A variação da capitação da despesa ordinária de 1055 e 1956 foi apenas de 33$. Pràticamente se pode dizer que se manteve idêntica à do ano anterior se calculada em termos constantes.

Mas o exame do quadro revela a influência de alguns elementos de interesse que convém não perder de vista. Os mais importantes são a emigração, o decréscimo da Laxa da natalidade, vincado nos últimos anos, e a subida no índice dos preços. Estes três elementos, por si só, fazem prever sérias dificuldades no futuro se não forem combatidos com energia. As despesas ordinárias, por sua própria natureza, têm importância muito grande na vida orçamental.

No passado, as dificuldades em as suster nos limites de somas compatíveis com as receitas produziram contínuos deficits e concorreram bastante para acontecimentos políticos conhecidos de todos.

Mantiveram-se rigidamente dentro dos limites permitidos pelas receitas desde 1928-1929, início da reforma financeira. E se forem convertidas as despesas ordinárias de cada ano para preços constantes, obtêm-se, aproximadamente, as suas variações nos últimos vinte e oito anos.

A preços de 1956, eram de 5 086 000 contos em 1928-1929 e de 5 830 000 contos em 1956. Não subiram 1 milhão de contos. E se as referirmos aos anos de 1938, anterior à guerra, e de 1956, a subida foi ainda menor. Note-se que, usando a mesma base, apenas em 1953 elas se aproximam das de 1928-1929.

Os números para os vinte e oito anos são os que seguem:

A inflação acentuada dos preços com as desvalorizações da moeda iniciou-se em 1940. As despesas ordinárias chegaram a atingir cerca de 3 000 000 de contos em 1943 e 1944.

A recuperação foi muito lenta, porque os preços continuaram a subir. O respectivo índice atingiu o máximo, como se disse acima, em 1956.

As contas Dadas algumas explicações gerais sobre o comportamento das despesas totais e ordinárias no passado, convém agora analisar mais detidamente as despesas ordinárias. Viu-se que o total das despesas públicas em 1956 subiu a 7 597 433 contos e que as despesas ordinárias atingiram 5 830 182 contos. O aumento nestas últimas arredondou-se para 361 223 contos e foi inferior ao aumento das receitas ordinárias. As variações numas e noutras em relação a 1955 constam do quadro seguinte:

Querem dizer os números que as cautelas exercidas sobre as receitas as comprimiram a ponto de ser muito maior o aumento das receitas do que o das despesas. Houve uma diferença entre os dois aumentos da ordem dos 210 659 contos, que é grande.

Esta influência projectou-se na liquidação das despesas extraordinárias, que foram pagas, como se observa adiante, em cerca de 81 por cento, por força de receitas ordinárias.

Já no ano passado se explicou que os grandes excessos de receitas. ordinárias, calculados em cerca de 20 por cento do total em 1956, não significam, na verdade, a existência de receitas a mais. Sabe-se das necessidades do orçamento das despesas ordinárias e da exigência do reforço de muitos serviços. Conhecem-se, além disso, as deficiências da estrutura económica do País, que hão-de exigir o investimento de maiores dotações do Estado em serviços que lhe competem.

Tudo levará, como aliás já se explicou, a reforços importantes. Convém agora relacionar as despesas totais dos dois últimos anos com as do período anterior à guerra, se faz nos números do quadro que segue.