Radiodifundam-se notícias instrutivas, peças de teatro e de literatura acessíveis a todos os portugueses de Timor, mas não se transmitam histórias como a da «Menina do Capuchinho Vermelho» e quejandas, que, na noite de Natal de 1953, se não me engano, tive ocasião de ouvir em Baucau!

Para o estabelecimento de programas convenientes, talvez fosse vantajoso realizar em todas as províncias ultramarinas um inquérito completo acerca das preferências dos seus radiouvintes.

Neste importante sector da sua meritória actividade a nossa Emissora prestaria mais um enorme serviço à unidade nacional.

E, ao falar de emissões radiofónicas, faço votos por que não decorra muito tempo sem :i província possuir uma estação emissora local - que suponho não imporá grandes encargos financeiros. Todas as restantes províncias de além-mar dispõem destes excelentes organismos de inestimável valor cultural, político e sentimental.

E que as ligações telefónicas entre Lisboa e Díli sejam brevemente uma realidade consoladora.

Outra deficiência que muito se sente em Timor consiste na falta de um cinema razoável; o que se pretende não requer arquitectura dispendiosa, mas tão-sòmente as indispensáveis condições de segurança e de conforto. Em 1903 as exibições cinematográficas realizavam-se em velho casarão - que também tem servido para conferências públicas. Se não defendo a construção de um cinema ao ar livre, vulgaríssimo na América do Norte, tão-pouco preconizo um edifício majestoso. Há na província máquina de projecção e os filmes a exibir, de grande metragem, embora por vezes velhos e gastos, são aceitáveis por quem não pode dispor de outros melhores.

A Timor têm chegado filmes cinematográficos nacionais, louvavelmente enviados pela Agência-Geral do Ultramar; todos tom agradado imenso, em especial os das viagens do, Sr. Presidente da República às nossas províncias de África.

Sendo, inegavelmente, o cinema um poderoso agente de propaganda de toda a ordem, impõe-se o envio de muitos mais documentários nacionais, contendo imagens de panoramas, monumentos, obras públicas e particulares, estradas, caminhos de ferro, aeródromos, portos, paradas militares e respectivos equipamentos terrestres, navais e aéreos, festas solenes e populares, romarias, etc.; ao apreciarem estes filmes, os Europeus e principalmente, os nativos mais se orgulhariam de pertencer a uma grande nação, em tudo semelhante, se não superior, a outros países que conhecem ou de que lhes falam com intenções reservadas.

Contudo, não basta construir um cinema em Díli e haver filmes cinematográficos devidamente seleccionados ; porque não é fácil a vinda à capital da província, com regularidade, dos Europeus nem dos nativos, parece aconselhável a compra de um veículo - jeep com atrelado tecnicamente apetrechado - para passar periodicamente pelas sedes dos concelhos e das circunscrições ou dos postos mais categorizados e fazer exibições em locais cobertos ribeiras timorenses não deixar seguras esperanças de aproveitamentos hidroeléctricos. Actualmente a energia eléctrica é produzida em Timor por geradores de pequena potência, adquiridos pelo Estado ou pelos particulares.

Se a exploração dos petróleos de Timor vier a efectivar-se tão rendosamente como é de supor, todo o panorama económico, financeiro e social da província se modificará em sentido favorável: a electricidade poderá ser produzida por motores alimentados a combustíveis derivados do petróleo; os tractores e outras máquinas agrícolas sulcarão em maior número seus campos férteis, dando mais arroz e outros géneros alimentícios; surgirão indústrias dependentes da agricultura; circularão mais camiões, movimentando os produtos; deixar-se-á de importar combustíveis e lubrificantes para consumo dos veículos motorizados; e quantas mais manifestações de progresso não se evidenciarão - com imediato e brilhante reflexo na vida mental e espiritual, porque haverá mais mis sões e escolas e colégios?

Sr. Presidente: ao aludir as consequências económicas provenientes da exploração dos petróleos timorenses, não posso deixar de focar quatro importantes aspectos do fomento pecuário e agrícola, por cuja valorização tanto se têm esforçado os Governos Central e local.

O gado bufalino, reduzido a quantidade insignificante pelos invasores japoneses, tem aumentado de número, graças ao particular interesse do Sr. Capitão Serpa Rosa, não consentindo as típicas hecatombes dos nativos, operadas para maior pompa dos seus «estilos» tradicionais.

Com a carne de búfalo se abastecem os matadouros de Timor, e todo o leite, queijo e manteiga de búfalo produzidos têm mercado seguro na província.

O próximo futuro funcionamento da Estação Zootécnica de Ossu trará possibilidade de aperfeiçoamento das raças do armentio local, pela importação de reprodutores e pelo desenvolvimento da criação de gado bovino, a exemplo do que acontece nas ilhas estrangeir voltarão ali - de nada valendo as cerimónias propiciatórias celebradas pelos inconscientes colectores paru atraí-las!

É para evitar tamanhos prejuízos, por meio de ensino prático e conveniente, que foi criada a respectiva Estação, da qual muitos bons serviços há a esperar.

É evidente que os nativos poderão vir a colher o mel com mais cuidado, mas nunca deixarão de matar muitos animais adultos e suas larvas, dada a natureza da colmeia silvestre. E como as abelhas timorenses são indo-