alta consideração e ao dizer que as considera como das mais independentes e objectivas. Independência significa efectivamente e antes de tudo objectividade, e muito convém, meditar neste facto para melhor compreendermos o significado profundo da afirmação.

A preocupação de defender tudo quanto represente interesse superior da Nação é bem, patente nas colunas dos nossos, grandes diários e ainda - é justo não o esquecer-nos pequenos e, por vezes, tão bem feitos jornais que por esse País fora são produto da dedicarão de tantos e tão bons portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O sensacional, só porque é sensacional, não lhes interessa. Registemo-lo, pois bem merece ser vincado traço tão saliente nos processos de trabalho da nossa imprensa.

Posso mesmo recordar - e faço-o com particular gosto - que ao representar com outros a imprensa portuguesa em importantíssimo acontecimento da vida do Mundo, ocorrido há pouco mais de um ano em país da Europa Central, pude apreciar como todos relataram objectivamente os factos e os comentaram, com manifesta independência da maneira de pensar de cada um.

Essa força e essa glória inteiramente cabem aos jornalistas portugueses, cujas especiais condições de trabalho precisam de, em vários planos, melhor ser consideradas e resolvidas, problema sobre cuja importância oportunamente chamarei a atenção do Governo e, em particular, do Ministério das Corporações.

Sr. Presidente: a Sala de Imprensa, que o Dr. Moreira Baptista em boa hora imaginou e que constitui, a partir de ontem, uma realidade ao serviço dos jornais e jornalistas portugueses e estrangeiros, tem ainda o objectivo de tonar mais íntimos, os contactos entre os diversos departamentos, do Estado e os meios de informação.

Muitas vezes são esses departamentos públicos especialmente, ciosos dos seus conhecimentos, sistematicamente negando a sua colaboração aos jornalistas que a solicitam, esquecendo-se de que não apenas lhe devem, mas dela em absoluto carecem. Claro está que. nos grandes momentos e ocasiões, dos jornais se socorrem, mas a informação não vive apenas de circunstâncias excepcionais, mas também do que todos os dias ocorre.

Pode mesmo suceder que a um jornal ou a um jornalista interessem problemas que aos outros não importem: mas, longe de se contrariar curiosidade que é necessidade da profissão, deve-se estimula-la e fornecer-lhe os elementos que, quantas vezes, adormecem inutilmente em arquivos com ou sem poeira.

Os mais diversos organismos do Estado e as pessoas que os dirigem têm de se convencer desta certeza, que ao Secretariado Nacional da Informação compele especialmente servir.

E porque o Secretariado quer servir em moldes cada vez mais eficientes disso é prova cabal a inauguração ontem efectuada da Sala de Imprensa e as palavras nessa ocasião pronunciadas pelo Dr. Moreira Baptista - temos a convicção de que todos saberão colaborar com o sadio optimismo e a franca alegria que são características essenciais de uma convivência agradável e útil, e não com pessimismo, doentios e mal escondida má vontade e desconfiança.

Ao ver que o secretário nacional da Informação, conforme ele expressamente, referiu, actualiza métodos ultrapassados pelas necessidades do tempo e pelas realidades da época, ao sentir o seu veemente desejo de realizar uma acção a que todos aspiramos, não podia deixar de lhe dizer que o acompanho e, sem dúvida, o acompanhamos, no afinco e no vigor do seu trabalho. Por isso, deste lugar, onde atentamente se segue tudo o que à Nação interessa, quis endereçar-lhe o meu aplauso e o meu louvor.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Águedo de Oliveira: - Apoiado!

O Orador: - Procurei imediatamente informar-me, como prometi ao ilustre colega, sobre algumas, dúvidas que apresentei, e isto porque desejaria de alguma forma contribuir para completar a sua intervenção.

 afluência de alunos ao ensino tem sido, felizmente, a causa das perturbações que se verificam.

É um dos casos em que pudemos dizer que a causa do mal é animadora. É um evidente sinal de progresso das províncias ultramarinas.

É da mais elementar justiça afirmar, como o fez o ilustre colega, que o Governo prestou toda a atenção ao ensino no ultramar justamente quando mais era preciso, isto é, nos últimos anos. Criou novos estabelecimentos de ensino, introduziu novas modalidades de ensino e alargou os quadros.

O Sr. Águedo de Oliveira: - Apoiado ainda!

O Orador:- Referir-me-ei, nestas breves notas, apenas ao ensino liceal em Angola, principal objecto da intervenção do ilustre colega.

Um lema tem presidido à solução dos problemas do ensino secundário no ultramar: nenhum aluno que requeira admissão ao ensino será rejeitado por falta de capacidade dos respectivos estabelecimentos.

Vejamos então o que se passa.

Quanto a professores: de 1954 a 1957 foram criados para Angola 31 lugares de professores de liceu. Como havia já 45, conclui-se que nestes últimos anos o quadro aumentou assim em mais de 68 por cento, isto é, mais de dois terços.

Ora a frequência, que era de 1162 alunos em 1953, elevou-se a 1954 alunos no ano de 1956, o que representa por sua vez um aumento dos mesmos 68 por cento. Donde se conclui que o quadro docente efectivo se ajustou a esta proporção.

Deve notar-se que o Ministério criou não só todos os lugares de professores que. o Governo-geral de Angola propôs, como até mais alguns.

Este movimento crescente de alunos e de. professores foi também acompanhado pela criarão de novos estabelecimentos de ensino secundário. Nesse mesmo período foram criados o Liceu Feminino D. Guiomar de Lencastre, em Luanda, e os Liceus de Benguela e de Nova Lisboa.