força das oscilações nas cotações dos géneros coloniais nos grandes mercados mundiais, decaíram em mais de 1,5 milhões de patacas.

Não são, como se disse, ainda conhecidos mais do que os números globais respeitantes às importações e exportações timorenses.

A terminar, à semelhança do que fizemos para as outras províncias ultramarinas e obedecendo ao critério já enunciado de que os números, só por si, pouco dizem, vamos fazer uma breve resenha da agricultura e indústria de Timor, analisando-as sob o ponto de vista objectivo.

Para começar diremos que Timor se encontra no limiar de uma fase de desenvolvimento económico assente num mais intenso aproveitamento dos seus recursos agrícolas. A longa distância a que se encontra da metrópole e a sua pequenez física e demográfica, relativamente falando, têm contribuído para que o seu progresso seja lento. Mas as prospecções de petróleo, recentemente iniciadas e que se afigura deverem ser coroadas de êxito, representam um a esperança de que a situação ora existente se modificará nos anos vindouros.

A agricultura timorense orienta-se para uma cultura paralela de géneros básicos de alimentação dos povos nativos e produtos para a exportação: é a situação clássica de todos os países novos, com um restrito mercado interno, quer no que respeita a sua capacidade, quer no que se refere à sua diversidade.

O milho e o arroz são os géneros básicos da alimentação timorense, a que sucedem, num plano mais modesto, o feijão, as batatas e a mandioca. Os principais géneros de exportação são o café, a copra e a borracha.

Os nativos dedicam-se a cultura dos géneros pobres, pondo em prática .uma técnica agrícola rudimentar. As terras destinadas a cultura do milho são viradas por meio de paus aguçados e a sementeira é feita, meses depois, em pequenos buracos, onde se lançam duas a três sementes. Se as terras têm cobertura florestal, as sementeiras são precedidas de derruba e de uma queimada.

F eitas as colheitas, em regra escassas, mau grado a fertilidade de algumas terras, o milho entra na alimentação indígena em grão, cozido ou assado: a farinação é pouco frequente.

O arroz, embora encontre em Timor muitas regiões ecologicamente adequadas à sua cultura, tem na cozinha do nativo um lugar de muito menor relevo que o do milho.

No litoral a cultura é predominantemente de regadio, feita em tabuleiros preparados com o auxílio de búfalos, que transformam a terra a semear num lamaçal onde o capim, meio enterrado, serve de fertilizante. A semente, previamente posta a germinar, é lançada à terra directamente. Só em certas regiões se começam agora a pôr em prática técnicas menos rudimentares, com lavoura das terras e transplantação das pequenas plantas de arroz do viveiro para os tabuleiros.

O Governo da província adquiriu recentemente algumas debulhadoras,

1.º Os violentos ataques de hemileia - doença endémica na província que se acentua nos anos em que as condições climatéricas são favoráveis ao seu desenvolvimento, como parece ter sucedido, por exemplo, em 1953. As plantas atacadas enfraqueceram a tal ponto que as produções de 1954 e 1955 mal ultrapassaram metade das do último ano de boa produção. Verifica-se, todavia, que os cafèzeiros já estão refeitos e com aspecto tão bom que é de prever poderem, já nos próximos anos, voltar a produzir normalmente;

2.º A deficiente arborização nos cafezais pertença dos nativos e o desleixo no tratamento das plantas.

Há ainda a considerar, como causa fortuita, as irregularidades climatéricas.

Contra estas causas estão a ser tomadas na província medidas que, estamos certos, darão os resultados desejados.

A borracha, introduzida na província pela Sociedade Agrícola Pátria e Trabalho, Lda., é, presentemente, o segundo produto básico das exportações timorenses. Todavia, não está ainda em produção uma décima parte das plantações existentes. Os nativos, salvo raras excepções, não têm até agora mostrado qualquer interesse por esta cultura, que pode, num futuro próximo, ter na vida económica de Timor relevo igual ao do café.

A produção de copra tem-se mantido, desde 1951, mais ou menos em redor das 1500 t. Mas como são muitos os terrenos adequados a esta cultura, em Timor, e o Governo impulsionou a sua expansão, é de esperar que num futuro próximo as exportações venham a elevar-se consideràvelmente.

A existência pecuária de Timor ultrapassa 0,5 milhão de cabeças. Bois, búfalos, cavalos e porcos são as espécies de maior relevo. A exportação de peles de búfalo chegou a alcançar as 150 t, mas hoje está reduzida a pouco mais de nada, devido às imposições sanitárias.

A indústria de Timor mal ensaia os seus primeiros passos. Um mercado interno muito restrito, a ausência de capitais e de técnica, limitam os seus horizontes a bem pouco. Em Baucau e Díli existem duas pequenas instalações para extracção de óleo de copra. Pequenas fabriquetas de sabões satisfazem o mercado interno com um produto que, quanto a uma delas, tem boa apresentação e qualidade. Fabricam-se também refrigerantes em fluas modestas unidades e manteiga e queijo de boa qualidade, mas em volume que não chega para satisfazer as necessidades de consumo.

A pesca, que poderia ser uma actividade prometedora, é uma indústria de restrito desenvolvimento: poucos são os indígenas que se dedicam a ela.

E a isto se resume a indústria de Timor.