À parte algumas hesitações assinaladas neste lugar no ano passado, a economia de Angola evolucionou favoravelmente no ano de 1956. As receitas aumentaram e foram bastante além das previsões, e acusaram progresso sensível sobre as do anu anterior.

O comércio externo, tanto nas importações como nas exportações, desenvolveu-se com expressivos acréscimos, produzindo no decorrer do ano um saldo bastante interessante, se forem levadas em conta as circunstâncias em que se desenrolaram as operações nos mercados mundiais. E é de assinalar, com louvor para as actividades económicas angolanas, que parece não terem surgido sérias dificuldades na colocação dos seus produtos. Este facto assinala melhoria sensível nas condições de produção e é a recompensa dos esforços feitos no sentido de a adaptar às exigências dos mercados importadores.

Não se julgue, porém, que neste aspecto não haja ainda muito a realizar. Angola terá de aplicar às suas actividades produtoras métodos de e xploração que lhe permitam concorrência fácil no exterior. A sua economia vive da exportação e está em muitos casos directamente ligada à qualidade dos produtos oferecidos nos mercados internacionais.

O panorama económico que se desenha já nitidamente no horizonte não permite oferecer neste momento prenúncios de conforto e comodidade na colocação de produtos de origem angolana. A zona do mercado comum europeu, que representa uma parcela substancial do campo de Actividade exportadora de Angola, levará naturalmente a dificuldades susceptíveis de opor obstáculos ao progressivo desenvolvimento da província, se não forem tomadas medidas tendentes a defender a economia provincial.

E não são apenas disposições aduaneiras ou de retaliação que podem resolver um problema que, no fundo, é de natureza interna.

O aperfeiçoamento constante das actividades económicas, no que respeita à produtividade dos processos de explorarão e à qualidade dos produtos a exportar, e a sua adaptação tão perfeita quanto possível tis exigências e necessidades dos mercados suo factores fundamentais - pode dizer-se que são armas decisivas na defesa da posição da economia angolana no vasto mundo da concorrência.

O gradual aumento dos consumos metropolitanos, nos diversos aspectos de matérias-primas a substâncias alimentícias, a. fácil colocação de produtos de Angola nos mercados norte-americanos assinalada ainda este ano o próprio desenvolvimento dos mercados consumidores na zona do mercado comum europeu, o lento despertar parti consumos de vastas populações do Médio e Extremo Oriente, tudo parece indicar que Angola, como grande região produtora, pode manter no futuro um lugar cada vez mais relevante e saliente na economia mundial. A província escreveu-se o ano passado está a atravessar uma crise de crescimento.

No fundo, todos os países -até os mais velhos - tendem a viver em perene crise de crescimento, porque se inclinam para o incomensurável dos desejos do homem. Mas os mais novos julgam que se pode em poucos anos alcançar lugar idêntico ao que levou séculos a atingir. Ë verdade que as circunstâncias actuais permitem progressos rápidos em muitos aspectos da vida humana e que se pode chegar à meta desejada em tempo incomparavelmente menor do que outrora. Mas não é menos verdade que surtos rápidos nesses aspectos, em detrimento de outros, produzem um geral crises graves, que atrasam ou impõem o adiamento da execução de projectos realizáveis com progresso mais lento.

O que Angola necessita no momento actual é concentrar os seus esforços no desenvolvimento sistemático, ordenado, dos seus recursos naturais, que são muitos e valiosos.

O correcto aproveitamento desses recursos não leni origem apenas na existência de meios materiais e de investimentos abundantes.

A planificação harmoniosa das potencialidades reconhecidas sem pressas nem optimismo, antes olhando os factos com crua e serena realidade, tal como se apresentam, é, sem dúvida, a base fundamental de um progresso seguro, gradual e certeiro.

Angola vive actualmente da agricultura o procura alargar a sua esfera de acção às actividades industriais. Para o bom êxito no progresso destas duas fontes de riqueza - a indústria e a agricultura - necessita-se de técnica adaptada às condições locais e de orientação superior, imparcial e atenta às exigências da província em cada momento.

Embora seja fácil enunciar estes princípios, que até em países antigos, como a velha metrópole, ião difíceis são de aplicar, não é possível num vasto país, cheio de energia criadora e sujeito a salutares ambições de rápido progresso, impor sempre os melhores métodos na exploração de recursos naturais com a importância que se projecta no futuro. O caso do aproveitamento do Cuanza para rega. navegação o energia ilustra perfeitamente o que se acabo, de dizer.

A tendência será sempre para ver apenas as possibilidades energéticas. A produção de energia pode produzir rendimentos imediatos com menor es forro de organização e persistência a nalguns casos até de concepção.

Ora no Cuanza suo susceptíveis outras utilizações, e talvez mais rendosas, em simultaneidade com a da