car o do contínuo desenvolvimento da construção civil, em especial em Luanda e Lourenço Marques, além doutras cidades do litoral, como Lobito e Benguela, em Nova Lisboa, no planalto, e em Nampula, no Niassa.

Comércio externo Nos países em formação o comércio externo é um dos indicadores mais seguros da sua evolução progressiva. A própria natureza das actividades implica alto volume de importações. De modo que, a não haver contrapartida adequada nas exportações, o comércio externo atinge saldos negativos volumosos. Acresce a necessidade de importar bens duráveis, destinados ao desenvolvimento económico, pois quase todos os países tropicais em formação apresentam também no passivo da sua balança de pagamentos verbas vultosas destinadas à liquidação de pensões ou de despesas de sustento de famílias de imigrantes é ainda de encargos de empréstimos contraídos para obras de fomento e outras.

Assim, o problema das exportações de bens e a prestação de serviços têm um relevo excepcional na vida económica dos países subdesenvolvidos. O ultramar português não foge à regra.

Quase todas as províncias ultramarinas apresentam todos os anos saldo negativo.

Em 1956 a diferença entre os sal dos negativos e positivos no ultramar português, excepto a província de Macau, onde não há alfândega, atingiu o déficit de 1 248 300 contos. Apenas Guiné, Angola e S. Tomé e Príncipe tiveram os saldos positivos de, respectivamente, 6000, 127 000 e 60 500 contos. Moçambique elevou ainda o saldo negativo do ano passado, que somara 1 058 700 contos, para 1 220 000 contos. Foi principalmente o deficit desta província, em conjunção com o da metrópole, que concorreu para tão elevado saldo negativo da comunidade portuguesa. Deve dizer-se que em Moçambique as receitas de invisíveis, principalmente as que provêm da prestação de serviços por transportes, atenuam consideràvelmente o desequilíbrio da balança do comércio, e que, no ajuste da balança de pagamentos, é norma a província fechar as suas contas com saldo positivo.

A questão dos deficits das balanças do comércio da metrópole e do ultramar tem alto interesse. Se fosse possível reduzi-los apreciàvelmente, haveria possibilidad e de acelerar o progresso económico de toda a comunidade portuguesa.

Com efeito, o déficit total - ultramar e metrópole - atingiu, em 1956, 5 352 300 contos. É uma cifra vultosa, equivalente a cerca de 26 por cento das importações em todos os territórios. O deficit na metrópole concorre com mais de 4 milhões de contos.

No quadro a seguir dá-se esquemàticamente, por províncias, o conjunto do comércio externo, incluindo a metrópole:

(Em milhares de contos)

(ver tabela na imagem)

(a) Não está feito o apuramento do último quadriénio.

Nota.- Não são mencionados os valores de Macau por motivo de, não havendo alfândegas na província, não oferecem confiança os números publicados nas estatísticas respectivas. O quadro mostra sucintamente a vida do comércio externo nos três anos mencionados.

Em Cabo Verde o déficit diminuiu em relação a 1955, pois foi de apenas 19 400 contos. A Guiné mudou o sinal algébrico do saldo da sua balança comercial, passando de -35 700 contos para +5900 contos. O saldo positivo de S. Tomé e Príncipe melhorou uns 24 000 contos, devido a maiores exportações de cacau, retido do ano anterior.

No caso de Angola não se confirmaram os prognósticos pessimistas do princípio do ano. Medidas restritivas nas importações não permitiram que estas se elevassem para cifras incomportáveis pelas exportações, que, apesar de dificuldades de diversa ordem, atingiram o alto valor de 3 280 000 contos - mais 484 300 contos do que em 1955. Apesar da subida de uns 474 300 contos nas importações, foi possível o saldo positivo de 126 800 contos.

Moçambique continuou a aumentar as suas importações, que atingiram 2 736 300 coutos em 1956 - mais 1 50 000 contos do que em 1955; e as exportações, que somaram 1 515 400 contos, diminuíram ligeiramente.

Estes dois factos conduziram a déficit mais avultado. Na secção respectiva estudar-se-á este problema.

A índia, embora com as suas dificuldades de bloqueio, melhorou consideràvelmente o seu déficit, que havia atingido 382 800 contos em 1955. É de bom augúrio a diminuição do déficit para 183 200 contos. Os recentes trabalhos de fomento e a intensificação das explorações mineiras de ferro e manganês concorreram para esta melhoria.