Cerca de dois terços - 66,4 por cento - do crédito concedido pela Caixa Nacional de Crédito pertencem ao crédito industrial. Esta soma não representa o total utilizado pela indústria, porquanto pelos serviços privativos da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência se concedem verbas que, directa ou indirectamente, se destinam àquele fim.

A rubrica "Crédito agrícola" somou 500240 contos, mas é consideràvelmente reforçada por empréstimos hipotecários destinados à agricultura, que, por falta de discriminação dos fins a que se destinam, se incluem na rubrica "Crédito hipotecário", já mencionada.

Crédito agrícola O exame dos números mostra que em 1.950 se reforçaram, os fundos das caixas de crédito agrícola mútuo, administradas pelos agricultores. Mais de metade deste crédito é absorvido pelo Alentejo. É até certo ponto paradoxal o desinteresse doutras regiões pelo crédito agrícola mútuo, com excepção do Ribatejo, que absorveu em 1956 cerca de 50 000 contos.

Crédito industrial No crédito industrial a evolução tem sido contínua e parece que continuará a sê-lo se o País mantiver o impulso que acontecimentos externos recentes deram ao reequipamento e instalação de novas indústrias.

Mas é grave ilusão supor que a reorganização industrial depende apenas do crédito.

Um exame ponderado das actuais condições do País mostra a impossibilidade de alargar o crédito industrial em termos de eficiência se não forem tomadas medidas que assegurem condições mais propícias, que as autuais ao seu bom rendimento. Umas são de carácter oficial, e dizem respeito à própria segurança dos créditos mutuados. Outras contêm-se na própria iniciativa particular, e dizem respeito à natureza dos investimentos.

Conceder crédito a organismos industriais apenas para os manter nas actuais condições de rendimento é perpetuar o atraso em que se encontram muitas indústrias. Oferecer crédito a empresas mal orientadas, com insuficiências técnicas na direcção ou esm agadas por excessivos encargos e gastos gerais, é impedir o esforço indispensável ao progresso nacional.

A maior ilusão em matéria de fomento económico é julgar que o simples investimento de fundos, ainda que abundantes, pode levar a progressos. No estado actual da economia portuguesa o crédito e o investimento, tendo embora papel importante no progresso das actividades económicas, não desempenham a função primacial.

Se não houver cuidadosa coordenação no investimento e no crédito, com prioridades que assegurem eficiência e progresso técnico, não será possível obter as condições de produtividade essenciais à sobrevivência da economia portuguesa na tremenda luta que acontecimentos derivados de acordos já estabelecidos hão-de desencadear nos próximos vinte ou trinta anos.

A técnica, a organização, o sentido das realidades, são elementos fundamentais na produtividade, e sem ela a economia, ainda que disponha de meios financeiros abundantes, continuará sempre em posição subalterna na relatividade de outras economias rivais ou concorrentes. As indústrias transformadoras utilizaram quase 1 milhão de contos em 1956.

O progresso tem sido rápido, e últimamente foi preciso acudir à crise que atingiu as indústrias têxteis, principalmente as de algodão, e impulsionar o seu reapretrechamento, que devia ter sido feito há muitos anos.

Do mesmo modo, e apesar das dificuldades que se opõem ao financiamento desta indústria, construíram-se alguns hotéis com o auxílio da Caixa Nacional de Crédito. Neste aspecto é indispensável maior interesse financeiro das actividades privadas, que permita, em condições aceitáveis, o alargamento da rede hoteleira fora de Lisboa e Estoril. A tendência manifestada pela construção de hotéis de luxo, ou quase, deve ser completada pela instalação de hotéis de série. O turismo tende cada vez mais para menores rendimentos, que não podem comportar preços elevados.