geiros, aceitam e reconhecem as virtudes e méritos dos nossos critérios legislativos e oficiais.

Reconhecem que não há separarão entre nós e que existe por forma incontestável uma política de conjunto, enquadrando metrópole e ultramar.

Reconhecem que a nossa economia se mantém ainda no mercado livre, dependente de livres decisões dos empresários, e que o Estudo supre deficiências ou procura vencer a lentidão do sector privado, e assim, se o Estudo liberal não povoou o bastante, o Estado actual haverá de fazê-lo.

Reconhecem que a política portuguesa se encaminha relevantemente no sentido de facilitar espaços e meios nos nossos excedentes demográficos.

Reconhecem a penúria da mão-de-obra dentro do critério dos 3,3 por quilómetro quadrado de Angola.

Criticam n esforço, que parece modesto pela leitura das verbas, mus que a alta do valor da moeda engrandece.

Criticam e discutem, sem aprofundar responsabilidades, de Lisboa Lourenço Marques e Goa, o que lhes parece ser a ausência de plano social.

Consideram o branco como um hóspede e como um intrometido, e esta teimosia de ficar -que é outra coisa no jeito da nossa gente- acham que irá criar novos problemas.

Desde o sector da planificação à econometria, desde o nacionalismo arrebatado até à infiltra cão marxista, dos socialistas aos radicais, estes são os grandes juízos de conjunto formulados sobre as nossas coisas.

Pois bem! Se aproximarmos tais reparos dalgumas dúvidas e observações formuladas entre nós, temos de reconhecer a sua relativa compreensão e intuito de acertar, partindo dos bastiões políticos donde o fogo é dirigido.

Não encontrei uma palavra de condenação às experiências de colonato; não vi queixas de exageros de verba, antes se repara na sua modéstia; não parece mesmo que o exclusivismo de brancos em. certas zonas ocasionará dificuldades; reparos. se fazem, mas é ao convívio ao luso-tropicalismo como trazendo novas perplexidades.

Desta primeira forma dou apenas um exemplo típico- o colonato livre do Gongo Belga.

Os Belgas pensam que o- amor ao trabalho, a iniciativa e o desejo de constituir um lar são a mola principal deste colonato.

Cada um dirige-se para a imensidade do Congo com as suas faculdades de energia, disciplina, vontade de poder, e procura estabelecer uma casa.

Tem para isso regiões privilegiadas - Uíle Alta Catanga Kivu - onde os brancos podem viver favoravelmente.

Dedicam-se à fria cã o de bois e carneiros, à exploração agrícola do café. bananas e milho, plantas próprias para a perfumaria; comerceiam, montam barbearias, padarias; entregam-se às- pequenas indústrias, exploram, restaurantes e hotéis como centros de atracção turística.

Mas o Congo é riquíssima; os transportes fluviais quase gratuitos; a atracção que exerce por forma regular; povoado o bastante, pois Ruanda e Urundi tem anais quatro vezes indígenas do que Angola.

Tem noções de convivência social que não se ajustam com as nossas, e sobretudo dispõe da potência capitalista e industrial dos Belgas, que é imensa.

Além destas formas, há outras de colonização espontânea ou livro e de colonatos programados pelas autoridades do crescimento económico, patentes na Judeia. Camarões. Nigéria. Indonésia.

Há verdadeiros colonatos agrícolas do sector público constituídos por concessão, alienarão ou doação condicional ou por cooperativas.

Outros revestem a forma de empréstimo e seguem uma orientação parecida com a do velho Ato Torrens. Na Líbia a colonizarão implicou despesas governativas descomunais

Vejo que com governos semiliberais e alheados, que às vezes exigem ao emigrante um mínimo de 200 contos, as despesas de l.º estabelecimento por agricultor nunca são inferiores a 1000 ou 1200 libras.

Seguem-se a estas modalidades outras de concessão s aforamento, predominando neste caso os critérios jurídicos, em vez de preocupações económicas e sociais.

Na maioria dos casos, pois resistem, ficam chocados, criam complexos psicológicos.

Há ainda outro aspecto: nalguns casos, o exagero dos financiamentos, dos gastos locais, agravou os males de inflação dos territórios.

Agora vou dar a Câmara um novo elemento que lhe permitirá fazer um juízo mais seguro acerca da matéria em debate.

Lendo os programas de investimento, compulsando o muito que se tem escrito nos meios bancários e internacionais sobre programas de investimento nos territórios africanos, estudando-se necessidades, recursos, exigências, produções, regimes, mercados, fontes de financiamento e método, volumes e taxas de juro e equipamento básico encontra-se formulada uma política de progresso económico, de educações e saúde e raramente há uma referência ao factor humano que entra e carece de terra.

Porquê?

Porque esses programas se baseiam nos dons americanos e no investimento dos capitalistas internacionais. E estes não se interessam pelos programas de fixação, naturalmente dispendiosos ou de remunerações longínquas e indirectas.

Portanto, não devemos deixar-nos arrastar por critérios capitalistas internacional, se queremos construir para fazer obra duradoira - e portuguesa !

Quem reclama colonização livre não pode reclamar simultaneamente colonização em massa com emigrantes.

E porquê?

Porque aquela é unia colonização de empresários e profissionais independentes, dotados de iniciativa, e estas qualidades são apanágios de alguns e não de muitos.

A colonização programada pelo Estado e em curto prazo tem de organizar, encarreirar, suprir deficiências