Ao todo as despesas ordinárias subiram de 2 378 965 contos para 2 637 131 contos. Se se preferir medi-las em termos que não incluam as alterações sofridas pelos serviços autónomos, elas elevaram-se de 949 150 contos para l 044 990 contos.

É interessante notar os progressos das despesas ordinárias nos últimos dezoito anos, desde o início da guerra. Naquela data - em 1908 - o seu total pouco

ultrapassava os 268 000 contos. Foram aumentando bastante até ao fim da guerra, mas nessa altura apenas somavam cerca de três vezes mais.

De 1946 a 1956 subiram para 2 637 131 contos; o aumento acentuou-se, em especial a partir de 1950.

A seguir indicaram-se as despesas ordinárias e extraordinárias de modo a dar o panorama geral do conjunto:

Estudar-se-ão adiante, e com certo pormenor, as despesas de cada serviço e dar-se-á bastante latitude ao exame das despesas extraordinárias, por ser através delas que se procura, o actual desenvolvimento da província, em especial nos aspectos económicos. A subida das defesas ordinárias, incluindo as dos serviços autónomos, foi muito grande. Considerando os três anos do princípio e fins da guerra, o de 1950 e o de 1956, os números - índices, na base de 1938 igual a 100, foram, respectivamente, de 285, 497 e 984, como se indica no quadro a seguir:

O exercício de 1956 foi o de maiores despesas em Moçambique e o seu índice, referido a 1938, ultrapassou o rio todas as províncias ultramarinas. Os dois índices de aumento de despesas ordinárias que se lhe comparam-os de Timor e Angola- foram, respectivamente de 751 e 679. Viu-se que, considerando apenas as despesas ordinárias da Administração, isto é, sem incluir os serviços autónomos -, elas se elevaram a l 044 990 contos e subiram 95 840 contos em relação a 1955.

Era inevitável este aumento, que não parece ter sido grande, dado que neste ano já actuou a última reforma dos vencimentos.

O estágio de progresso a que chegou Moçambique requer a reorganização de serviços, a criação de novas despesas na instrução e na sanidade, o alargamento de despesas de ocupação em quase toda a província, mas em especial nas zonas fronteiriças, obras importantes em matéria de comunicações e melhoramentos rurais e urbanos, um sem número de pequenas despesas inerentes a um país que está em pleno crescimento.

Além de que a recente reforma de vencimentos não resolveu o problema das remunerações.

Assim, as forças que impulsionaram a despesa são poderosas e apesar dos esforços feitos e a fazer para as comprimir tudo indica o sentido do aumento .

Há em especial o caso de estudos relacionados com a agricultura e a pecuária. É inegável que Moçambique tem aptidões agrícolas de grande interesse e possibilidades de muito maiores produções do que as actuais.

Esforços louváveis no sentido de melhorar o conhecimento da aptidão dos solos e investigações feitas com o objectivo de aproveitar a mão-de-obra indígena com maior eficiência têm sido coroados de êxito em diversas zonas da província. Foi dado o impulso inicial, e há que continuá-lo. Para esse efeito torna-se necessária a inversão de maior somatório de capitais e orientação económica eficaz dada pelos serviços oficiais.

As despesas ordinárias aumentarão nos próximos anos. É lei natural e não há possibilidade de lhe fugir. O aumento de despesas teve lugar em todas as rubricas orçamentais -, mas o seu quantitativo variou.

A influência de cada uma das rubricas no conjunto das despesas também tem variado no decorrer dos anos, a ponto de se inverterem as suas posições num longo período.

Foram os serviços de fomento os de maior acréscimo de despesa, por ser neles que se contabilizam as dos portos, caminhos de ferro e transportes. Os encargos gerais, onde cabem verbas com variados destinos, e os serviços de administração e fiscalização vêm a seguir.

Tem interesse o quadro em que se mostram as percentagens no decorrer dos últimos dezoito anos.