maior envio para alguns deles de produtos portugueses, como vinho, frutas, conservas e outros.

Do exame dos números colhe-se a impressão de que há qualquer coisa que necessita de ser modificada nas nossas. relações comerciais com os países participantes. Os deficits, contínuos e crescentes, exigem que o assunto seja visto à luz do interesse do trabalho e produção nacionais. De contrário, a afrouxarem os invisíveis, dentro em pouco estaremos a braços com deficits na balança de pagamentos.

Principais importações Já se examinaram por grandes rubricas aduaneiras as principais importações. As matérias-primas formam mais de 50 por cento do conjunto.

Nelas ocupam posição dominante os combustíveis (carvões e óleos minerais). O aumento tem sido contínuo e atingiu o máximo com importância superior a 1 400 000 contos em 1956. Representam já 11 por cento do total das importações.

Outros produtos com grande relevo são: o ferro e aço com 1 080 000 contos, os automóveis de carga e passageiros, com 779 000 contos, o algodão com 720 000, o as máquinas industriais, com 679 000. Excepto o algodão, todos estes produtos são de origem externa.

Continuando o caminho traçado nos pareceres anteriores, dá-se no quadro a seguir nota de nove produtos que somam cerca de metade do total das importações, ou 6 309 000 contos, números redondos:

A grande importação das oleaginosas foi excepcional e derivou da falta de azeite.

Das mercadorias acima mencionadas, o algodão, as oleaginosas e o açúcar vieram do ultramar e a sua importância continuará a crescer com o consumo. Aliás, é através destas importações que as províncias de além-mar podem satisfazer as suas compras na metrópole.

Não parece impossível reduzir os farináceos ou neutralizar a sua importância por exportação de produtos portugueses, como o arroz, que já atravessa uma crise de abundância.

Mas as restantes, em contínuo aumento, hão-de manter no futuro o seu peso nas importações. Os combustíveis não existem no País. Parte pode ser suprida por produções hidroeléctricas, mas note-se que os combustíveis líquidos constituem a maior verba, e esta, a não ser que se materializem as esperanças da existência de hidrocarbonetos em condições de exploração económica em Angola e Moçambique, tende naturalmente para ma ior projecção no desequlíbrio do comércio externo.

Estas considerações aplicam-se a um futuro mais ou menos longínquo, porque tudo leva a crer que o problema da energia sofrerá profunda revolução com as recentes descobertas no domínio do átomo, quer usando os actuais métodos, embora aperfeiçoados, do uso do urânio e plutónio, quer, como tudo indica ser possível, pela fusão do hidrogénio.

Os alívios nas importações serão possíveis na infinidade de outros produtos, que não fazem parte do quadro acima. São na sua maioria constituídos por produtos manufacturados. Os recentes progressos nesta matéria permitem augurar desenvolvimentos interessantes e a substituição de algumas importações por mercadorias fabricadas dentro do País.

Principais exportações O caso das exportações é de grande delicadeza e já para ele se chamou a atenção nestes relatórios por diversas vezes e se têm apontado todos os anos os produtos que formam o grosso das exportações nacionais: a cortiça, as conservas, os tecidos de algodão, os vinhos, as madeiras e os resinosos.

Variações perceptíveis nalgum ou nalguns destes produtos afectam muito o total das exportações. Os dois casos recentes da cortiça e das conservas de peixe ilustram a sensibilidade das exportações nacionais.

O seu alto nível em 1956 proveio de melhores preços nas conservas e, embora em declínio, de nível razoável na cortiça.

Como a história de um passado não longínquo mostra, ambas estas mercadorias são oscilatórias em matéria de preços. De modo que, em parte, os déficits, maiores ou menores, da balança do comércio decorrem das vicissitudes de dois produtos - vicissitudes que não dependem da vontade nacional.

Assim, em 1956 sete produtos representaram 60 por cento do valor total das exportações.

Foram os seguintes:

Repare-se no começo do declínio da cortiça, se se comparar a exportação neste ano com a de 1955 (a), que se há-de acentuar em 1957, e no reforço das conservas de peixe.

A exportação de vinhos melhorou apreciavelmente e pode ainda melhorar bastante. Não é difícil, com

(a) Contas Gerais do Estado, p. 70.