Outras despesas extraordinárias
(Ver quadro na imagem)
Nestes dois mapas se pode observar, Sr. Presidente, através dos créditos autorizados e das despesas realizadas, como foi executado no ano económico de 1950 o plano de administração concedido pelo Governo para a nossa grande província ultramarina da costa oriental do continente africano.
Exponho à apreciação da Assembleia Nacional os números e a designação dos empreendimentos para melhor se ajuizar do valor da nossa obra e do esforço despendido na sua execução.
Sr. Presidente: na vasta região do vale do Limpopo, que é sem dúvida, uma das mais ricas zonas agrícolas da província de Moçambique, está a realizar-se a grandiosa obra do Plano de Fomento Nacional. E tão grandioso e este empreendimento que muitos nacionais e estrangeiros ficam admirados quando visitam as obras; e a sua admirarão vai até ao ponto de não ocultarem que estas obras de fomento e povoamento da província de Moçambique representam um dos planos mais audaciosos que se têm executado em território africano ao sul do equador.
Não tendo tempo para me alongar com referência à barragem, às pontes do caminho de ferro do Limpopo e da entrada sobre a barragem e a todo o sistema de irrigação do vale do Limpopo, não posso deixar de fazer refer~encia à construção de duas aldeias de povoamento situadas no perímetro irrigado daquele vale: a aldeia ila Barragem e a aldeia do Guijá.
Existem já nestas duas aldeias núcleos de europeus; mas a obra de povoamento com base na irrigação do Limpopo destina-se a metropolitanos e naturais do
ultramar: é para populações portuguesas, sem se atender a preconceitos de raça conforme preconizamos e é da nossa tradição secular.
As duas aldeias citadas que dispõe de água, luz, igreja, carola, lavadouro, fontanário, hospital, etc., outra só juntará brevemente aldeia de Lionde -, estando previstas mais sete.
A obra de irrigação e povoamento do vale do Limpopo consumiu já muitos milhares de contos, mas ficará a marcar para sempre, Sr. Presidente, uma etapa valorosa e decisiva no problema nacional de fomento e povoamento do ultramar.
E quanto ao caminho de ferro do Limpopo, novas e grandes possibilidades se abrem aos nossos territórios por ele atravessados; e, além disso, este caminho de ferro ofereço a grande vantagem da ligação directa no transpor de mercadorias - entre as quais o crómio e outros minerais - entre Lourenço Marques e a fronteira da Rodésia do Sul, com grande economia de tempo e despesa para os nossos vizinhos rodesianos.
Não houve pois, precipitações na resolução desta extraordinária e dispendiosa obra de fomento e povoamento. E é ela de tal importância que há-de ficar para sempre a amarrar a vitalidade empreendedora dói Portugueses na sua grande obra de colonização em África.
A obra do vale do Limpopo Sr. Presidente, será um marco dos mais gloriosos do Estado Novo que ficará a definir a época de Salazar na superintendência administrativa da Nação.
Merece, pois que nas sessões da Assembleia Nacional fiquem assinaladas, ao menos em traços largos, as cautelas e estudos de que o Governo se revestiu para resolver decidir-se pela execução de tão grandioso empreendimento.
Os primeiros relatórios de reconhecimentos estão datados de 1921 e 1922.
Em 1924 governador-geral de Moçambique, juiz conselheiro Dr. Manuel Moreira da Fonseca, encarregou duas missões dos estudos e projectos de irrigação do vale do Limpopo: uma chefiada pelo engenheiro inglês coronel John Avlmer Balfour e outra chefiada pelo Eng. António Trigo de Morais.
Em 1925 estes chefes de missão entregaram os seus relatórios. A missão inglesa ocupou-se da rega de 20 000 ha na margem direita do vale. O relatório da missão portuguesa ocupava-se de irrigar cerca de 29 000 ha de terreno na margem direita do rio, entre o Guijá e a Miança, com passagem para o caminho de ferro de Lourenço Marques Limpopo Rodésia sobre a barragem, situada a cerca de 23 km a montante de Guijá.