com o vale de Alcântara, no que respeita à ligação ferroviária.
A Avenida de Ceuta possui, na realidade, condições excepcionais para preencher as necessidades dos tráfegos nacional, regional e local, uma vez que está praticamente liberta do serviço urbano marginal e que será dotada de ligações directas a todas as grandes circulares de Lisboa e, por intermédio destas, às grandes radiais que dão acesso imediato à rede rodoviária nacional. Quanto aos acessos rodoviários na margem sul, em correspondência com esta directriz, o problema não oferece dificuldades.
No que se refere às comunicações ferroviárias, o vale de Alcântara presta-se satisfatoriamente à ligação da obra de atravessamento do Tejo com a rede nacional. Por outro lado, qualquer traçado na encosta poente do vale poderá prolongar-se com facilidade na margem sul.
Outros condicionamentos portuários a observar dizem respeito à altura livre e à distância entre apoios no caso da solução ponte.
No caso da solução túnel, a obra não deverá interferir com as acostagens e os fundeadouros dos navios.
Do ponto de vista do planeamento geral em que deverá integrar-se a ligação à margem sul do Tejo, é necessário que sejam tidos em conta os seguintes empreendimentos, directamente ligados com a exploração portuária e que se encontram em estudo ou em fase de simples enunciado:
Remodelação das instalações terrestres relativas às comunicações fluviais, que terão de persistir;
Expansão das instalações portuárias na península do Montijo em relação com o estabelecimento da zona franca, dos grandes estaleiros navais, e de outras indústrias importantes;
Melhoramento das instalações portuárias da margem sul do Tejo, de harmonia com o plano geral estabelecido;
Outras conclusões formuladas neste capítulo da defesa nacional foram as seguintes:
A obra tem interesse fundamental para a defesa do País, não só no quadro da estratégia geral da coligação internacional de que Portugal faz parte, como também nos aspectos regional e local com vista à defesa da área sensível constituída pela cidade e seu porto;
A ligação ferroviária deverá ser de grande rendimento, para, além do mais, facilitar a realização do plano de evacuação da população civil da capital; deverá ainda integrar-se na rede geral do País e ter características que não estimulem a criação na margem sul de um prolongamento urbano da cidade, considerando-se em especial contra-indicada a extensão da rede do metropolitano de Lisboa para a outra margem;
A solução mais favorável para os interesses da defesa nacional seria a de um túnel perfurado ou cavado no subsolo rochoso do rio. Na impossibilidade técnica ou económica desta solução, deverá optar-se pela ponte suspensa ou túnel em vala dragada com um conveniente recobrimento;
O perfil transversal da obra deverá permitir a passagem dos maiores veículos militares e, se possível, o estabelecimento de todas as correntes de tráfego que as operações militares e a defesa civil podem exigir;
Na elaboração do projecto deverão ser tidas em conta disposições construtivas que possam eliminar ou reduzir as dificuldades que a obra de arte poderia acarretar, quer para a utilização do porto de Lisboa, quer para as operações de defesa deste e da capital;
Finalmente, recomenda-se que sejam estudadas e postas em prática medidas para facilitar a remoção dos escombros resultantes da eventual destruição da obra pela acção do inimigo.
No que diz respeito ao túnel, os condicionamentos geológicos do leito do Tejo excluem a possibilidade da consideração do túnel perfurado, aliás sempre dificultado pela grande profundidade a que seria necessário construí-lo para o alojar em formações suficientemente consistentes.
Fica como solução possível, em princípio, o túnel assente em vala dragada. Tal túnel seria construído em terra, por troços, conduzidos por flutuação até ao local onde seriam afundados para assentarem no leito de uma vala, prèviamente dragada no fundo do rio, com a profundidade necessária para alojamento do tubo e para o recobrimento indispensável - ao todo cerca de uns 15 m a 20 m.
Seria neste caso ainda necessária a adopção de disposições especiais para atender aos assentamentos desiguais, provocados pela consolidação gradual das formações heterogéneas do enchiment o aluvionar.
Quanto à solução ponte, verificou-se ser possível a construção de uma ponte suspensa - único tipo adaptável às circunstâncias -, com o vão central de 1000 m, exigido pela exploração portuária.