Está nesta Assembleia, está na memória do parlamento português, inscrito em letras vivas, o nome do ilustre Deputado.

Desde muito longe, quando ainda lhe estuava o vigor da mocidade, ele foi .considerado, perante o País, como o homem que punha acima de tudo a defesa do interesse público. Isto aconteceu há muitos anos. Muitos anos passaram, e nós assistimos hoje, quando o ouvimos falar, a esta coisa extraordinária: parece que ainda lhe está a estuar no peito o mesmo vigor da mocidade que o acompanhou nos primeiros passos que dirigiu para o parlamento português.

É um homem forte, é um homem enérgico, é um homem que se apaixona pelos ideais que o solicitam, e é sempre em nome desses ideais que desenvolve as suas actuações.

Tivemos sorte em que as sessões preparatórias da constituição definitiva da Assembleia tivessem tido o privilégio de ser presididas por S. Ex.ª

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador:-Renovo a V. Ex.ª os meus cumprimentos, e suponho que posso dizer os nossos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: já que estou no uso da palavra, não quero deixar de saudar V. Ex.ª

Não acho, naturalmente, a palavra própria, a palavra adequada, para traduzir o que realmente representa para mim, e para nós, a reeleição, digamos, a eleição que, mais uma vez, consagra V. Ex.ª

Habituado desde a fundação desta Assembleia a trabalhar nela com V. Ex.ª, habituado desde há quatro legislaturas a ver a Assembleia dirigida e governada por V. Ex.a, posso afirmar que o seu jugo é suave, quantas vezes mais suave do que o próprio Regimento, sempre interpretado por V. Ex.ª com uma benignidade que enche de simpatia a sua personalidade e ao mesmo tempo nos consola por verificarmos que, na verdade, temos a dirigir-nos um homem que olha para os deslizes regimentais dos Deputados com benevolência e quase - se me é permitida a palavra- com acolhimento.

Dos velhos sabe V. Ex.ª que teve, e continuará a ter, a consideração mais completa.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador:-E não tenho dúvida de que, depois de habituados a trabalhar com V. Ex.ª, a terá também, nos mesmos termos, dos novos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Felicito V. Ex.a, mas felicito ainda mais vivamente a Câmara, por ter a V. Ex.ª como seu Presidente.

Não quero nem devo neste momento estar a especializar, e por isso limito-me a acrescentar que cumprimento em V. Ex.ª a nova Mesa que acaba de ser constituída.

E, para terminar, quero afirmar, acompanhando as palavras proferidas pelo Sr. Deputado Paulo Cancella de Abreu, relativamente aos nossos velhos companheiros que deixaram de acompanhar-nos nesta legislatura, bem como a todos os que ficaram e aos que chegam, a maior, a mais acabada consideração.

Não ficaria bem comigo próprio se não sublinhasse estas palavras, em aditamento às pronunciadas pelo Sr. Deputado Paulo Cancella de Abreu.

Aos novos não digo senão que espero que não considerem os que já cá estavam demasiadamente velhos e os tratem no tom de camaradagem a que eles estão habituados: respeito de todos por todos, de cada um por cada um, mas um respeito feito de camaradagem, de simpatia e de boa disposição.

A luta é a luta. Muitas vezes nos encontraremos aqui em posição antagónica, mas somos gente que atingiu a maioridade política, politicamente civilizada, que sabe que a divergência de opinião não pode conduzir senão a formas particulares de consideração, e não de amuo.

Depois de cumprimentar VV. Ex.as - os novos que entram -, peço que não considerem os velhos que cá vieram encontrar tão velhos que não sejam dignos da vossa camaradagem.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

ao último alento da vida.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente:-Srs. Deputados: acabam VV. Ex.as de me reeleger. Não sei se teriam feito bem. Há quem combata o principio da eleição, por ser muito sujeito a erros. Receio bem que, apesar de um corpo eleitoral tão categorizado como a Assembleia Nacional, aí mesmo se tenha insinuado o erro.

É já a quarta vez que, graças à bondade desta Camará, subo estas escadas vergado ao peso das responsabilidades da honrosíssima função de Presidente da Assembleia Nacional. E se sempre me tem assaltado sérias preocupações de poder corresponder és delicadas exigências do cargo, nunca elas foram tão fortes como agora.

É que, Srs. Deputados, o rio rápido do tempo vai correndo e todo modificando insensivelmente; e se enobrece e respeita as edificações que com ele se formaram, não deixa de alterar as circunstancias, as ideias, os sentimentos, os climas, e criar assim novas e mais difíceis exigências.

Por mim, toco já o extremo outono da vida e não sei se também o outono das ideias de que falava o poeta; e não julgo isento de temeridade minha e vossa o presidir eu durante mais quatro anos a este surto de renovação parlamentar, renovação para a qual aliás concorri, na esperança de que ela corresponda a uma profunda renovação do espirito e da vida política do Regime; profunda sim, mas segura sob a alta direcção da inteligência e do patriotismo do Sr. Presidente do Conselho,