mente a única cidade açoriana que não tem uni porto de abrigo. Não importa agora analisar o passado, pois, olhos voltados para o futuro, o que nos interessa e preocupa é ver resolvido um problema sobre o qual, aliás, os serviços competentes do Ministério das Obras Públicas elaboraram já importantes estudos.

Quero aqui acentuar o apreço e a admiração que os povos das minhas ilhas têm pelo Ministro e pelo Subsecretário de Estado das Obras Públicas, que, muito justamente, conquistaram em todo o Pais, para si e para a Secretaria de Estado que lhes está confiada, um ambiente de excepcional simpatia e aplauso.

Ninguém desconhece a acção atenta e pronta do departamento de Estado de que são altos responsáveis os engenheiros Arantes e Oliveira e Saraiva e Sonsa, e todos sabem a extrema dedicação e profunda clarividência com que aqueles ilustres membros do Governo resolvem os intrincados e inumeráveis problemas postos à sua consideração.

A circunstancia de ninguém o ignorar não impede, todavia, de muito gostosamente uma vez mais o exprimir no instante em que afirmo a confiança com que nas suas mãos se deposita o estudo e solução de problema que particularmente importa ao distrito de Angra do Heroísmo.

Sr. Presidente: no momento em que se prepara o próximo Plano de Fomento, o qual, sem dúvida, equacionará e resolverá vários dos problemas de que depende um maior e mais extenso desenvolvimento do Pais, julgo particularmente oportuno o apelo que formulo ao Governo, na certeza de que corresponde ao unanime desejo da população terceirense, que, no dobar dos anos, tem escrito tão belas páginas da história nacional.

Há mais de um século que Angra do Heroísmo sonha com um porto de abrigo onde, com a segurança indispensável, possam os navios que o demandam cumprir a sua missão.

Conforto das populações? Sem dúvida, mas, muito mais do que isso, imperiosa necessidade dos tempos.

Nesta era de Salazar, em que tantos sonhos se têm transformado em realidades, por portentosa acção dos homens e pleno funcionamento das instituições, podem as populações livremente exprimir os seus anseios na firme convicção de que, cabendo-lhes justiça, ela se fará.

A Angra do Heroísmo cabe essa justiça e, por isso, tem-se a certeza de que serão mobilizados os capitais necessários a obra de tanta monta e projecção e que os nossos técnicos e operários novamente assinalarão a sua fecunda acção realizadora.

Há quase quarenta anos, neste mesmo local, se ergueram vozes que empenhadamente solicitaram atenção para os problemas dó meu distrito. Inúteis e completamente baldados foram esses esforços, pois o Pais estava envolvido em inglórias e estéreis lutas políticas que tudo contaminavam e destruíam.

Hoje, não peço essa atenção, tão viva e forte se tem manifestado no decurso dos últimos trinta anos. Limito-me a confiadamente recordar um problema que o Governo conhece, não apenas como vaga generalidade, mas com a soma do que por ventura será a quase totalidade dos elementos necessários à sua completa planificação. Importa é que se complete todo o esquema dos trabalhos que interessa sejam iniciados e levados a cabo com a brevidade desejada.

A gente das minhas ilhas inteiramente confia no seguro critério dos que tiverem de decidir e, ansiosamente, aguarda o que em tal matéria for determinado.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente:- A ordem do dia é constituída pela efectivação do aviso prévio do Sr. Deputado Sarmento Rodrigues sobre as homenagens a prestar ao vice-almirante Gago Coutinho.

Tem a palavra o Sr. Deputado Sarmento Rodrigues.

O Sr. Sarmento Rodrigues: - Sr. Presidente: os termos do aviso prévio que tive a honra de apresentar, e cuja efectivação V. Ex.ª, tão compreensiva e elegantemente, como é próprio do seu alto espírito, marcou para a última sessão deste primeiro período de trabalhos parlamentares, dispensariam qualquer exposição e consequente debate. É que em volta da figura nacional de Gago Coutinho não há sombras nem reservas. Cada um dos seus passos é um serviço à nossa pátria.

Hás, Sr. Presidente, é irresistível a sedução da sua vida, e não a podemos calar. Marinheiro, aviador, geógrafo, historiador e sempre português de lei, Gago Coutinho enche, na rica variedade do seu espirito genial, o século em que viremos.

Todavia, e sobretudo para o comum dos Portugueses, ele é a recordação viva e grata das horas de sagrada alegria que a viagem aérea ao Brasil nos trouxe. Alto serviço, que se não pode esquecer.

«Fonte inesgotável de emoção patriótica» - assim foi classificada pelo preclaro Presidente da República António José de Almeida a travessia aérea do Atlântico realizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral no ano de 1922.

«Um dos feitos que trouxeram o progresso para o mundo» - disse da viagem maravilhosa o venerando Chefe do Estado, general Craveiro Lopes.

Entre estes dois pólos supremos correram caudais de tinta e vibraram revoadas de discursos eloquentes, inspirados, patrióticos.

Aqui, nesta Casa, foram pronunciadas as primeiras palavras de Animo e aplauso ao que então se chamou «um gesto temerário», associado a «descoberta científica* e «sequência lógica de estudos matemáticos e astronómicos».

Rios de tinta se gastaram, de facto, em Portugal e Brasil, a descrever e celebrar o feito heróico dos dois maiores aviadores portugueses do todos os tempos. Para que esta Assembleia se assegure do seu alcance não é, portanto, necessário dizer quaisquer palavras, tão perene é a sua lembrança no coração reconhecido de todos nós.

Essa ortugueses e erguer a alturas de outrora o nome de Portugal no mundo.