(Ver tabela na imagem)

Interessa-nos particularmente a evolução dos últimos cem anos, ou seja de 1864 a 1950: Verifica-se que neste período a população do continente e ilhas mais do que duplicou. A um índice de 100 para 1864 corresponde um índice de 201,5 para 1950;

2) No primeiro decénio da República o aumento foi insignificante. A instabilidade política, a intensa emigração e a pneumónica, com os seus 55 000 mortos, ajudam a explicar o fenómeno ;

3) O aumento no decénio de 1930-1940 foi mais notável que no decénio de 1940-

1950. Assim, a um índice de 100 em 1930 corresponde um índice de 113,1 em 1940, enquanto que a um índice de 100 de 1940 corresponde: um índice de 109,3 em 1950.

Esta última constatação, aliada à análise dos números posteriores a 1950, põe um problema, a meu ver, grave:

Terão passado, entre nós, os períodos dos grandes aumentos demográficos?

Uma análise, já não global, mas particularizada, de alguns indicadores permite tirar as seguintes conclusões:

a) À nossa natalidade, embora se mantenha nos primeiros lugares do conjunto europeu , tem, no seu processo interno, decrescido notavelmente.

É esta a lição dos números:

1930-1934 .............. 30,6

6) A taxa de mortalidade, embora tenha acusado um louvável decréscimo, ainda não atingiu as cifras desejadas, iguais à dos países localizados num condicionalismo idêntico ao de Portugal.

Assim, a evolução da mortalidade processou-se como segue:

1920-1924 .............. 21,9

Ora a taxa de mortalidade da Espanha e da Itália, em 1955, foi respectivamente de 9,3 e 9,1. Particularmente, a mortalidade infantil está ainda longe das boas posições europeias.

No decénio de 1921-1930 o índice médio de mortalidade infantil (permilagem) era em Portugal de 146,7, bom distante dos da Suécia (59,3), da Holanda (59,1) e da Noruega (50,7). As taxas de nupcialidade mantém-se tradicionalmente baixas, sendo, por outro lado, elevado o número de filhos ilegítimos em Portugal.

Os índices de nupcialidade, nos últimos anos, evoluíram como se segue:

1955 ................. 8,34

Em 1951 a taxa de nupcialidade era na Alemanha de 10,3, na Áustria de 9,1, na Holanda de 8,8 e na Inglaterra de 8,2.

Da conjugação de alguns destes elementos surgem outras tantas questões. Assim:

1) A diminuição da taxa de natalidade tem ultrapassado a queda da taxa de mortalidade. Entre 1930 e 1953 a mortalidade diminuiu de 5,75 , enquanto que a baixa da natalidade foi de 6,22;

2) Tal facto afecta a composição etária da população portuguesa, isto é, concorro para o fenómeno do envelhecimento da mesma;

3) Acresce que, perante o maior número de indivíduos em idade de serem pais, é pouco lisonjeira (demogràficamente falando) a quebra da natalidade;

4) De tudo se conclui impor-se como último recurso, uma vitória substancial na luta contra a mortalidade infantil.

Repetimos: Portugal mantém ainda hoje no concerto europeu posição de destaque quanto aos saldos fisiológicos. E o que resulta, por exemplo, do seguinte mapa, que extraímos de um trabalho do Prof. Almeida Garrett, relativo ao período de 1949-1951 (permilagem):

Suíça....................7,5

Estendeu-se a assistência preventiva e curativa e aumentou o nível de vida da nossa população, o que concorreu para alargar consideravelmente a média de vida. As melhores comodidades da vida, por sua vez, ajudam a explicar o conhecido princípio naturalístico de que uma dada espécie será tanto mais fecunda quanto pior armada para procurar subsistências e lutar contra a concorrência vital - daqui uma das explicações da diminuição da natalidade global.