(...) não faltam potencialidades, especialmente no subsolo e na energia, agora felizmente a caminho de integral aproveitamento.

Se não é possível localizar indústrias novas na zona transmontana - e neste momento alegra-me uma esperança que queira Deus não demore a concretizar-se -, e enquanto não entramos no caminho de promover a deslocação de muitas indevidamente localizadas sob o ponto de vista social e económico, que não da comodidade dos empresários, se não é possível uma coisa e é ainda cedo para a outra, fomente-se, ao menos, a exploração mineira em condições racionais, já que só a do ferro em Moncorvo pode resolver, em curto prazo, muitos e muitos problemas económicos e de ocupação humana.

Aproxima-se novo plano de fomento e dele esperam os Transmontanos que lhes traga a vida, lhes abra novas possibilidades, estruture a sua economia em bases mais consentâneas com a época e com as necessidades da sua gente.

Sr. Presidente: deixei para o fim uma palavra sobre .

De momento é indispensável salvar os produtores de batata de Trás-os-Montes, retirando, por qualquer processo, as produções invendáveis, sem o que a ruína e a miséria espreitarão muitos e muitos lares modestos.

É mais um auxilio que se pede ao Sr. Ministro da Economia e estou certo de que, na medida do possível, não deixará de ser dado, de sorte que a situação dessa gente seja, se não remediada, pelo menos minorada.

A questão é que em Trás-os-Montes e na Beira Alta, onde há muitas e muitas terras que não têm cultura de substituição possível ou pelo menos fácil, as regiões de produção serôdia acabam por suportar, quase exclusivamente, o peso e as consequências de excesso de produção, como se fossem elas as responsáveis ou as únicas responsáveis pela superabundância. Vendem menos, vendem mais tarde, vendem mais barato. De facto, as outras regiões produtoras endossam-lhes os excedentes na medida em que, por este ou por aquele processo, têm conseguido fazer di ferir o começo do escoamento da batata serôdia, que, desta forma, acaba por não ter venda possível, mercê do breve início da colheita e venda da batata nova.

Aí é que reside o ponto crítico e a injustiça de tratamento para com Trás-os-Montes e Beira Alta, que desta sorte são imoladas ao direito de desenvolver a cultura da batata em regiões e terras onde muitas outras produções eram igualmente possíveis e antes, a produção da batata constituía raridade ou era, pelo menos, limitada.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Note-se que, com maior ou menor dificuldade, as restantes zonas produtoras vendem a produção e fazem-no até -apesar de o custo de produção ser notoriamente mais reduzido- em melhores condições de preço do que aquelas regiões que somente conseguem vender uma quota-parte do que produzem e têm ainda de suportar um ónus de conservação mais longo e perdas de armazenagem mais elevadas.

Que me desculpem os produtores doutras regiões, mas só encontro uma solução possível para evitar que a terra fria transmontana se despovoe e se entregue quase por completo à floresta: assegurar a colocação prioritária de uma quota mensal de batata dessas zonas nos mercados de Lisboa e Porto, com começo em Outubro ou Novembro e fim em Março, que, no conjunto, seja igual à produção média das áreas onde a cultura da batata é, praticamente, a única possível.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente: termino aqui as minhas considerações, renovando o meu apelo ao Sr. Ministro das Obras Públicas e agradecendo ao Sr. Ministro da Economia as providências adoptadas e os auxílios concedidos para promover o escoamento da batata, mas fazendo também a S. Ex.ª um apelo veemente para que encare os problemas do desenvolvimento mineiro, industrial e agrícola de Trás-os-Montes com interesse e carinho idênticos aos que lhe merecem os aproveitamentos do Douro e a electrificação da província, esta, felizmente, em bom caminho, embora o Transmontano não compreenda bem que a energia que consome tenha de vir de muito longe, quando tem tanta tão perto e tão barata.

Para o Sr. Ministro da Economia apelo, pois, com confiada esperança, certo de que não deixará de equacionar os nossos problemas, de se interessar por suprir as nossas dificuldades e de satisfazer a nossa legitima ansiedade. Comigo, Trás-os-Montes confiadamente espera também, espera que chegue a sua hora, que, diga--se, tem tardado mais do que seria necessário.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: na minha primeira intervenção nesta Assembleia tive a oportunidade de afirmar, com satisfação, que a rede rodoviária municipal do distrito de Évora estava quase completa. Essa satisfação não pôde encobrir o desejo de que a tarefa se completasse em breve. Mas completar-se nem sempre significa aperfeiçoar-se.

E razão teve então o nosso ilustre colega Sr. Dr. Bartolomeu Gromicho para com a sua autorizada voz, ao mesmo tempo que se congratulava com a atribuição de volumosa verba para reparação de estradas do distrito de Évora em 1958 e 1959, levantar o problema de outras reparações não menos urgentes.

Disse eu: façam-se estradas; acrescentou o Sr. Dr. Gromicho: consertem-se estradas. Pois hoje venho, Sr. Presidente, pedir que não se faça um troço de estrada.

Fica Estremoz no coração do Alto Alentejo. Por ela passam os que demandam a fronteira ou se dirigem para o norte. A terra tem assim um movimento muito vultoso de passantes, que naturalmente se deixam prender aos seus encantos, permanecendo nela algumas horas, animando-a e desenvolvendo-a.

Quem, como eu, nela vive, tem oportunidade de ver quantos milhares de estrangeiros e de nacionais a visitam, não deixando nunca de adquirir um dos pitorescos (...)