também a instalação de unidades fabris que explorem, numa actividade já existente novas modalidades ou novos processos tecnológicos.

Deseja-se, no entanto, observar que, apesar da referência à inversão de capitais públicos, com que começa o período transcrito, essa facilidade de auxílio não se menciona nas alíneas em que seguidamente se enumeram os meios de acção. E certo que a última dessas alíneas se refere à base IV da Lei n.º 2005, mas cita-a apenas no que respeita a facilidades tributárias, o que pode significar querer excluir-se a hipótese da base III daquela lei (capital do Estado) ou da alínea a) da base IV (concessão de créditos). Pode, pelo menos, ser fonte de discussão. Por outro lado, a exigência de «novas modalidades ou novos processos» é mais elástica que a de «novas indústrias», mas não evita que no III Plano haja necessidade de escrever novo texto a esclarecer que a expressão «novos processos» deve ser entendida em «sentido amplo».

Não pode deixar de reconhecer-se que é lenta e laboriosa a evolução de ideias que, desde a guerra, nos leva ao fomento industrial. É largo o progresso registado; mas cada novo texto, quando avança sobre o anterior, fá-lo com tanta cautela que parece deixar sempre um recanto menos iluminado, sobre o qual incide, na hora de agir, a interpretação menos favorável. Bom testemunho é da prudência com que se quer evitar um passo em falso; mas anda-lhe inerente a responsabilidade da lentidão com que avançamos e que, na hora das desavenças e recriminação, todos reconhecemos penitentes.

O certo é que o Plano não anuncia, contra o que seria de desejar, algumas novas indústrias de «importância para a economia nacional», limitando-se a afirmar (n.º 21) que «não é possível enumerar desde já as novas indústrias cuja instalação é reportada de interesse...». E intuitivo que não seria conveniente uma enumeração limitativa que impedisse o alargamento da lista à medida que surgissem iniciativas dignas de consideração; mas, dado o apreço em que é tida a Concessão daquele título, pelo que dá de estímulo e confiança aos particulares baixo, porque é a primeira na sequência e a menos difícil na exploração; mas a obra não está completa e não são aceitáveis meias obras.

A indústria metalomecânica portuguesa, apesar do sensível progresso dos últimos anos, trazido por algumas unidades renovadoras de processos e de propósitos, é ainda francamente inferior ao mínimo tolerável; são talvez milhares de unidades, em que há uma esmagadora maioria sem mais preparação do que para fazer consertos em obra velha.

Infelizmente, muitos se julgam construtores, quando não passam de copistas de desenhos ou máquinas que se lhes mandem ou apanhem à mão; não suspeitam de que ser construtor mecânico não é fazer peças ao torno ou à fresa, mas é antes projectar, ensaiar, aperfeiçoar e garantir, segundo normas bem definidas, os artigos da sua indústria. E destes quantos temos?

Resulta daqui a nossa pesada, importação de toda a espécie de artefactos de mecânica, salário convertido em matéria que a outros dá provei to e a nós subemprego; e dá-nos também, tantas vezes, o terror da máquina, como se esta fosse invenção diabólica para desempregar o homem.

Mas a posição digna do homem não é a de negar ou esconjurar a máquina nem a de ter medo da sua própria obra: é a de vencer a máquina, construindo outras máquinas - melhores, se puder.

E porque neste ponto situamos a nova directriz industrial que este País tem de seguir se quiser viver - directriz difícil, mas nobre, arriscada, mas valiosa -, sentimos: que o II Plano de Fomento lhe não desse a distinção de uma referência. Para mostrar a estima em que se tem a indústria transformadora como órgão propulsor do nível de vida não basta que se acentue, como o faz, muito justamente, o relatório final preparatório (capítulo I, n.º 1). que ela contribui hoje (estimativa para 1958) com 38,6 por cento para o produto nacional bruto, com uma capitação de 25.200$, incidindo sobre 25,5 por cento da população activa com profissão; é necessário traduzi-lo neste Plano, contemplando novas indústrias com particular afinco. É preciso que b Estado, com unidade de pensamento em toda a escala da hierarquia, estimule iniciativas ou se apro-