As importações contraem, mas UM exportações expandem ao encontro do acréscimo da procura americana e europeia que se empenha em criar grandes existências de bens.
Desde então os .saldos da balança de contas internacionais evoluem num sentido positivo, perserverante o inalterável, como pode ver-se:
Milhares de contos
Em 19 de Setembro de 1950 assinou-se em Paris o acordo que criava a União Europeia de Pagamentos e passámos do apostolado da plurilateralidade idade à integração e à liberdade de transacção.
Neste ano e nos seguintes o País e os dirigentes económicos empenharam-se num rude, tremendo e soberbo esforço: dotar a Nação com alguns empreendimentos do captação de forças, conversão em energia, incremento da produção agrícola e industrial, circulação social e transferibilidade mais rápida, integração do conjunto metropolitano, insular, ultramarino e dos núcleos estrangeiros que favoreciam o abrigo e circulação de capitais, o despertar dos recursos financeiros e riscando as colunas do passivo inseriam no activo da balança do pagamentos novos e altos valores nacionais.
E assim no activo das liquidações inscreviam-se por cifras astronómicas os ganhos do café de Angola e doutras exportações da nossa terra distante.
Lisboa e outras cidades, na sua beleza principesca, maculada por aterros e covas, adquiria uma vida, uni bulício, uma febre desconhecida. E podia dizer-se que os automóveis que rodavam com profusão não eram impelidos apenas pelos seus motores a carburante, mas também os guiava o café angolano, que lhes assegurava divisas.
Cito este facto, e talvez por forma pitoresca, porque ele não é perfeitamente entendido. Angola apresenta durante estes unos um activo fenomenal a favor da positividade da balança. E se esta fora em conta corrente, não lhe faltariam ainda hoje coberturas a seu favor.
Mas os valores fornecidos por ela e pelas demais grandes províncias tendem, pela lei dos países novos que ordena a incrementação das suas importações; as ajudas que provêm dos territórios de além-mar tendem a declinar nos últimos anos:
Milhares de contos
sendo assim menos acentuado o seu poder de recomposição do equilíbrio e a força ascensional impelida às entradas, como adiante veremos.
A acumulação de reservas de ouro e divisas, permitida pelos saldos da balança, não segue colada ou paralela à, linha dos saldos, pois que dependo de decisões das autoridades monetárias, de cálculos de ã minto mais restrito do que a balança, porque são de ordem paramento nacional e não privada e de estratégia do negócios que abona princípios de administração.
Puderam assim ser ampliadas e desenvolvidas, no Banco de Portugal, as seguintes reservas de ouro o cambiais:
Milhares de contos
Há entre estes números de entesoura meu to e os números globais de abastecimento que representam os saldos de divisas, créditos e entradas de remessas e capitais uma certa preguiça e distância, porque nem tudo é convertível e fixável e nem tudo se transfere como ganho para elemento ou reserva da economia pública.
Portanto, o facto significativo destes dias é que a acumulação de reservas, que já prosseguia em ritmo abrandado nos últimos tempos, estacou.
Em 1956 obtivera-se ainda um saldo de balança de perto de 900 000 contos ao qual se segue o déficit de 1957, de l80 000.
Assim, a inclinação do braço da balança regista, além do que se deixou de ganhar e se vinha entesourando, o que se perdeu.
O facto merece registo parlamentar.
Cultores da previsão económica, dirão que era sabido, porque estava prevista a viragem.
Optimistas arcarão facilmente com tão pequena responsabilidade que os factos de 1946 a 1919 amesquinham.
Porém, o nosso povo crê no poder que Deus nos deu de vencer as próprias dificuldades e por isso dirá singelamente que a perder ninguém é rico.
E não.
Mantêm-se os fretes, as remessas, as despesas de turismo, a entrada de capitais.
Dominam em todo u caso os dólares, embora acorressem em grande número; aumentou porém mais de dois terços o deficit na área da U. E. P.
Há outro aspecto para que devo chamar a atenção do Sr. Presidente, e é o do receio dos bancos internacionais que as balanças desequilibradas conduzam a empenhar meios e créditos não como fontes de investimento, mas como aplicações momentâneas à obtenção de divisas.
Bem vistos os factos, seria ridículo que no animo de alguém se gerasse o temor porque a nossa balança internacional se fechou com um pequeno déficit.
O Banco de Portugal mostra, como se disse, que este não atinge sequer l por cento das reservas acumuladas. Teremos de vê-lo ainda no confronto histórico com a lição de 46 a 49 para elucidar a sua pequenez.
O problema, em todo o caso, não é o de uma economia estacionária, mas o de uma economia que, no aspecto comercial, está forçando a marcha das importações e dos gastos e se mostra tarda, quer nas exportações, quer nos ganhos.
Aos fenómenos de desenvolvimento económico e social, à integração magnifica do conjunto, temos de apontar agora as propensões e preferências do consumidor e do comércio, que neste cantão reinam ainda em quase completa soberania.
Assim, atrás do pigmeu espreita o gigante.
Assim, atrás do déficit momentâneo e exíguo se pode surpreender um gosto peninsular pela vida e uma arte mercantil que não souberam fixar a corrente de ouro, valores e mercadorias, que por aqui passavam sem detença para ir beneficiar as economias alheias.
Atrás do pigmeu espreita o gigante.
E o gigante é o déficit do nosso comércio metropolitano- (déficit crónico, plurissecular, nefasto, paradigma peninsular de erros e deficiências estruturais.
Desfez-se em fumo o sonho do Eldorado, desvaneceram-se os fumos da índia.