direitos aduaneiros sobre os vinhos pesados baixaram de 5U para 38 xelins por galão. Isto é: passaram de 24.200$ a 18.400$ por pipa.

Chamo a atenção dos Srs. Deputados sobre a baixa de direitos ser superior ao preço pelo qual os exportadores adquirem na vindima uma pipa de vinho (mosto e aguardente).

Para terminar, quero destacar que não foram vãs as esperanças por mim manifestadas nesta Assembleia em 27 de Abril de 1907.

Disse então que esperava que a Grã-Bretanha viesse a reduzir os direitos aduaneiros que incidiam sobre o vinho do Porto.

Felizmente os vaticínios realizaram-se, para o que concorreu, não só o Governo e o Parlamento da nossa velha aliada, mas também o nosso Governo, que, pela sua hábil, real e inteligente política externa, tão bem tem sabido defender todos os nossos interesses. Em particular em relação à nossa velha aliada essa política foi coroada com o maior êxito quando, no ano passado, Sua Graciosa Majestade a Rainha de Inglaterra nos visitou.

O calor, a amizade, o respeito, a admiração e o entusiasmo espontâneo com que o povo da cidade do vinho do Porto recebeu na sua terra Sua Graciosa Majestade a Rainha criaram com certeza um clima que muito deveria ter contribuído para que a actual medida tomada pelo Chanceler do Tesouro fosse um facto. Esta, beneficiando o sector do vinho do Porto, beneficia também a cidade que lhe deu o nome.

Não quero deixar de me referir também com muito apreço ao muito que se deve à Port Wine Trade Association de Londres, que muitos esforços despendeu para que a baixa de direitos se transformasse numa realidade.

Sr. Presidente: termino estas breves considerações afirmando que todo o sector do vinho do Porto (pena tenho de não poder substituir estas últimas palavras por Corporação do Vinho do Porto) está altamente grato ao Sr. Presidente do Conselho, que, pela sua sábia política externa, criou o ambiente que tornou possível a referida baixa de direitos.

Esperemos que essa redução seja acompanhada de uma intensificação da propaganda, para assim podermos tirar todo o partido da medida acabada de anunciar.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

uma: ou a ideia do porto .artificial da Terceira se tem como sendo apenas a fantasia de um grande sonho que tiveram, sucessivamente, gerações inteiras, ou se aceita como correspondendo a uma necessidade digna de ser considerada, mesmo sem avultadas compensações de ordem económica, mas a que, por vários motivos, se tem vontade de dar satisfação.

No primeiro caso, isto é, tratando-se de um sonho, arrumada e morta fica toda a questão logo na origem. E não valeria a pena falar mais nela ... a não ser (diria a voz magoada da história) para que a ilha Terceira de Jesus Cristo, sempre, aliás, fiel à sua vocação patriótica e desinteressada -que alguém chamou «o signo do sacrifício»-, e até ouvindo aí, em supremo esforço da mais nobre resignação, o ânimo bastante para quantas imolações o presente e o futuro da Nação lhe possam ainda exigir, exclamasse, todavia (desabafando num irreprimível brado alucinado, digno entretanto do respeito infundido pela dor), que não fora, precisamen te, a sua conhecida lealdade, constância e extremada generosidade, em que de si mesma sempre se esqueceu, e tivera, contrariamente ao seu habitei, sabido a tempo impor-se com firmeza, já de há muitas dezenas de anos possuiria o sonhado porto! ...

No segundo caso, isto é, tratando-se, como na realidade se trata, de uma verdadeira necessidade, está exactamente demonstrado, larga e exaustivamente -e estas paredes deviam até sabê-lo de cor, se fossem dotadas de memória-, que esse porto é uma ingente e flagrante necessidade, inteiramente digna de ser atendida.

E tanto assim que, felizmente, depois de reiteradas - pode dizer-se seculares - instâncias, o problema acabou por ser submetido a estudo, aturado e laborioso, mas que, lamentavelmente, apesar de decorridos dez anos, não se encontra em termos de poder ser dado por concluído.

Urge, pois, terminar tal estudo, para que possa assentar-se, quanto antes, na orientação a seguir, visto que, entrementes, o tempo vai passando, a necessidade permanece e cada vez se torna mais imperioso e inadiável satisfazê-la.

Ninguém duvida, aliás, da compreensão e das possibilidades do Governo para o conseguir. E é mesmo por isso que, parecendo escusado insistir, ansiosamente se espera a todo o momento uma decisão.

Reflectindo este sentimento de esperança, duramente experimentado, ao comentar o discurso que sobre esta questão aqui pronunciou em Fevereiro último o meu ilustre colega Dr. Ramiro Valadão, publicou um jornal de Angra do Heroísmo os seguintes períodos, expressivamente reveladores de um estado de espírito colectivo:

... O apelo do orador envolve uma aspiração que não data de hoje nem de ontem. Existe desde 1660, exposta em linhas formais a el-rei, a 30 de Abril daquele ano, pelo capitão Francisco de Orneias, alegando o grande número de embarcações que ancoravam na pequenina Angra desabrigada.

E desde então tem sido uma expectativa, um desejo veemente do nosso povo, uma necessidade que se alicerçou, que vem rolando, de geração em geração, mais tempo num ambiente de descrença que de optimismo, sem nunca, até hoje, lhe haver sorrido em expressão de imediata realidade.

Outras cidades açorianas dispõem há largos anos de excelentes docas, enquanto a Terceira continua à espera. Uma vez mais volta a agitar-se a questão do porto de abrigo. De novo a reivindicação em suspenso, referendada por um decreto real e selada pelo sangue, pelo martírio, pelo sofrimento e por actos de