Pouco variaram as percentagens em relação a 1938. Nas matérias-primas a percentagem subiu de 47 para 50,2; nos fios e tecidos decresceu de 4,6 para 2,9; nas substâncias alimentícias a diminuição foi de 17,7 para 13,8; nas máquinas e aparelhos a percentagem subiu de 16,6 para 22,9 e, finalmente, nas manufacturas diversas houve um decrescimento de 13,9 para 10,2.

Quer dizer: a importação de matérias-primas e de máquinas e aparelhos foi a causa do agravamento. Grande parte das matérias-primas vem do ultramar português e, quanto a elas, há compensação com o que para lá se envia da metrópole, como se verificará adiante. Mas há outra parcela das matérias-primas originada no estrangeiro que necessita de ser compensada.

Quanto a máquinas e aparelhos, não parece haver possibilidades nos anos mais próximos de reduzir as importações. O País está no início do seu reapetrechamento industrial e anda no ar um ambicioso plano de novas indústrias. Tudo deverá trazer o agravamento nesta rubrica. O total das exportações atingiu a cifra de 8 621 000 contos, a maior conhecida até hoje. O aumento em relação a 1955 foi da ordem dos 456 000 contos, que não compensou o surto nas importações. Daí maior déficit.

Publica-se a seguir o quadro das exportações, contendo os quantitativos e percentagens que correspondem a cada uma das principais rubricas.

As maiores valias em 1956, relativamente a 1955, tiveram lugar em todas as rubricas, mais numas do que noutras. Nas duas primeiras - matérias-primas e fios e tecidos - houve aumentos da ordem dos 100 000 contos. Nas manufacturas diversas o acréscimo foi maior, pois atingiu cerca de 175 000 contos. Este facto é de bom augúrio para a actividade manufactureira interna desde que melhorem os processos técnicos e a organização económica.

Comparando as percentagens de cada uma das rubricas nos dois anos de 1938 e 1956, nota-se aumento nas matérias-primas, fios e tecidos e manufacturas diversas e grande redução nas substâncias alimentícias. Parece, assim, que dentro do País sê podem aperfeiçoar as actividades produtoras de alimentos. Já se vira acima que o País importou em 1956 menor percentagem de substâncias alimentícias do que em 1938.

Não se devem conceber grandes optimismos nesta matéria. Em 1956 os preços foram muito satisfatórios para certas mercadorias de exportação, como as conservas, a cortiça e ainda outros, e conhecem-se as vicissitudes no passado destes dois produtos, que tão grande importância têm no comércio de exportação. Não será para admirar que uma quebra nos preços de qualquer deles ou ainda em outros traga desilusões no futuro. O desequilíbrio do comércio externo com países estrangeiros atingiu 4 712 000 contos e reduziu-se para 4 104 000 contos, por ter havido um saldo de 608 000 contos com as províncias ultramarinas. Só em 1951 este saldo positivo foi da ordem do de 1956. De modo que, se se mantivessem os valores de anos intermédios, ainda seria maior o déficit.

Portugal é, pois, tributário dos mercados externos por somas que necessitam de ser reduzidas.

O nosso comércio com o estrangeiro tem um desnível da ordem dos 60 por cento, se se considerarem as exportações e importações. A relação entre elas já atingiu 65 por cento em 1954, tendo passado para 58 por cento em 1956. Em qualquer caso, é muito alta. Com as províncias ultramarinas andou à roda de 140 por cento, dado o saldo positivo substancial nas exportações.

Parece ser possível maiores exportações para o estrangeiro, como, por exemplo, as de vinhos. Não há razão para certos países, como a Alemanha, que tem com Portugal um saldo positivo muito grande, não comprarem mais produtos nacionais.

Será devido à organização do comércio nacional? Haverá outras razões a impedir o envio de produtos portugueses para aqueles e outros países?