diplomados com cursos técnicos de todos os graus de ensino. E aqui se observa um círculo vicioso daqueles que caracterizam países não muito evoluídos, porque se o desenvolvimento económico depende dá qualificação do trabalho, este não pode atingir um alto grau de qualidade sem os meios técnicos e o ambiente próprios das economias desenvolvidas.

A falta de técnicos bem habilitados embaraça o arranque e dificulta a continuidade da expansão, mesmo quando não seja fruste a iniciativa, nem escasseiem os capitais, originando típico estrangulamento da evolução económica.

noutras hipóteses, especialmente nas indústrias pesadas ou visando à exportação, a mecanização crescente e a própria automatização hão-de conduzir a menor absorção de mão-de-obra, embora com maior grau de qualificação técnica e de especialização. Não significa isto, porém, que uma crescente mecanização não dê lugar, indirectamente, a novos empregos, exigindo comprovada perícia, quer porque passem a fabricar-se máquinas, ou partes delas, que antes se importavam, quer porque se torne necessário assegurar assistência técnica e reparações a equipamentos tecnològicamente mais complexos, quer porque aumente a exigência dos requisitos estabelecidos para a aquisição de matérias-primas. A este propósito, faz falta conhecer em pormenor os efeitos indirectos operados na nossa economia pela criação, nos últimos unos, de algumas grandes indústrias acentuadamente mecanizadas que, não obstante não ocuparem grandes volumes de mão-de-obra, geraram, de forma imediata, diversas acti vidades agrícolas, industriais e comerciais.

A despeito da falta de elementos para uma previsão, 3 das incógnitas a que ficou feita referência, deve em princípio contar-se com considerável aumento das necessidades quanto a pessoal tecnicamente adestrado com aptidões cada vez mais diversificadas, desde os operários aos capatazes e desde os agentes técnicos aos engenheiros. O desenvolvimento económico implica, portanto, uma larga generalização da educação popular, para que, nos sectores da agricultura, da indústria e dos serviços, a mão-de-obra possa corresponder às exigências crescentes da evolução tecnológica.

Antes da frequência das escolas técnicas há a preparação mínima, de grau primário, que constitui a educação de base. Deve ser objecto dos maiores cuidados, pois representa, para a maioria da população - como terá de continuar a acontecer por bastante tempo ainda -, simultaneamente instrução basilar e preparação genérica para o ingresso nas actividades produtivas.

Nos últimos anos, pràticamente 80 por cento dos alunos aprovados no exame do 1.º grau do ensino primário não seguiram outros estudos, encaminhando-se directamente para as tarefas profissionais. Para esses, o referido grau de instrução primária funcionou como educação de base, representando, no campo da cultura geral, toda a preparação para a vida.

Mas em bora, rigorosamente, todo o ensino possa ter influência no desenvolvimento económico, a verdade é que o ramo do ensino técnico exerce acção preponderante sobre a qualificação da mão-de-obra e sobre a capacidade profissional do trabalho de condução técnica e de direcção administrativa.

O ensino técnico é, com efeito, o que se reflecte imediatamente na produtividade, contribuindo de modo directo para preparar e adestrar o trabalho nacional para as tarefas produtivas basilares.

Quer pela população escolar que o frequenta, quer pela natureza das suas disciplinas e dos seus cursos, quer pela feição teórico-prática dos métodos pedagógicos, este ramo de ensino é aquele que, em Portugal, se encontra directamente orientado para o exercício das actividades industriais, comerciais e agrícolas.

É ele, portanto, que deve figurar no Plano de Fomento, uma vez que os investimentos públicos que lhe dizem respeito podem contribuir poderosamente para o aproveitamento dos recursos naturais.

Prosseguindo na orientação adoptada no I Plano, inclui-se pois o ensino técnico no II Plano. O ensino superior de índole não clássica é assegurado por um Instituto Superior Técnico e por uma Faculdade de Engenharia, pelo Instituto Superior de Agronomia e por diversas escolas especializadas, como a de Medicina Tropical, a de Medicina Veterinária, a do Exército e a Naval, além do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos e da nova Faculdade de Economia.

Não é o ensino técnico de grau superior o que mais lògicamente deve encontrar aqui lugar. A reorganização e o desenvolvimento do ensino técnico superior, embora fortemente possam minimizar a relativa penúria de técnicos especializados em determinados sectores, devem fazer parte da política económica e da política educativa gerais.

Resta, por isso, o ensino técnico profissional, considerado nos dois escalões elementar-complementar e