dadas se perdem em tentativas para insuflar vida a vastas populações subdesenvolvidas.

Chegou o momento de a Europa se defender. E a única forma de defesa num inundo em que o poder político assenta na potencialidade económica reside na íntima colaborarão dos diversos estados europeus e na coordenação estreita das suas possibilidades em valores morais e materiais, em conjunção com as dos territórios do ultramar em África.

De contrário, está condenada a descer ainda mais na escala de valores políticos com influência mundial e ao desaparecimento da sua esfera de acção nos territórios que penosamente desbravou em tantos anos de sacrifícios.

E nesta grave conjuntura da vida mundial, no momento em que um gesto de defesa de duas nações que desempenharam papel de primeira grandeza na civilização ocidental foi neutralizado com humilhação, no momento em que se desenham no ar a traços bem vincados tentativas de esbulho de territórios onde nações europeias durante séculos imolaram vidas de milhares de seus filhos e economias arrancadas ao seu próprio bem-estar, é neste momento, repito, que se torna necessário rever posições de modo a assegurar, no mais curto espaço de tempo, resultados económicos de grande projecção.

Portugal precisa de avigorar a sua posição económica. Precisa de refazer muitos instrumentos amorfos ou desconjuntados da sua vida agrícola e industrial. Necessita de ser, ao mesmo tempo, prudente e ousado nas concepções, consciencioso e sério no estudo dos problemas fundamentais e de ter continuidade e devoção na obra económica que lhe cabe realizar para defesa do seu povo e dos seus direitos e ainda para defesa da civilização que ajudou a formar.

Os recursos potenciais à vista, na metrópole e no ultramar, até no aqueles que nos últimos vinte anos foram apontados nos pareceres das contas, são mais do que suficientes para lhe dar lugar de relevo na economia europeia e até mundial.

As suas relações, derivadas de uma política externa sabiamente conduzida, asseguram-lhe, ou podem assegurar-lhe, auxílios preciosos na obra económica que pretenda realizar. A sua posição de mãe-pátria de uma das mais ricas e prometedoras nações americanas, onde senti, vai fazer em breve vinte anos, o acolhedor entusiasmo pelos que deste lado do Atlântico também tom a peito não desmerecer de seus filhos, pode aluir caminho, em futuro mais ou menos longínquo, para uma comunidade luso-brasileira desempenhar acção político-económica de primeira grandeza.

Vozes: - Muito bem!

s pareceres das contas mostraram as ansiedades que o desenrolar inexorável dos acontecimentos do dia a dia punham em evidência. Insistiram sempre por mais rápido e mais produtivo aproveitamento dos recursos nacionais. Tentaram definir e explicar as normas e os princípios em que devia assentar a obra económica. Talvez tivessem sido ousados nas concepções, tendo em conta o meio; talvez pecassem por impaciência ou desalento, mas foram sempre sinceros e construtivos. Conseguiram despertar o gosto pelo estudo dos problemas económicos u isso é meio caminho andado na boa direcção, num país em que a maioria repousava sonolenta nas glórias do passado.

Reconheceram que os erros cometidos nesta matéria e não devem atribuir apenas ao Governo, como muitos querem. Os erros também provêm de defeitos inerentes à descrença, ao cepticismo, à educação, a este jeito que nos empurra para um idealismo improdutivo.

O Estado Novo teve de lutar contra esta mentalidade.

O caminho que agora se abre diante de nós não é fácil. Ë cheio de curvas e obstáculos. Não é um caminho que possa ser percorrido em poucos anos. A obra. que é preciso executar vai colidir com interesses de ordem material e talvez com outros mais difíceis inerentes à própria natureza, humana. Mas já se formou nestes trinta anos de lutas, vitórias e desenganos uma opinião colectiva que deseja acelerar o movimento de renovação económica de uni país com recursos materiais para o permitir.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Vaz Monteiro: - Sr. Presidente: subo a esta tribuna satisfeito e até envaidecido por reconhecer que o orçamento, as contas e a sua discussão na Assembleia Nacional, tudo isto já hoje é lugar-comum alcançado e. firmemente mantido pela Revolução Nacional.

Um dos mais importantes objectivos cuja conquista se pretendia alcançar quando do movimento militar de 28 de Maio de 1936 era a ordem na administração.

Este objectivo, Sr. Presidente, foi plenamente atingido.

O Governo da Nação -da metrópole e do ultramar - apresenta, uma vez mais, pontualmente., as contas da sua administração.

A Comissão das Contas Públicas da Assembleia Nacional elaborou já, ininterruptamente, o vigésimo terceiro parecer sobre as Contas Gerais do Estudo, a partir de 1928-1929, e o segundo .sobre as coutas das províncias ultramarinas, com inicio no ano passado.

Na conquista dos objectivos do orçamento, das coutas e da sua discussão na Assembleia Nacional é grande s completo o triunfo do Estado Novo; mas temos de lembrar que foi forte e tenaz a luta para os atingir.

Nesse triunfo, Sr. Presidente, compartilha a Nação inteira, de aquém e de além-mar.

Este é o motivo da minha satisfação ao subir a esta tribuna para apreciar as contas públicas das províncias ultramarinas.

E ao apreciá-las desejo primeiramente esclarecer que me faltam méritos para bem as apreciar e discutir, mas não me faltará o mais sincero desejo de colaborar na ordem administrativa, no progresso e unidade de todas as parcelas nacionais dispersos pelo Mundo.

Sr. Presidente: a maneira de tomar as contas das províncias ultramarinas dependerá do critério que previamente for adoptado por quem as quiser apreciar.