Nos últimos anos as contas da metrópole acusam auxílios substanciais à economia de Cabo Verde, e na Conta Geral de 1956 foi concedido um novo empréstimo de 29 000 contos, destinado ao financiamento das obras incluídas no Plano de Fomento.

A serem coroados de êxito os esforços realizados no sentido de valorizar os recursos das ilhas, parece poder afirmar-se que a província pode encarar o futuro com melhores perspectivas do que as do passado.

Se, na verdade, for possível alargar a criação de gados, que já hoje tem influência na economia provincial, escoar as produções de frutos através de pequenos portos nas ilhas, canalizando-os para o porto de S. Vicente, em construção, e desenvolver em maior escala a indústria do sal, ao mesmo tempo que outras indústrias relacionadas com recursos naturais, como o peixe, as pozolanas e produtos do artesanato, já de certo interesse, a economia do arquipélago modificar-se-á profundamente.

Os trabalhos em curso para rega e aproveitamento de águas das chuvas, assim como as obras do povoamento florestal, teriam o seu natural corolário no simultâneo aproveitamento dos recursos acima enunciados.

O renovamento da vida económica de Cabo Verde não é apenas uma questão de investimentos, que, para produzirem efeitos, têm de ser aplicados em estudos cuidadosos e num plano que preveja as possibilidades acima enunciadas.

As obras do Plano de Fomento em 1UÕC tom incidido em especial sobre melhoramentos hidroagrícolas, florestais e pecuários e no porto de S. Vicente.

Dada a situação deste porto em relação à navegação europeia para a América do Sul e norte-americana para a África, não parece ser optimismo prever melhores dias, desde que se procure aproveitar todas as suas possibilidades em conjugação com as produções das ilhas. Haveria talvez conveniência em fazer o estudo de pequenos portos, que permitissem mais fácil ligação com o porto de S. Vicente, e sincronizar as actividades ilhoas com a navegação internacional por este porto.

Comércio externo O saldo negativo da balança de comércio foi inferior ao de 1955. Passou de 57 440 contos para 19 423. Esta melhoria deve-se a menores importações na classe das matérias-primas, incluindo combustíveis.

As importações foram de cerca de 308 000 contos - mentis 29 000 contos do que nos anos anteriores. Por outro lado, as exportações aumentaram cerca de 9500 contos. Estes dois factos conjugados melhoraram o saldo negativo, como se escreveu acima.

O volume do comércio externo depende muito do movimento do porto de S. Vicente. Com efeito, tanto nas importações como nas exportações registam-se as entradas e saídas de óleos minerais e outros produtos destinados ao abastecimento da navegação.

Assim, nos quatro últimos anos, o movimento dos óleos combustíveis destinados à navegação, expresso em toneladas, foi o que segue:

(ver tabela na imagem)

Nota-se que as importações e exportações variam entre 400 000 t e 500 000 t, com n excepção de relevo de 1954.

Estas variações influem no saldo da balança de comércio, dados os valores diferentes entre as importações e exportações. Assim, em 1955 a diferença, em contos, entre umas e outras foi de 25 687, e em 1956 atingiu 56 128 a favor da exportação. Esta alteração explica o menor deficit.

Os números relativos ao comércio externo, para certo número de anos, são, em milhares de contos, os que seguem:

(ver tabela na imagem)

Se para os últimos quatro anos se subtraírem às importações e exportações as referentes a óleos para a navegação, encontram-se os resultados que seguem, em milhares de contos:

(ver tabela na imagem)