Os investimentos previstos no Plano são, por capítulos, os seguintes (em contos): Agricultura, silvicultura e pecuária ............. 3 630 000

II. Pesca, indústrias extractivas transformadoras ... 5 770 000

VI. Investigação e ensino técnico ................... 630 000

Esta repartição por sectores só é verdadeiramente significativa quando os números sejam referidos ao investimento total previsto para o sexénio em cada sector. Ora os investimentos inscritos no Plano para a agricultura, para a indústria e para as comunicações são parcelas inferiores a 50 por cento de quanto se investe no País nessas actividades. É aproximadamente de dois terços na electricidade o investimento planeado em relação ao total e chega-se à maior percentagem nos transportes. Deste modo, o peso das infra-estruturas não, é tamanho, no Plano como à primeira vista poderá parecer, salvo no que respeita às comunicações, onde avulta a ponte sobre o Tejo, cuja construção, todavia, fica condicionada ao seu financiamento pelo exterior. Comparando os investimentos planeados com a distribuição das somas efectivamente gastas até final de 1957, acrescidas do projectado para 1958, no domínio do I Plano, ver-se-á como houve a preocupação de equilibrar melhor a distribuição por sec tores, fazendo incidir um esforço mais acentuado na agricultura e na indústria (valores em contos):

(b) Não se incluiu a previ»ao paru o Banco do Fomento do Ultramar.

Insiste-se, porém, em que os investimentos são um dos elementos do Plano, mas não se identificam com ele. É assim que a soma inscrita no capítulo das indústrias não inclui o financiamento da reorganização industrial, nem esta, quando levada a efeito segundo a orientação que o Governo considera indicada e que assenta, sobretudo, em melhor aproveitamento do capital existente, melhor organização da produção e técnica mais perfeita, se traduz, integralmente, por somas a investir. A distribuição das verbas exprime uma firme intenção: a de dar a máxima importância às actividades produtivas. Mas a infra-estrutura tem necessariamente de acompanhar o desenvolvimento desses sectores, sob pena de, a não ser assim, se dificultar, e impedir mesmo, a expansão desejada.

Por outro lado, embora o objectivo principal do Plano seja o de conseguir a aceleração do ritmo de acréscimo do produto nacional, ele não era nem podia ser o único visado. As realidades da economia portuguesa e deveres impreteríveis de ordem social obrigam a acautelar o emprego dos trabalhadores e a estabelecer o Plano em termos tais que dele não possam resultar crises de trabalho, para além de episódicas o transitórias situações a que a reconversão industrial dê lugar, permitindo fácil reabsorção da mão-de-obra dispensada. Não pode também deixar de se ter em couta a força de trabalho trazida em cada ano à vida activa pelas novas gerações em busca de emprego nem esquecer a necessidade de ir absorvendo no País parte da mão-de-obra que abandona o meio rural para fugir ao subemprego.

Nestas condições, a melhoria do nível de vida tem de ir sendo conquistada com mais lentidão do que numa economia em que fosse possível prosseguir a todo o transe uma política de produtividade técnica. Dá-se, contudo, o maior impulso à consecução desse objectivo, quer através de investimentos inscritos no Plano (viação rural, expansão da electrificação e alargamento da rede telefónica nacional e escolas técnicas, por exemplo), quer mediante a acção a desenvolver fora dele quanto à habitação, ao abastecimento de águas, ao saneamento, à assistência sanitária e à educação de base.

Quanto à melhoria da balança de comércio, sabe-se que um plano de desenvolvimento obriga, na fase em que nos encontramos, a importar do estrangeiro bens de equipamento dispendiosos. Esse agravamento das importações só pode ser compensado pela restrição da aquisição noutros países de bens de consumo dispensáveis e, sobretudo, pelo aumento substancial da quantidade e do valor da exportação portuguesa.

Teremos de realizar um grande esforço, não só para produzir mais e melhor, como para encontrar colocação rendosa para a produção nacional. Para esse efeito, o alargamento do mercado interno não basta: é indispensável conquistar mercados externos, alargar a gama dos produtos exportados, conseguir penetrar mais profundamente nos mercados habituais, o que tudo exigirá multiplicação de esforços, aguçamento de engenho, renovação de métodos e até educação da mentalidade. Exportar é para a economia portuguesa uma necessidade vital. Ao esquematizar as linhas gerais de desenvolvimento, que se espera sejam definidoras da evolução do período 1959-1964, há, que partir da situação prevista para 1958. Segundo as previsões feitas, os elementos básicos característicos da nossa situação económica nesse ano e no período 1950-1958 são os seguintes (valores expressos em preços de 1954):

No período 1950-1958: