a este continuará a restar um centro consumidor de primeira grandeza - os Estados Unidos da América. Neste mercado já os Robustas angolanos gozam de posição e reputação, que serão engrandecidas na medida em que as produções dos territórios associados ao mercado comum, suas concorrentes de agora no mercado americano, forem atraídas, em massa, pelo mercado privilegiado que passará a ser o das respectivas metrópoles.
Resta-nos, todavia, forte dúvida sobre a vantagem e o interesse político e económico que teremos na concentração de uma exportação, para Angola fundamental, num só mercado, caprichoso, intencional e poderoso. E, por isso, por maiores que sejam as perspectivas do mercado americano no tocante ao café de Angola, elas não deverão nunca conduzir-nos à perda voluntária de qualquer posição no mercado europeu.
E esta, não pode negar-se, uma forte dependência, tanto mais que os Estados Unidos deixaram de comprar cacau em S. Tomé para, a partir de 1953, se abastecerem nos países americanos produtores.
Esta dependência perde, no entanto, muito do seu aspecto assustador quando se tenha em conta que os seis países da Comunidade importaram, em 1955, 218 000 t de cacau e que no mesmo ano a produção dos territórios associados totalizou 108 000 t.
Os 9 por cento de direitos que o cacau passará a pagar não representam, por isso, um obstáculo invencível.
Claro que a posição seria já muito diferente e muito grave se aos territórios britânicos fosse dado, de direito ou de facto, um tratamento especial, uma vez que a Ghana e a Nigéria produzem, respectivamente, 230 000 e 150 000 t.
O primeiro daqueles territórios já se encontra independente e o segundo está em estado de quase independência, pelo que não poderiam ser considerados colónias britânicas, mesmo que a estas fosse concedido um tratamento de favor.
Outros bens alimentares
Quanto a este último produto, cuja exportação no triénio em apreciação atingiu o valor médio anual de aproximadamente 50 000 contos, não se julga que da associação nos possa vir grave mal. Por virtude das condições naturais e climatéricas, Angola tem condições neste sector que se não verificam em nenhum dos territórios vizinhos actuais consumidores do produto.
Na verdade, tratando-se de produções em relação às quais é mais de recear uma concorrência dos países participantes da união aduaneira do que propriamente dos territórios a ela associados, o favor da discriminação poderá revestir aspectos incomportáveis. No entanto, e- pelo que toca à concorrência dos territórios associados, apura-se que só 9,5 por cento das importações totais da Comunidade Económica Europeia foram provenientes dos territórios ultramarinos.
Chá
A produção mundial é de 660 000 t, das quais cabem 28 000 à África e 623 000 à Ásia.
Os grandes importadores de chá são: a Inglaterra, com 226 000 t, Estados Unidos da América e Canadá, com 66 000 t, e África do Norte e União da África do Sul, com 53 200 t.
Moçambique produziu, em 1955, 5566 t, exportando para o mercado comum 24,7 por cento, em valor, do total.
Dado que os territórios associados não são produtores de chá, não é de recear a posição deste produto no mercado dos seis, a menos que fosse atribuído aos territórios ultramarinos britânicos, designadamente à África Oriental, o (regime de excepção a que várias vezes nos temos referido.
Toneladas
Alemanha Ocidental ..... 260 587
Tendo sido a produção mundial de copra, nesse mesmo ano, de cerca de 2 000 000 t, aproximadamente, verifica-se que os seis países da união aduaneira absorveram um quarto do total.
O mercado dos seis, em comparação com o dos Estados Unidos, é muito miais importante, pois este último país apenas importou 313 208 t.
Moçambique contribuiu para o total dessa importação com 17 472 t, assim distribuídas:
Além de Moçambique, só S. Tomé e Timor - entre as nossas províncias ultramarinas - exportam copra,
1 O milho proveniente do exterior da união aduaneira estará sujeito, na entrada nesta, a um direito correspondente, em principio, à média aritmética dos direitos que actualmente são cobrados pelos diversos membros: Itália, 18,5 por cento; Bélgica, isento (taxa de transmissão de 5 por cento); Holanda, isento; Franca, 80 por cento (provisoriamente suspenso), e Alemanha, isento (1,5 por cento de imposto de transmissão).