vem a converter-se em monopólio fiscal?

Não.

Estabelece-se um planejamento prévio para localização defensável das indústrias e equilíbrio social do território ?

Parece que não.

Nenhuma dúvida de que a industrialização, como facto decisivo de desenvolvimento, ajuda a quebrar o circuito da fraqueza económica e a elevar os salários, mas não devemos estar aferrados à ideia de produzir tudo num mundo ocidental, cuja especialização dependerá da lógica dos seus acordos e dos recursos naturais.