(...) rado seja significativa, constituem condições não só do nosso desenvolvimento económico, mas até da nossa sobrevivência económica: a exportação é não só processo de alargamento do mercado como factor de que em tão larga medida depende a possibilidade de pagarmos hoje o que não podemos deixar de adquirir. Essa necessidade de exportarmos é tanto mais imperativa quanto é certo ser no geral pequena -e por vezes insignificante - a capacidade de que actualmente dispõe o mercado interno para absorção de alguns excedentes disponíveis: por exemplo o vinho do Porto, as conservas, as cortiças e os resinosos.

No período de quatro anos que vai de 1952 a 1955, os países participantes na O. E. C. E. e os Estados Unidos e Canadá absorveram 81 por cento do valor total médio anual da nossa exportação, cabendo à Europa 63 por cento e ao outro bloco os restantes 18 por cento.

(Média de 1952-1955)

(a) Inclui Tunísia e Marrocos.

Fonte: Elementos da C. T. C. E. E. (milhares do contos)-Janeiro-Dezembro.

Por outro lado, mais de metade da nossa exportação para a Europa dirige-se aos seis países que assinaram o Tratado de Roma.

A importância da América Latina é diminuta e cresce a do bloco constituído por todos os restantes mercados.

O grande mercado dos produtos metropolitanos é, pois, a parte da Europa constituída pela união aduaneira dos seis e pelos restantes países membros da O. E. C. E.

E é de notar ainda que, se no grupo do mercado comum se acantonam os nossos maiores consumidores, também aí se situam os nossos concorrentes europeus, uma vez que a Espanha não está de momento em causa. Apesar de serem quinze os países que, afora Portugal, integram o território participante na O. E. C. E., é manifesta a concentração geográfica dos centros consumidores dos nossos excedentes. E, com movimentos de integração económica europeia ou sem eles, tudo aconselha a diminuirmos esse grau de concentração.

E pensa-se que a desconcentração se não deve procurar vendendo a outros mercados uma parte daquilo que hoje colocamos na Europa.

A desconcentração deve resultar de uma sensível expansão do volume da exportação, por forma que outros mercados vejam melhorada a sua posição relativa de consumidores dos nossos produtos sem que para isso se haja comprimido ou mesmo estabilizado o volume de vendas aos grandes e habituais mercados europeus. A desconcentração deve procurar-se antes pela expansão do volume total exportado.

Na verdade, porque é já tão frágil a sua composição e tão manifestamente insuficiente o seu volume actual, a perda de qualquer mercado representa para a economia da metrópole dano que não se vê como possa facilmente compensar-se. Mas, caso a ponderação dos demais factores aconselhe o nosso isolamento na Europa ou ainda caso as estruturações definitivas da zona e do mercado comum tornassem impossível a colocação aí de parte importante dos nossos actuais excedentes exportáveis, ser-nos-ia fácil encontrar fora da Europa mercados que ofereçam as condições e perspectivas que actualmente nela se encontram? Para além da zona O. E. C. E., os centros consumidores que se nos deparam são o Leste europeu, os países de América Latina, o Médio e Próximo Oriente e a zona do dólar.

Os três primeiros centros de consumo devem ser mantidos e alargados quanto possível, mas não oferecem nem garantias de estabilidade bastantes nem capacidade aquisitiva para absorção do que mandamos já hoje para a Europa e do muito mais que para lá poderemos enviar se soubermos produzir e vender.