(...) necedora do ultramar cresce anualmente, permitindo às províncias ultramarinas que continuamente diminuam o seu grau de dependência dos mercados fornecedores estrangeiros (salvo, evidentemente, no que toca a parte dos grandes equipamentos) e melhorem o saldo credor da sua balança de pagamentos.

Mas o interesse que para a produção metropolitana apresenta o ultramar, como abastecedor e consumidor, não pode avaliar-se apenas pela ponderação dos volu-mes totais transaccionados: esse interesse reside, sobretudo, na estrutura do comércio entre as duas parcelas do todo nacional.

Dessa estrutura tem-se exacta noção ao examinar o quadro XLI, construído a partir de amostra largamente representativa do comércio em 1956.

Fonte: Relatório da Conta Geral do Estado do 1956, pp. 53 e 54.

Do valor total da nossa exportação para as províncias ultramarinas, 86 por cento cabem ao equipamento e bens de consumo, enquanto 87 por cento do valor dos fornecimentos que o ultramar nos faz correspondem a matérias-primas necessárias à indústria metropolitana.

Alargar continuamente a capacidade de consumo do ultramar (o que só pode obter-se através de um desenvolvimento acelerado e coordenado da sua economia, nomeadamente industrial) deve constituir e constitui já preocupação dominante do Governo. E também garantir, ao menos durante um largo período, posição de preferência à colocação de produtos metropolitanos nas nossas províncias ultramarinas é objectivo que não pode ser traído em nenhuma das negociações que venham a efectuar-se sobre a eventual posição do País no concerto das economias europeias. Mas não é só o consumo ultramarino, actual e potencial, que é indispensável ao desenvolvimento da produção metropolitana: a metrópole, por seu lado, assegura já hoje ao ultramar condições de estabilidade económica que não são de desprezar.

Para documentar este ponto - cujo estudo aprofundado não se contém nos objectivos desta nota- indicam-se as posições que a metrópole tem ocupado, nos últimos anos, entre os consumidores das produções das várias províncias.

(Em percentagem de exportação total média em 1953-1955)

Fonte: Elementos da C. T. C. E. E.

Certo é que muitas das exportações ultramarinas para a metrópole podiam dirigir-se para o estrangeiro, e, por vezes, até em condições de preço mais vantajosas para o ultramar.

Isso, porém, em nada diminui os benefícios que para as províncias de além-mar resultam da possibilidade de colocarem no mercado interno parte tão apreciável de produções que, pela sua natureza, estão continuamente sujeitas, no mercado internacional, a oscilações de preços de grande amplitude. E não se fala já nos casos em que a importação na metrópole traduz verdadeiros propósitos de fomento da produção ultramarina: o açúcar é o exemplo desta política.

O que atrás se disse não pretende, no entanto, afirmar que o mercado metropolitano seja base suficiente da estabilidade económica do ultramar, como, por exemplo, a metrópole francesa o é para os seus territórios. Queremos apenas acentuar que a importação das nossas províncias ultramarinas se traduz já hoje em significativa

Os mercados estrangeiros como fornecedores da metrópole A importância dos mercados externos como abastecedores da metrópole só pode aferir-se bem quando ao lado do conhecimento do consumo de cada produto pudermos indicar as fontes de cobertura desse consumo.

Na impossibilidade já alegada de determinar a posição relativa dos mercados externos, teremos de limitar-nos à avaliação das suas posições absolutas.

Como nos demais elementos sobre os mercados externos, adoptou-se a classificação S. I. T. C.- aquela que a O. E. C. E utiliza e que, embora diferente da conhecida estrutura das nossas estatísticas do comércio externo, é a única que nos permite a totalidade das observações que necessitávamos de fazer.