Quanto à população da metrópole e ilhas adjacentes, os saldos fisiológicos e líquidos relativos aos anos de 1950 a 1956 (entrando em linha de conta, no que respeita aos saldos líquidos, os saldos fisiológicos, a emigração, o retorno definitivo o saldo do movimento com o ultramar) foram os seguintes:

Em face do mapa que nos apresenta, em relação ao ano de l955 uma descida do saldo fisiológico de 14 570 e do saldo liquido de 11 724. sinto a mesma melancolia confessada no parecer sobre as Contas Gerais do Estado de 1956, relatado pelo ilustre Deputado Araújo Correia e que já nos foi distribuído para ser apreciado dentro em breve nesta Assembleia.

O caso explica-se com o aumento da taxa da mortalidade e a diminuição da taxa da natalidade. Mas ó como se diz no parecer:

Este fenómeno é sério sob todos os pontos de vista. O desenvolvimento do País há-de necessitar de mais mão-de-obra. A ideia de que a mecanização promoverá o desemprego tem de ser vista à luz duma organização adequada. Já hoje há falta de braços nalgumas regiões e o desenvolvimento do ultramar requer a transferência de maior número de indivíduos da metrópole.

Não obstante, as possibilidades do emprego no continente e nas ilhas adjacentes continuaram a revelar-se insuficientes e a emigração e o povoamento do ultramar serviram, como recursos inevitáveis, para atenuar as crises de trabalho (persisto em atribuir ao povoamento das províncias ultramarinas por habitantes da metrópole e das ilhas adjacentes o carácter de arrumo demográfico interno fora dos velhos conceitos de emigração e colonização). Apesar disso, as crises e as manchas de carência alimentar que se verificam ainda, embora mais limitadas e menos numerosas do que em 1952 verdade seja, demonstram a necessidade de mais e mais adequadas medidas tendentes a equilibrar os rendimentos familiares das regiões afectadas ou a descongestionar simplesmente essas regiões.

O movimento especificado da nossa emigração de 1950 até 1956 consta de quadros especiais que tive ocasião de elaborar em relação ao continente e às ilhas adjacentes, por anos, distritos e destinos, o ainda, quanto às ilhas, em mapas separados, que juntarei para serem publicados no Diário das Sessões a seguir ao texto das considerações que estou produzindo. Sem embargo, parece-me conveniente lidar, desde já. com os totais apurados:

O maior destino continua a ser o Brasil: em relação aos emigrantes do continente, 127 244 para um total de 140 498. Enquanto os outros destinos receberam 22 254 emigrantes da metrópole, e Brasil absorveu, no mesmo espaço de tempo, 127 244. Em relação aos emigrantes da Madeira e Açores, na soma de 30 270, 16 659 preferiram o Brasil.

A Argentina, os Estados Unidos da América, a França, a União Sul-Africano, o Curaçau e a Venezuela figuram também como países destinatários.

Podem agrupar-se sob a rubi iça «Outros países» aqueles que têm recebido quotas mínimas. No entanto, e por conveniência, de exposição, com vista às conclusões sobre os rumos do nosso movimento emigratório. ofereço o seguinte quadro referente ao Canadá:

Estes números dizem apenas respeito aos contingentes orientados pela Junta da Emigração, havendo a acrescentar-lhes 2000 familiares chamados, o que eleva o total a cerca de 800.

Como se vê, o movimento da nossa emigração continua a ser dispersivo. Apesar de o Brasil figurar por muito à cabeça do todos os destinos, não paramos de exportar sangue para ser misturado e perdido. Que garantias de real e frutuosa projecção no futuro poderão ter para Portugal os seus emigrantes fixados um países de outras raças?

E o mais grave é quando nos levam só os melhores; o Canadá chega a enviar médicos seus, que verificar os apuramentos, aliás feitos segundo regras e instruções já de si muito apertadas. Só os indiscutivelmente sãos conseguem preencher as exigências a que é submetida, do ponto de vista sanitário, a emigração portuguesa para aquele país. Neste, andar e circunscrevendo o problema a uma área populacional reduzida, como é, por exemplo, a da ilha de S. Miguel, nos Açores, ver-nos-íamos obrigados a pôr, dentro de um período relativamente curto, a terrível questão do próprio envelhecimento da raça. E se não nos afligem as possíveis consequências do rumo encetado é porque a atenção devotada superiormente ao nosso fenómeno emigratório ó garantia segura de que o Governo tomará, no devido tempo, as medidas mais adequadas

Países que não constituam, pelas suas características étnicas, um verdadeiro prolongamento da afirmação portuguesa no Mundo devem, por sistema, ser riscados das nossas perspectivas emigratórias.

E digo por sistema visto que em 1952, ao pegar neste dado e ao admitir a sujeição transitória aos vários e possíveis rumos de escoamento, acrescentei que teríamos de rever a nossa, política do emigrarão, marcando--lhe unicamente dois destinos- Brasil a América do Norte.

Aduzi razões que condenso, [...] firmando que o Brasil é um rios mais importantes factores da nossa saliência entre as nações e que os Estados Unidos da América, país onde o amálgama de raças realizou o prodígio da nação mais forte- da Terra, nunca deverão ser colocados em circunstâncias de poder esquecer a participação do esforço português nas vitórias do seu engrandecimento.