Nota-se que os saldos disponíveis somavam apenas 286 537 contos em fins de 1956. Foram examinados os diversos aspectos da situação da província de Angola, quer os de ordem económica, quer os de ordem financeira.

Apesar de dificuldades de vária natureza que ensombraram as relações internacionais, Angola aumentou consideràvelmente as suas exportações, destacando-se o café e, em volume, o milho.

E natural que continue a evidenciar-se, em quantidade pelo menos, a exportação destes dois produtos, dadas as plantações feitas ultimamente e as novas instalações de silos no Lobito e em diversos pontos do território.

Recentes desenvolvimentos de natureza industrial em Luanda e no Lobito e, em menor escala, noutros pontos do vasto território permitem augurar a produção de certas mercadorias agora importadas e a sua substituição por produtos fabricados na província. Até se pode prever com segurança a exportação de alguns produtos industriais para países vizinhos, como os adubos, e mesmo para a Europa, como a celulose.

Mas não se prevêem melhorias sensíveis na balança do comércio porque a província, em pleno crescimento, continuará a importar volumosas quantidades de mercadorias essenciais aos consumos e ao fomento dos seus. recursos naturais.

Quanto à situação financeira, o exercício de 1956 fechou com saldo positivo avultado, como, aliás, nos anos anteriores. Significa isto que o excesso das receitas ordinárias é grande e que se gastaram elevadas somas por conta de saldos de anos económicos findos, visto ter sido parcimonioso, considerando a obra realizada, o recurso ao empréstimo.

Sobre este aspecto podem considerar-se dentro dos preceitos constitucionais as despesas feitas por força de empréstimos, dado o grande número de obras do fomento de natureza reprodutiva.

Embora não se discrimine o que foi financiado em conta de empréstimos, não há duvida de que as aplicações, mencionadas na Constituição, feitas em Angola vão muito além dos empréstimos utilizados.

Um sintoma que não augura bem para o futuro é a diminuição dos impostos directos, embora o aumento dos indirectos fosse de molde a cobri-la inteiramente, e até com excesso.

Tendo em couta as dificuldades em obter declarações certas de rendimentos, o problema de uma reforma tributária antolha-se difícil.

As receitas têm de aumentar o seu ritmo de progresso porque a tendência para o desenvolvimento das despesas é manifesta.

O financiamento das novas empresas de fomento no próximo futuro terá de ser feito com recurso no empréstimo em muito maior intensidade do que no passado.

Pode considerar-se satisfatório o estado da dívida pública, com encargos que não vão além de 1,4 por cento nos juros pagos.

Será possível elevar o capital da dívida, mas já não parece fácil manter taxas de juro equivalentes.

Assim, os novos empréstimos terão de ser dirigidos para obras reprodutivas e de entre elas as que ofereçam mais rápida reprodução.