também, mortos que não morrem da Idade Nova; e os seus espíritos continuam, como os de antanho. a ser os desejados guias das gerações, dessas juventudes que a cada momento se levantam para continuar.

Entre eles, Linhares de Lima foi um dos que maior preito dedicou à terra, porque, sentiu bem que no seu palpitar comungavam, de facto na mais puras aspirações da grei.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os seus rasgos de lutador audaz continuam hoje a comandar uma obra que vai. transformando, mercê de labor hercúleo, pedras, encostas escalvadas, vales ressequidos e até areias estéreis, cá e lá, na Europa e nas Áfricas, nesse majestoso campo que há-de ser, em futuro que já se adivinha próximo, o mais sólido alicerce do engrandecimento da Nação. E, assim, ignorar que a mata cresce a olhos vistos, tapando já feridas sem conta da nossa velhice; desconhecer que o pão alvo volta, progressivamente, a ocupar o solar que lhe é próprio e onde regressa mais rico em valores e possibilidades; olvidar que esse grão, que é pão do Oriente, depois de mitigar necessidades de sustento de portugueses da Europa, ao Oriente regressa, para sustento dos da índia; esquecer que os frutos do mais esmerado cultivo afinem, com relativa abundância, às feiras e mercados das cidades e dos campos; desconhecer que a água já começou a regar o campo árido, mas temperado, bem como o escaldado pelo calor dos trópicos, transformando terras outrora infecundas em veigas fertilíssimas, e que a máquina já auxilia, em larga escala, o trabalho do cultivador; desconhecer que os primeiros passos dados para a transformação dos latifúndios em ridentes casais já constituem exemplo repetido, como fértil semente, algures em África ...; esquecer, ainda, os grandes beneficias conseguidos pelos organismos (pie foram o embrião das corporações; olvidar que o conhecimento perfeito do meio que possuímos, pura do facto o possuirmos, caminha hoje a pasmos seguros- é. na verdade, não viver o século que passa. Mas nem .por isso a obra e o espírito que a vivifica deixarão de continuar ...

Outros, e alguns destacados, tomaram o facho, e o que constituía, há pouco mais de um vinténio, nos tempos, ainda tão próximos, dos alvores da Revolução Nacional, simples aspiração, e porque não dizer maravilhoso sonho, é hoje palpável realidade.

Dizia: e por que não dizer maravilhoso sonho ... Mas não leria, antes de ser realidade, e antes mesmo de se tornar lenda, sido um sonho a imagem de Ourique no pensar do Fundador? E não teria sido, também, um sonho a visão de D. Nuno, nos campos de Aljubarrota, da vitória pela fé, e apenas pela fé, de uma pátria, que seria pátria eterna de uma missão? Não teria sido, antes de realidade, um sonho a meditação do Infante, virado ao oceano e aos astros, na véspera do nosso voto ao mar? E não teria sido. também, um sonho, antes de realidade, a divina protecção da Rainha do Céu, quando o Restaurador, em fervorosa oração, via já Portugal, sob a alta protecção divina, redimido e libertado?

Foram, na realidade, tudo maravilhosos sonhos, digo, sonhos altos, que, mais tarde, o povo e os seus poetas transformaram em belas e gloriosas lendas e a que depois o tempo dos tempos deu foros de verdade.

Esta, também, a certeza da consoladora verdade da Idade Nova.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando alguns saudosistas do passado, que é triste relembrar, camuflados de progressistas ou de inconformistas com a situação de ordem que reina na vida nacional, tentam ainda fazer esquecer donde .se partiu ou toldar com miragens de ideais ultrapassados os horizontes da nossa política e nos apresentam, para denegrir, metas atingidas por outras nações para fazerem crer no nosso atraso, comparando incomparáveis índices referentes a outros climas e situações firmadas através dos tempos pela geografia e riqueza herdada, apenas Se nos radica mais no espírito a grandeza do que já foi feito e o valor incomensurável do piloto que arrosta, não só com os violentos temporais que atingem a nossa civilização, mas, também, com os imprevisíveis redemoinhos em que se transformam dentro dos nossos próprios muros.

Quando, porém, o sol de novo desponta entre as nuvens e se figuram com maior nitidez as sombras e as penumbras passageiras que maculam a vida nacional, fácil é divisar então que elas em nada diferem das que, noutras épocas da história, constituíram os inevitáveis negativos de uma missão. Sombras q m; na realidade se repetem no rodai da história como o joio a conspurcar a boa seara. E para esses apenas a justiça severa mas inatacàvelmente justa de um D. João II ...

Mas adiante. Como muito bem se diz no parecer da Câmara Corporativa:

O nosso atraso não nos permitia que tomássemos lugar que de algum modo se equiparasse ao dos países muito mais adiantados quando gizámos os nossos planos. Como se compreende, o que se lhes tornava possível não o era para nós: mais ricos em bens e em saber técnico, divergiam sensivelmente os pontos de partida. Daí as acentuadas diferenças, quer no âmbito das realizações, quer no seu ritmo, em pronunciado desfavor da actuação portuguesa.

Podemos afirmar, porém, e como conclusão a tirar dos últimos congressos e reuniões especialistas em ciências económicas, que de facto, o País se encontra, presentemente, em condições de boa receptividade para entrar numa progressiva fase de desenvolvimento económico e social. E isso deve-se, fora de dúvida, ao difícil e moroso trabalho que houve de fazer-se até hoje para preparar as possibilidades para este estádio de arranque.

Para se entrar nesta nova fase. a par do estímulo para a necessária evolução infra-estrutural é mister conseguir agora acréscimo marcado da capacidade produtora, instalada nos domínios da agricultura e da indústria, e ainda da produtividade, mercê do uso de téc-