tem obrigações económicas e sociais e que a sua estrutura será tanto melhor quanto melhor corresponder a esses deveres de facto e não em teoria. A solução teoricamente boa tem de ser uma tendência a ter em vista para quando as condições do meio a tornem efectivamente viável.

Dentro das teorias económicas que o arrumo das populações vai impondo vai evoluindo também o conceito do aproveitamento da terra.

Assim, passando da teoria da terra garantindo apenas a vida aos que a trabalham, se aceita hoje a de que ela não só tem o dever de garantir a esses um bom nível de vida, como o de, nas melhores condições de qualidade e preço, pôr à disposição do consumidor a maior quantidade de produtos.

Caminha-se assim para a lavoura-indústria, a lavoura mecanizada e especializada. Caímos em mudanças de critério de extensão.

Por outro lado, a lavoura tem de ter, além da finalidade de garantir esse melhor poder de compra ao empresário, que tem de ser extensivo ao trabalhador, ainda

a de colaborar na solução dos problemas de desemprego. Aqui a sua função social.

Nós temos ainda no País um coeficiente de subemprego e desemprego que se define pelo enorme número de 70 000 unidades de trabalho.

Portanto, em todas as soluções que se encarem não nos podemos abstrair desta realidade.

Entrando ainda mais a fundo na função social, traduzida em melhor salário e mais absorção de mão-de-obra, encontramo-nos perante problemas que são opostos ou que têm de contrariar a função económica de produtos de melhor qualidade e menor preço. Isto impõe pagar melhor a menos unidades e mais especializadas, e, portanto, maior quota de subemprego ou desemprego.

E é dentro desta confusão de fundões que temos de procurar o melhor caminho e a melhor forma de nele influir.

Parece, assim, que se tem de encarar a necessidade de que a industrialização a promover contribua o mais possível para a criação desse clima próprio, não só procurando absorver o aument o demográfico, como conseguindo cada dia tirar mais dos que trabalham a terra.

A marcha natural de desenvolvimento económico, da subida, de nível de vida, é justamente essa: conseguir que, em arrumo lógico, cada vez mais das actividades primárias saiam mais elementos para as secundárias

Nós temos marcado uma exagerada tendência para, sem desenvolver a actividade secundária, saturar a dos serviços. E aí estará uma das causas das nossas dificuldades ou desequilíbrio.

A propriedade - unidade económica viável, como real significado de modificação estável de estrutura - depende de tanto que ainda nos falta, desde uma infra-estrutura capaz até à confiança numa indústria próspera, que neste momento só pode ser considerada como uma construção instável e artificial e até, talvez,

contraproducente, perante os interesses gerais da comunidade.

E bem patente que, na sua preocupação de aproveitar no máximo o trabalho familiar, poucas unidades de trabalho além delas aceita.

Todos estes apontamentos ficam como elementos para estudo de um problema que é ingrato e não é pacífico. Ficam também como um certo número de dúvidas

que trago na consciência, na. mesma consciência com que condeno exageros de concentração quando esta não permite que a propriedade corresponda ou acompanhe a evolução das necessidades da Nação.

Reconheço, porém, o momento que vivemos, a dúvida, ainda, de podermos dar significado de fixação e de posse por outras formas que não seja a da propriedade complemento do salário. Essa é a casa.

A inclusão no Plano de Fomento desta rubrica e a verba que se lhe destina no plano de execução - 300 000 contos - dão ao problema um significado de intervenção directa, que só receio quando se alheie dos dados do problema.

Não compreendo o investimento que se não destine a construção estável e que se limite a solucionar problemas que, na sua essência, podem ser de efeitos meramente políticos.

Eviden temente que, se considerar distintas, e não como fazendo parte de um todo, as duas intenções que se exprimem por emparcelamento e parcelamento, tenho de concordar com a preocupação de por elas se conseguir ir procurando melhor futuro.

Mas isto e a permanência do que se pretende fazer não estão só dependentes da terra e do seu uso: dependem, sim, do conjunto de desenvolvimento que se conseguir pela evolução total, e, dentro dela, eu, lavrador, reconheço que a maior incidência de investimento tem de ir neste momento pura o da indústria, no qual teremos de passar muito para além do das indústrias-base que se prevêem.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Apoiado!

O Orador: - Nos nossos matadouros, por dispersos, todos os dias se perdem valores reais e bem necessários também.

Isto não pode ser um símbolo da vida nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pouco ganharemos em criar, se, por outro lado, tudo continuarmos a desperdiçar.

E necessário, pois, que a acção do Estado vença aqui a descrença nacional na indústria, criando, de facto, um clima industrial, como criar também um clima agrícola em profundidade e confiança.

E o mais valioso elemento de progresso e de fixação é a confiança no melhoramento e no investimento.

E será por eles que se criará aquela riqueza, o crescimento do País em altura, que é, afinal, o verdadeiro campo que temos para mais e melhor fixação da população.

Referir-me-ei agora em conjunto a três das rubricas que se seguem no programa dos investimentos para a agricultura: defesa sanitária de plantas e animais, armazenagem e investigação científica.

Tanto me tenho referido no que tenho dito quanto à necessidade de completarmos sem demora, dando-lhe até a consideração de aspiração fundamental deste Plano