líquidos, ao mesmo tempo que determinavam uma mudança de sinal no sentido de evolução do mercado dos fretes marítimos, cujas taxas ao findar o ano anterior atingiam ainda níveis muito altos.

Por outro lado, as condições particularmente favoráveis prevalecentes no Inverno de 1956-1957 - por oposição até às verificadas no ano anterior - tiveram também importância fundamental na evolução da conjuntura económica mundial, na medida em que mantiveram em alto grau o índice de ocupação da construção civil e de todos os sectores industriais a ele ligados. Estes dois factores, cujas repercussões foram particularmente importantes nos países da Europa Ocidental, não evitaram, porém, que o ritmo de crescimento global da produção desde o início de 1957 se tivesse mantido a um nível sensivelmente igual ao de 1956 e em qualquer caso nitidamente abaixo do que caracterizou o ano de 1955.

Assistiu-se assim ao reverso das medidas de compressão tomadas pelos vários governos, a contrapor ao desenvolvimento das forças de inflação que a crise do Suez despertara, mas já então subjacentes, em consequência do alto nível de ocupação dos factores produtivos nas economias, rondando o pleno emprego.

Na realidade, na medida em que decrescia o ritmo de expansão da produção industrial, atenuava-se a pressão sobre os recursos de mão-de-obra e reduzia-se um dos factores determinantes do surto inflacionista que ameaçava os diversos países, circunstância que o ano de 1957 pôde já marcar com uma menor tendência para a alta dos salários, não resultante dum nível de procura interna que os governos tentam conter em piano que não afecte a estabilidade interna e externa desses países.

A economia da Europa Ocidental Na Europa Ocidental, e durante o 1.º semestre de 1957, a evolução económica não se afastou dos traços gerais atrás esboçados, com uma produção industrial e um volume de emprego crescentes, mas em ritmo mais lento de expansão.

O nível ainda elevado da procura interna - não obstante as políticas económicas postas em acção para contrariar a deterioração das balanças de pagamentos - exerce ainda uma acção restritiva das possibilidades de exportação, reduzindo a proporção do comércio externo no conjunto da actividade económica.

A este respeito só a Alemanha, com a sua sistemática posição credora no seio da União Europeia de Pagamentos, constitui uma excepção de relevo.

Na maior parte dos países ocidentais verificou-se também tendência prounciada para a restrição do crédito, mas é curioso salientar que o recurso a estas medidas não deixou de ser acompanhado de um crescente cepticismo acerca da eficácia da política monetária e creditada, quer como meio de luta contra a. inflação, quer como processo de regularização dos desequilíbrios das balanças de pagamentos.

Alguns países, como consequência do agravamento da sua situação económica, viram-se forçados a tomar medidas que representam profunda regressão no sistema de liberação das troca, e outros, como sucedeu ainda recentemente com a França, levaram essas medidas até ao ponto de a suspenderem totalmente, condicionando as importações de certos produtos a práticas administrativas que quase se podem considerar proibitivas. O problema do ajustamento das taxas de câmbio de certos países, por via directa ou indirecta, tomou também recentemente grande acuidade, como consequência dos desequilíbrios estruturais das várias economias e que as balanças de pagamentos reflectem. Considerada globalmente, a balança de pagamentos da Europa Ocidental encerrou o ano de 1956 com um déficit apreciável, após os saldos favoráveis dos anos de 1954 e 1955. O desequilíbrio latente continuou a agravar-se durante o corrente ano e principalmente no 1.º trimestre, mas a situação pode, até certo ponto, explicar-se pelos acontecimentos do Suez e pelas suas repercussões.

Apesar de estas causas serem de carácter acidental, a situação actual das correntes de trocas da Europa com o resto do mundo não permite prever que o ano de 1957 venha a encerrar-se com um saldo positivo na sua balança de pagamentos global, e isto não obstante o movimento de capitais norte-americanos, canalizado para aplicação na Europa e nos territórios dela dependentes. A evolução da economia norte-americana desempenhou, de resto, um papel fundamental no quadro da Europa Ocidental, principalmente pela forma como afectou a posição dos mercados mundiais de matérias-primas e contribuiu para atenuar o ritmo de expansão das exportações dos restantes países para os Estados Unidos da América do Norte.

A maior parte dos indicadores da actividade económica na grande nação americana mostra-nos um quadro de relativa- estabilidade, embora a altos níveis de produção e de consumo. A mão-de-obra ocupada no 2.º trimestre do corrente ano não evidencia alteração sensível em relação a período idêntico de 1956, mas em certos sectores da indústria transformadora observa-se uma ligeira diminuição do volume de emprego e do número médio de horas de trabalho ocupadas por semana e por trabalhador.

O produto nacional bruto continuou a crescer, embora a ritmo mais lento, mas, em contrapartida dum aumento substancial do consumo privado e público o das trocas com o estrangeiro, verifica-se um declínio no investimento bruto privado, consequência duma redução dos stocks.

Outros indicadores recentes mostram que a carteira de encomendas dos bens de produção está em franca regressão e nalgumas linhas de fabrico a percentagem da capacidade não utilizada está evidenciando um acréscimo significativo. A acumulação de stocks está-se processando com uma alteração sensível de estrutura, com