Cerca de dois terços - 66,4 por cento - do crédito concedido pela Caixa Nacional de Crédito pertencem ao crédito industrial. Esta soma não representa o total utilizado pela indústria, porquanto pelos serviços privativos da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência se concedem verbas que, directa ou indirectamente, se destinam àquele fim.
A rubrica "Crédito agrícola" somou 500240 contos, mas é consideràvelmente reforçada por empréstimos hipotecários destinados à agricultura, que, por falta de discriminação dos fins a que se destinam, se incluem na rubrica "Crédito hipotecário", já mencionada.
Crédito agrícola
Crédito industrial
Mas é grave ilusão supor que a reorganização industrial depende apenas do crédito.
Um exame ponderado das actuais condições do País mostra a impossibilidade de alargar o crédito industrial em termos de eficiência se não forem tomadas medidas que assegurem condições mais propícias, que as autuais ao seu bom rendimento. Umas são de carácter oficial, e dizem respeito à própria segurança dos créditos mutuados. Outras contêm-se na própria iniciativa particular, e dizem respeito à natureza dos investimentos.
Conceder crédito a organismos industriais apenas para os manter nas actuais condições de rendimento é perpetuar o atraso em que se encontram muitas indústrias. Oferecer crédito a empresas mal orientadas, com insuficiências técnicas na direcção ou esm agadas por excessivos encargos e gastos gerais, é impedir o esforço indispensável ao progresso nacional.
A maior ilusão em matéria de fomento económico é julgar que o simples investimento de fundos, ainda que abundantes, pode levar a progressos. No estado actual da economia portuguesa o crédito e o investimento, tendo embora papel importante no progresso das actividades económicas, não desempenham a função primacial.
Se não houver cuidadosa coordenação no investimento e no crédito, com prioridades que assegurem eficiência e progresso técnico, não será possível obter as condições de produtividade essenciais à sobrevivência da economia portuguesa na tremenda luta que acontecimentos derivados de acordos já estabelecidos hão-de desencadear nos próximos vinte ou trinta anos.
A técnica, a organização, o sentido das realidades, são elementos fundamentais na produtividade, e sem ela a economia, ainda que disponha de meios financeiros abundantes, continuará sempre em posição subalterna na relatividade de outras economias rivais ou concorrentes.
O progresso tem sido rápido, e últimamente foi preciso acudir à crise que atingiu as indústrias têxteis, principalmente as de algodão, e impulsionar o seu reapretrechamento, que devia ter sido feito há muitos anos.
Do mesmo modo, e apesar das dificuldades que se opõem ao financiamento desta indústria, construíram-se alguns hotéis com o auxílio da Caixa Nacional de Crédito. Neste aspecto é indispensável maior interesse financeiro das actividades privadas, que permita, em condições aceitáveis, o alargamento da rede hoteleira fora de Lisboa e Estoril. A tendência manifestada pela construção de hotéis de luxo, ou quase, deve ser completada pela instalação de hotéis de série. O turismo tende cada vez mais para menores rendimentos, que não podem comportar preços elevados.