bem a faculdade da sua distribuição, pois elas, melhor que ninguém, conhecem a verdadeira miséria e todos os locais onde se alberga.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - A distribuição anual pelo País ficará no arbítrio do Governo, que acudirá mais rapidamente onde as necessidades forem mais prementes.

Li há dias, com o maior aprazimento, a visita feita pelo Sr. Presidente do Conselho ao Casal Ventoso, em Lisboa, e fiquei com a arreigada convicção de que ela iria ser o início de melhores dias para a pobre gente que nesse bairro habita.

Sem o menor espírito de lisonja, que nunca cultivei, já estou habituado a interpretar as palavras e os actos do Sr. Presidente do Conselho no .seu verdadeiro sentido, e daí as fundadas esperanças, ou. melhor, a certeza, de que o combate à miséria vai ser enfrentado a sério e resolvido com verdadeiro espírito cristão.

Eu sei que países muito mais ricos e civilizados que o nosso têm miséria igual ou maior que a que se ostenta ao lado das nossas cidades, mas tratemos nós de resolver os nossos problemas e dêmos mais uma vez, exemplo ao Mundo da verdadeira fraternidade que Cristo pregou e que informa a doutrina que também pregamos e seguimos.

Se eu não tivesse pregado no deserto e tivessem sido ouvidas as palavras já aqui por mini proferidas, apoiadas nessa altura por toda a Assembleia e por tantas entidades de todo o País, que me manifestaram a sua concordância e aplauso, já se. tinham acabado com muitos Casais Ventosos que existem no País e que tom de desaparecer o mais rapidamente possível.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O que preconizo está dentro da nossa doutrina, de conseguir um lar para todas as famílias portuguesas, oferecendo-o àquelas que não têm possibilidade manifesta de o conseguir por seu esforço ou seu trabalho.

Num orçamento em que se joga com verbas astronómicas, não são esses escassos milhares de contos que causam perturbação, e, como já disse também, esse acto do Governo seria um alto exemplo aos bafejados da fortuna para lhe seguirem as pisadas, com benemerências de igual quilate.

Se esta sugestão for aceite agora pelo Governo, ainda está-mos a tempo de se construírem as casas a distribuir em 28 de Maio de 1959. com a certeza do auxílio e colaboração das câmaras municipais dos distritos a beneficiar, que ficarão à escolha do Governo, pela ordem das suas maiores necessidades.

Sr. Presidente: vamos entrar no ano próximo na execução do segundo grande Plano de Fomento, que todos esperam traga a prosperidade desejada paru o nosso país.

Atrevo-me a chamar a atenção do Governo, pelo seu sector económico, à fronte do qual se encontram alguns dos mais altos valores do nosso país, para a necessidade de resolver os problemas do trabalho na região de maior densidade populacional de Portugal, o Minho ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... cuja população cresce todos os anos em grande progressão, necessitando por isso de ocupação para todos os braços que existem, a fim de angariarem o pão nosso de cada dia.

Atrevo-me ainda a pedir ao Ministério da Economia a sua esclarecida atenção para a indústria de chapéus, que se extinguiu lamentavelmente na cidade do Braga, onde se encontram encerradas as suas fábricas, à espera do que alguém estude os projectos de reorganização dessa mesma indústria, há muitos anos já em poder das estâncias competentes, e talvez ela possa renascer das próprias cinzas.

Tenho fé nos homens do Governo e peço a Dons que a minha expectativa, que é lambem a de todos os habitantes dessa populosa região, não seja iludida mais uma vez.

Tenho dito.

Vozes : - Muito bem, muito bem ! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Bartolomeu Gromicho: - Sr. Presidente: não sei a quem devo a honra da minha inscrição paira hoje, porquanto soube há pouco, após o almoço, que estava inscrito para hoje, o que veio ao encontro dos meus desejos. Agradeço a V. Ex.ª a honra de ter consentido a minha inscrição. E até talvez fique assim mais dentro do § 1.º do artigo 46.º do Regimento.

Sr. Presidente: a. imprensa, a rádio e. dessa vez, até a televisão, puseram em evidência o que se passou no sábado pretérito em Évora, quando da sessão inaugural da exposição dos trabalhos levada a rabo durante o mês de Setembro pela já conhecida Missão Internacional de Arte.

Foi essa Missão Internacional de Arte realizada por iniciativa do Grupo Pró-Évora e com auxílio de várias e muitas entidades particulares e também muitas entidades oficiais. Basta este pormenor que acabei de expor paira se verificar qual a importância que teve o há-de. ter a Missão Internacional de Arte. A própria sessão inaugural o revela ta mbém, porquanto ela teve excepcional brilho e luzimento não pela minha pobre palavra que lá teve de ser ouvida ...

Vozes : - Não apoiado !

execução deste empreendimento que foi a Missão Internacional de Arte.

É de justiça acentuar que quem teve a primeira iniciativa foi a Póvoa de Varzim, há dois anos, essa risonha terra que se espelha no mar, duma beleza extraordinária, não só no seu casario mas trombem nos seus movimentos. organizando, através da sua comissão municipal de turismo, uma modesta Missão Internacional de Arte de artistas plásticos.

E. assim, convergiu lá, em 1955 meia dúzia de estrangeiros e portugueses, por iniciativa do distinto pintor portuense Júlio Resende.