e confundam os poderes políticos com a Administração?

Sr. Presidente: estas palavras são minhas, mas não de agora. Datam de Maio de 1049. Poderá, porém, alguém argui-las de falta de oportunidade? Não, Sr. Presidente. Nove anos decorridos, elas continuam actuais.

Inicialmente pelo imperativo de circunstâncias externas, (a guerra e as suas consequências políticas), depois talvez pela força de habito e perda de élan, paralisou-se a marcha do regime, deixou-se esmorecer e esmaecer :i doutrina, permitiram-se e mantiveram-se certas transigências, a ponto de darem a impressão de. falia ide conteúdo na mesma doutrinação isto chegando a provocar a descrença, senão a desconfiança, até, de alguns bons espíritos.

No entretanto, as realizações materiais e, em geral, uma boa acção governativa no plano actual ou imediato prosseguiam, o que, de certo modo, constituía um mal pela sua dupla e contraditória influência - respectivamente de baixa e acréscimo de tensão psicológica nos espíritos dos governantes e das elite», quando não das próprias massas.

Assim, tudo se poderia ter perdido.

Deus não o quis e aí está hoje a ânsia de revigoramento que de novo nos empolga.

Se sob o aspecto material continuamos caminhando, e temos aí o II Plano de Fomento, objecto dos nossos trabalhos de agora, sob o aspecto das ideias renova-se o idealismo, o corporativismo afirma-se e, assim, todas as esperanças, melhor, todas as certezas, são legítimas.

Basta atentarmos nos nomes que continuaram ou passaram a fazer parte do elenco ministerial, sempre sob a égide de Salazar: Teotónio Pereira, Veiga de Macedo, Pires Cardoso, para não falar em mais e sem desprimor para ninguém.

Dêmos, pois, graças a Deus.

Mas, e já o disse aqui uma vez, a obra corporativa não poderá ser a de alguns homens só. Tem de ser a da Nação, a de todos os portugueses. Também nós, Deputados da Nação, dela emanados e perante ela tendo assumido as maiores obrigações, pois somos seus representantes directos, não podemos «descansar». Temos de cumprir plenamente. Temos de servir. E para tal temos de pensar e agir dentro da doutrina, sem deformações ou desvios de qualquer espécie.

Antes do tudo é preciso reconhecer-se também da nossa parto que se impõe a institucionalização completa do regime corporativo, tão depressa quanto possível. Só ela poderá evitar a impressão penosa - se bem que não correcta - do domínio de um clã a monopolizar entre nós iodo o pensamento e acção política.

Não nos resignemos a ser simples espectadores, ou mesmo modestos colaboradores, de uma obra governativa que pode ser, e é, óptima.

Não. Temos de comungar, sacrificando-nos, se necessário for, naquilo que a autuai situação política felizmente nos oferece a mui na sua doutrina, que devemos também ao impulso, ao talento e a clarividência de Salazar.

Só isso nos permitirá, aliás, encarar tranquilamente o futuro, porque só esse ideário garante à situação a s ua continuidade e o sou desenvolvimento lógico, mesmo através das contingências que o fatal destino dos homens lhe venha a impor. Uma continuidade que não exclui, mas assegura, o progresso, a melhoria, o afeiçoamento progressivo de um sistema que contém em si os fundamentos indiscutíveis e definitivos que lhe advém das bases essencialmente naturais, nacionais e cristãs em que assenta.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. Amanhã haverá sessão com a mesma ordem do dia.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 45 minutos.

Srs. Deputados que faltaram, à sessão:

Adriano Duarte Silvo.

Agnelo Ornelas do Rego.

Alberto Carlos de Figueiredo Franco Falcão.

Alberto Cruz.

Alberto Henriques de Araújo.

Alberto Pacheco Jorge.

Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior.

Américo da Costa Ramalho.-

Autuo Santos da Cunha.

António Bartolomeu Gromicho.

António Carlos dos Santos Fernandes Lima.

Armando Cândido de Medeiros.