(...) terno sempre tem apresentado. Todavia, a situação agravou-se nos dois últimos anos, conforme se pode ver pela evolução dos coeficientes de cobertura das importações pelas exportações, considerada no quadro seguinte.

Coeficientes de cobertura das importações pelas exportações

Esta depreciação dos coeficientes de cobertura tem sido determinada pelos sucessivos aumentos no valor das importações que não têm sido acompanhados por incrementos tão acentuados no crédito da balança comercial. O agravamento de 1 509 000 contos no déficit da balança comercial da metrópole decompõe-se, no quadro seguinte, em variações nos valores importados e exportados, atribuíveis a alterações de preços ou a modificações nas quantidades.

Variações da balança comercial da metrópole (a)

(Em milhares de contos)

Saldo: - 1 509 000 contos

(a) Janeiro a Agosto do 1957, em comparação com o período homólogo de 1956.

O movimento das importações foi duplamente desfavorável para a balança comercial, uma vez que há a registar aumentos que afectaram, simultaneamente, as quantidades e o valor médio.

No que diz respeito à exportação, as perdas provenientes da quebra nas quantidades foram compensadas, na sua quase totalidade, por um acréscimo no valor médio da tonelada exportada.

Pode admitir-se, no entanto, que este acréscimo é mais o resultado de uma alteração da composição - que passou a- apresentar uma superior incidência de produtos com maior valor unitário- que propriamente o fruto de uma variação favorável nos preços. De facto, os índices do comércio externo publicados trimestralmente pelo Instituto Nacional de Estatística, embora só disponíveis para os dois primeiros trimestres do ano corrente, provam-no, até certo ponto.

índices do comércio externo (a)

(Trimestre correspondente de 1956 - 100) A identificação destes movimentos -acentuados aumentos no volume das importações, não acompanhados por acréscimos correspondentes no volume das exportações, e subidas dos preços da importação, mais marcadas que as dos preços de exportação- mostra bem a dificuldade que haverá em conseguir, a curto prazo, uma melhoria dos saldos resultantes das nossas contas externas.

Com efeito, do lado da importação é quase sempre difícil actuar sobre o aumento de preços, e, quanto ao volume, nem os compromissos internacionais de liberação, nem o já referido grau de essencialidade da maior parte dos produtos importados, tornam aconselháveis restrições significativas.

No lado das exportações, o nosso país está dependente de flutuações da procura internacional para alguns dos produtos com posição de maior relevo (cortiça e minérios, por exemplo) e, praticamente, só uma maior canalização para os mercados externos de mercadorias sujeitas a variações de menor amplitude -em espe cial produtos da indústria transformadora- poderá reduzir o risco de um desfasamento prejudicial entre a evolução das importações e das exportações.

Como, aliás, já se salientou no relatório da proposta de lei de autorização das receitas e despesas para o ano em curso, é no sentido da expansão e da diversificação do volume de vendas ao estrangeiro que se devem orientar de preferência os esforços para atenuar os desequilíbrios da nossa balança comercial. O movimento comercial da metrópole com as diferentes zonas monetárias continua a ter uma evolução desfavorável, denunciando uma situação já assinalada no ano transacto. No entanto, o factor que contribuiu mais fortemente para o aumento do saldo negativo geral da balança comercial metropolitana foi, à semelhança do ano passado, o agravamento (em quase l milhão de contos) do desequilíbrio no comércio com a zona da União Europeia de Pagamentos. É nas transacções com os países membros da União que continuam a verificar-se, portanto, os maiores déficits.