acham ainda sujeitos a crises cíclicas de desemprego e evitaremos os inconvenientes de toda a ordem resultantes das excessivas concentrações industriais nas mesmas zonas, sobretudo nas cercanias da capital.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E uma vez que estou tratando de alguns aspectos do panorama económico desta importante região, banhada pelo Tejo e pelo Sado, permitir-me-ei ainda acrescentar algumas considerandos de ordem geral, que interessam, aliás, à economia do País.

É inegável que o crescente excesso demográfico prevalescente no meio rural, em que grande parte da população se ocupa na agricultura, exploração que nas condições actuais não pode dar a essa população a satisfação económica desejada, só poderá encontrar a justa solução, isto é, o necessário emprego, pela introdução de novas culturas e ainda pela industrialização repartida o mais possível pelo País.

Deste modo se valoriza a vida de trabalho dum maior número de regiões, evitando assim o êxodo rural e a enorme concentração populacional à volta dos grandes centros.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Torna-se, pois, necessário prosseguir com todo o empenho na obra já iniciada da industrialização do País, a par duma progressiva evolução da agricultura, pelo aperfeiçoamento dos meios de cultura, com vista em maiores rendimentos unitários.

Um aspecto importante da manutenção da agricultura num alto nível de produção consiste na orientação dos agricultores para culturas não excedentárias, reduzindo as superfícies destinadas a arroz, milho, batatas, etc., em proveito de culturas mais apropriadas às áreas, tais como beterraba sacarina, soja, tabaco, algodão, linho, trutas, produtos hortícolas, forragens para a criação de gados, com vista à produção de carne e leite. Dai resultarão novas possibilidades de utilização da mão-de-obra agrícola no conjunto do País, e alguns destes produtos constituiriam matérias-primas para a indústria nacional.

Mais ainda: assim evitaríamos prejuízos enormes com a exportação das quantidades excedentes, visto que o custo da nossa produção é, regra geral, superior ao da cotação mundial. E se considerarmos as áreas que estão sendo irrigadas, mais urgente se torna a solução deste problema.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por tudo isto, Sr. Presidente, permito-me juntar os meus rogos e a afirmação da minha esperança em que, simultâneamente com a facilitação do trânsito que a auto-estrada Lisboa-Vila Franca de Xira vai trazer, o Governo atenderá o pedido dos povos dessa bela e laboriosa região do Ribatejo no sentido de ser abolida a portagem da Ponte Marechal Carmona, providência esta estimulando o progresso turístico e o desenvolvimento industrial e agrícola de toda a região ribatejana dos distritos de Setúbal e de Santarém, e estou certo de que, deste modo, num futuro muito próximo, esse progresso e esse desenvolvimento darão uma receita superior à da portagem da ponte, constituindo assim um alto benefício para todo o País.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa à cooperarão das instituições de previdência e das Casas do Povo na construção de habitações económicas.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis.

A Sr.ª D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis: - Sr. Presidente: quando há quatro anos tive a honra de dirigir a V. Ex.ª uma singela saudação, ouvi os meus ilustres colegas atribuir a V. Ex.ª qualidades verdadeiramente excepcionais, em lermos de tal estima e venerarão que me impressionaram profundamente. Fui assim que aprendi a conhecer V. Ex.ª e depressa compreendi que devia acreditar integralmente naquelas palavras, que podiam correr o r i seu de ser ditadas por uma tradição, que, aliás, se integra no alto nível de distinção de que esta Assembleia se pode orgulhar. V. Ex.ª revelou-se sempre aquela prestigiosa figura de Presidente e amigo que a Câmara exaltava em termos tão vibrantes e eloquentes e a quem eu hoje, ainda que sem saber usar dessa linguagem elevada e brilhante, quero prestar a minha mais sincera homenagem.

Ao Doutor Mário de Figueiredo quero também dirigir uma saudação respeitosa e amiga, em que desejaria saber exprimir a minha muita consideração pelo ilustre leader, cujo excepcional talento é um incentivo e um apoio a uma actividade parlamentar sério, e profunda, e cujo trato acolhedor tão depressa proporciona aos antigos e novos Deputados o ambiente de simpatia e entendimento característico desta Casa, em que não falta uma cativante delicadeza para com a diminuta representação feminina nesta Assembleia. E esta delicadeza queria agradecê-la especialmente a V. EX.ª e à Câmara.

O Sr. Augusto Simões: - Não tem V. Ex.ª nada que nos agradecer.

A Oradora: - Sr. Presidente: o problema que a Câmara é chamada a encarar, através do diploma que está em debate, quase poderia chamar-se antigo pela insistência com que tem sido abordado; mas não há dúvida, porém, de que é cada vez mais actual, pela urgência com que o País espera a sua solução e pela gravidade das suas consequências de ordem material e moral.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A Oradora: - Tanto se tem dito a este respeito, que, estou convencida, mais não poderá dizer-se. Eu própria tive a honra de trazer a minha modesta achega ao debate sobre o aviso prévio que o ilustre antigo Deputado Almeida Garrett propôs sobre o mesmo assunto, e não