do Plano de Fomento. As secções de Pesca e conservas e Indústrias transformadoras da Câmara Corporativa referem-se-lhe no seu parecer subsidiário. Serei, porém, mais incisivo, pois não me restam quaisquer dúvidas sobre a inviabilidade e inconveniências desse empreendimento. Trata-se da «descoberta» (o termo não é meu) de um sistema mecânico de descarga da sardinha a instalar em Leixões. Aquelas secções contentam-se com que a «coisa» fique limitada ao dispêndio de 200 contos no custo de uma instalação experimental. Eu creio que uma viagem a Marrocos - onde tal sistema já foi sucessivamente adoptado e posto de lado - ficaria ainda mais económica e rapidamente conduziria à «descoberta» da inanidade de tal projecto.

Sobre este mesmo assunto as considerações do parecer subsidiário das secções de Transportes e turismo e Interesses de ordem administrativa da mesma Câmara Corporativa situam-se no mar dos sonhos, só dando importância àquilo que menos a tem, isto é, preocupando -se com as implicações para os moldes tradicionais em que se realiza a venda do peixe, moldes esses fatalmente condenados e cujo desaparecimento se impõe.

Nestas condições, plenamente convencido da impossibilidade do sistema preconizado, seja-me permitido afirmar a indispensabilidade, por razões de ordem económica, social e de prestígio nacional, de se atender às necessidades a esse respeito do porto de Leixões, que é o maior porto sardinheiro do Mundo. A única forma que me parece proporcionar-se é a da construção do parte de pesca devidamente concebido com a necessária largueza, de vistas e devidamente apetrechado. Quando os nossos clientes das conservas de peixe, depois de visitarem e se encantarem com as nossas fábricas, desejam invariavelmente conhecer o porto de descarga da sardinha, só temos uma solução para evitar a vergonha. E ela a de protelar e tornar impossível por qualquer razão a sua visita h lota. E que poderia mesmo acontecer que eles assistissem a alguns perfeita lá praticados.

Algumas destas considerações e ainda a circunstância da sua privilegiada situação sob vários aspectos, entre os quais se salienta o vasto hinterland que servirá, militam também a favor do porto de Aveiro, aliás já em fase adiantada de renovação. Mas a respeito deste, valerá a pena um esforço de revisão cuidadosa e de coordenação dos planos existentes ou concebidos. Essa revisão deve ser feita urgentemente e com largo espírito de compreensão e imparcialidade, postas inexoravelmente de lado considerações de carácter de interesse administrativo, pois o porto de Aveiro não se destina a ser simplesmente o de uma cidade, mas sim o de uma região.

Sinceramente confesso que se me afigura que nos actuais planos há alguma coisa que não está certa.

Sr. Presidente: já aqui se considerou, com o devido relevo, o interesse de que se reveste o capítulo VI do Plano de Fomento relativo à metrópole (investigação científica e ensino técnico).

E consider os políticos de carreira, para todos aqueles que dos interesses de uma pátria e de uma comunidade fizeram e fariam tábua rasa, só pensando no proveito próprio e imediato. A Nação venceu, e com essa vitória afirmou-se, pois, ou deve afirmar-se, a força da organização corporativa. Esta tem o direito e o dever de intervir na mecânica política e administrativa do País; os grémios, como representantes das actividades económicas patronais, ao lado de todos os outros lídimos e legítimos representantes das várias profissões, artes e ofícios, dos que representem os interesses espirituais e morais e das autarquias locais, estas como genuínas emanações do sentir dos indivíduos considerados no aspecto dos aglomerados populacionais com as suas características e necessidades próprias.

Só assim se conseguirá obter a verdadeira unidade nacional. De outra forma será fatal cairmos novamente, mais tarde ou mais cedo, nas discussões, nos partidos, clientelas partidárias e políticos intervir eficazmente - em pleno direito e predominân-