de sucessão da propriedade; há a questão dos investimentos, sempre a rever; há o estabelecimento de novos núcleos, etc. Estou certo de elas cias não deixarão de merecer o cuidado de quem de direito.

Isto quanto ao puro sistema, dos casais agrícolas referidos.

Mas encaro com a maior simpatia e grande esperança todo o surto que vejo desabrochar nas indústrias extractivas e do transformação; a reforma do sistema agrário na cultura do chá; o desenvolvimento do tabaco; as facilidades para o estabelecimento de propriedades médias, o que se me afigura muito eficiente nesta conjuntura; a prosperidade comercial; os grandes investimentos em empresas agrícolas e de outra natureza; enfim, tudo o mais que possa favorecer o povoamento.

Entendo ser de elementar justiça salientar a atitude do Estado, que não tem hesitado em tomar a iniciativa dos grandes investimentos no ultramar, desbravando o caminho para os empreendimentos dos particulares, felizmente dia a dia mais numerosos. Mas que todos, Estado e particulares, tenham sempre em vista, não apenas a rentabilidade imediata dos investimentos - porventura, transitória e ameaçada de extinção - , mas uma rentabilidade mais alta e duradoura, a que lhe advém da cada vez mais intensa nacionalização de todos os valores económicos e humanos da terra portuguesa de África.

O que eu não poderia deixar de contemplar, sem grande desgosto, seria a indiferença do Estado perante tão grande problema. Felizmente assim não tem sucedido. bem pelo contrário.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

quem os ia apresentar.

Aos colegas que intervieram, ao major Aires Martins, que requereu a generalização do debate, deixo, também, o meu indelével reconhecimento, não porque aplaudissem ou lisonjeassem (agradeço, igualmente, aos que discordaram), mas porque, através das suas intervenções, iluminaram uma discussão que eu sozinho não poderia arrastar. Portuguêsmente lhes digo: bem hajam !

Sr. Presidente: quando o mais novo dos novos Deputados ousa apresentar um aviso prévio no tom e com as características que V. Ex.ª terá verificado e os colegas mais velhos, mais experientes e mais categorizados se dispõem a aceitar o terreno por ele traçado e sobem sucessivamente a esta tribuna, é porque, para além da camaradagem tão serenamente mantida nesta Casa, alguma coisa se disse e alguns problemas de real interesse foi possível agitar.

Discutiu-se e discordou-se; mas como não discutir e discordar se se abarcaram inúmeros problemas, se equacionaram diversos critérios, se esboçaram variadas soluções?

Não trouxe para esta tribuna a ilusão da unanimidade, mas abandono-a com a certeza de que todos procura mós defender o melhor interesse da grei e todos nos esforçámos por apresentar soluções verdadeiramente nacionais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: Sr. Presidente: não tenho coragem para regressar no fundo dos problemas e duvido da coragem que a Assembleia teria para me ouvir. Quero, no entanto, fazer dois ou três breves apontamentos.

Fui acusado de demagogo.

E possível que neste país continuem a existir mentalidades que ainda confundem demagogia e justiça, retórica e verdade, facciosismo e disciplina. Tanto pior para elas. Atrevo-me tão-sòmente a julgar que fui independente e que agi na minha condição de homem relativamente livre: independência e liberdade de que não seria capaz de abdicar fosso em que circunstâncias fosse.

Ao longo do longo tampo em que esgotei a paciência dos colegas tive a oportunidade (gratíssima ao meu coração) do prestar homenagem ao génio político de Salazar e ao ressurgimento que o País atravessa vai para trinta anos. Critiquei, é certo, pormenores; critiquei, mesmo, uma ou outra orientação-base; mas oscilaram, porventura, os alicerces da oliva, gigantesca? A História não se pode destruir - e a obra de Salazar pertence à história de Portugal.

Acusaram-me, depois, de ter fornecido à oposição, em período pré-eleitoral (ainda por cima, revestido de características especiais), argumentos para críticas violentas ao regime. A esses respondo que, longe de fornecer, roubei argumentos e críticas à oposição, porque se somos nós, os do Estado Novo, os primeiros a criticar e a reconhecer os erros e os desvios que porventura tivéssemos cometido, elevamo-nos acima dos adversários e provamos-lhes que a Assembleia Nacional não é o lago tranquilo que apregoam, nem a solene academia de elogio mútuo, com que pretendem minimizar-nos.

A nossa superioridade, Sr. Presidente, está em quo nós somos capazes de elogiar e de criticar, conforme os casos, as circunstâncias e a apreciação objectiva das real idades; ao passo que eles, eles só podem e só sabem destruir, cegos ante a evidência, surdos ante os clamores da verdade, que gritam ao País a obra magnífica destes trinta anos de ressurgimento nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador. - Vaidade uma vez mais legítima, mas desta vez não só vaidade minha, porque vaidade de todos nós, Sr. Presidente, e Srs. Deputados, pela clareza das nossas .posições, pela independência dos nossos juízos, pela chama do nosso entusiasmo, pela beleza do nosso combate.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Outro ponto. Tive a sorte de efectivar e aviso prévio na véspera de o Governo enviar à Assembleia, o II Plano de Fomento. Digo «tive a sorte» porque pela leitura apressada que me foi dado fazer do notável trabalho verifiquei que o Governo se orientou.