Para mais tarde será necessário, ao instituírem-se as restantes corporações, que o sector do vinho do Porto fique também convenientemente representado e diferenciado. E se tal se vier a verificar s se, além disso, numa fase posterior, como corolário natural, se vier a instituir a Corporação do Vinho do Porto, o Douro, Sr. Presidente, acrescentará com certeza à lista dos homens ilustres que compreenderam o valor nacional do vinho do Porto -marquês de Pombal, João Franco, Alves Pedrosa e engenheiro Sebastião Ramires - o nome do Sr. Ministro das Corporações.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Costa Ramalho: - Sr. Presidente: pedi a palavra para apresentar o seguinte

Requerimento

«Por desejar ocupar-me da questão nesta Câmara, requeiro a V. Ex.ª que, pelos Ministérios da Educação Nacional e do Ultramar, me sejam prestadas as informações seguintes: Qual o número de professores agregados em cada um dos grupos do ensino liceal, com a indicação do número de homens e de senhoras;

2) O número de professores efectivos, auxiliares, agregados e de serviço eventual em exercício em cada liceu da metrópole, ilhas adjacentes e ultramar, indicando igualmente o número de homens e de senhoras;

3) Quantos estagiários do sexo masculino e do sexo feminino frequentaram os liceus normais e concluíram o Exame de Estado nos últimos vinte anos;

4) Quantos desses professores estagiários gozaram de bolsas durante o período de estágio e qual a importância mensal das respectivas bolsas de estudo;

5) Quantos professores efectivos do sexo masculino atingem o limite de idade nos próximos cinco anos».

O Sr. Presidente: - Peço a atenção da Câmara.

Era o momento de passarmos à ordem do dia. Antes, porém, quero remediar um lapso que tive no princípio desta sessão.

Sabe a Assembleia que faleceu ontem o pai do nosso ilustre colega Sr. Deputado Vítor Galo. Creio interpretar os sentimentos da Câmara apresentando ao mesmo Sr. Deputado o nosso profundo sentimento de pesar.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Sr. Presidente: - Comunico à Assembleia que a Comissão de Educação Nacional elegeu seu presidente o Sr. Deputado Mário de Figueiredo e seu secretário o Sr. Deputado Rogério Noel Peres Claro e que a Comissão de Obras Públicas designou para presidente o Sr. Deputado Francisco de Melo Machado e para secretário o Sr. Deputado Virgílio David Pereira da Cruz.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão a proposta de lei relativa à reforma dos tribunais do trabalho.

Tem a palavra o Sr. Deputado Armando Cândido.

O Sr. Armando Cândido: - Sr. Presidente: considero-me feliz, neste momento, por não ter palavras novas para exprimir sentimentos velhos. Refiro-me à admiração que nutro por V. Ex.ª, admiração tão enraizada e provada que já não sei dizer mais nem melhor de tudo quanto disse em abono da sua verdade e grandeza no decorrer de três legislaturas seguidas.

V. Ex.ª não mudou - não mudaram os fundamentos do seu prestígio; não mudaram as razoes da minha atitude reverente e respeitosa.

O mesmo para com o Sr. Deputado Mário de Figueiredo.

Todo aquele que passou por Coimbra é milagre não sentir a mágoa de u haver deixado.

Quantas vezes eu próprio me entreguei à dor de recordar ...

Mas não. Trago Coimbra na memória, tão viva e tão fresca como se a Porta Férrea, o Arco de Almedina ou a Sé Velha a tivessem agora mesmo impregnado das suas cores vetustas e saborosas.

Da varanda da minha «república» via-se o amanhecer e os poentes que iluminavam a «Colina Sagrada». Pois untes de deixar Coimbra, a última vez que fui a essa varanda não foi para guardar o último poente, mas a última aurora.

V. Ex.ª, Sr. Prof. Mário de Figueiredo, é um dos valores de maior proeminência concentrados na origem das luzes mais vivas que despertam, informam e disciplinam a minha ansiedade intelectual.

Dirigindo-me agora aos Srs. Deputados, sem escolha ou reserva de nomes, não faço distinção entre novos e velhos.

Todos amadureceram a consciência ao sol do ideal comum e esse é o primeiro valor de garantia para uma franca e esforçada cooperação de vontades.

E seja-me permitido, Sr. Presidente, incluir neste meu breve preâmbulo à ordem do dia uma palavra de sincero apreço dirigida à imprensa.

Fui e de quando em quando sou jornalista.

Também penso e escrevo muitas vezes sob a pressão da última hora, e quase cheguei u tirar dai um lema de vida. Mas é este enorme defeito ou esta enorme virtude que eu mais admiro no jornalista: a arte de vencer a falta de tempo com o tempo que falta.

O jornalismo é e será sempre uma grande escola de condensação e vibração de energias humanas.

As minhas saudações!

Sr. Presidente: mas vamos à reforma dos tribunais do trabalho.

A experiência ganha sob o domínio da lei velha, as realidades que conduziram à necessidade da lei nova, os aspectos de interesse humanamente previsíveis, informaram, como deviam, a proposta de lei em discussão?

Li o parecer da Câmara Corporativa e apreciei o trâmite dedutivo, a soma de conhecimentos e a brilhante propriedade de termos com que o seu ilustre relator traduziu o pensamento daquela Câmara. No entanto, fiquei com a impressão de que. se tivesse sido dado a Câmara Corporativa libertar-se de certos condicionalismo», teria gizado a reforma de outra maneira, e que, por isso mesmo, se viu como que obrigada a trabalhar sobre coisa que no fundo tem como provisória.