Em poucas há terrenos capazes, em área e localizarão, para uma experimentação e demonstração convenientes. Aos seus laboratórios faltam as condições requeridas.

É preciso reconhecer que os técnicos agrários só podem esclarecer devidamente os agricultores e ser os completos orientadores desde que experimentem e estudem nas condições que o meio lhes impõe.

Se assim não for, arriscamo-nos a que o lavrador descreia dos ensinamentos que lhes levamos; e eu falo à vontade, porque sou engenheiro agrónomo dos servidos agrícolas e tenho trabalhado sempre no campo como técnico e lavrador que me honro de ser.

Os técnicos de campo necessitam de um apoio eficaz dos homens da investigação aplicada, pois só assim podem desempenhar cabalmente a sua altíssima missão - para ajudarem ns lavradores a ajudar-se a eles próprios -, conforme consagrada expressão que pode servir de lema aos serviços de assistência técnica. Tem-se feito muito neste capítulo durante as últimas décadas - só os cegos podem deixar de o reconhecer -, mas é necessário muito mais, pois os tempos vão mudando e de todos os lados há uma insistente solicitação de- melhor.

Impõe-se, com urgência, a aprovação de um largo plano para instalação conveniente e apetrechamento dos nossos estabelecimentos oficiais agrícolas de investigação e experimentação, de forma a dar-lhes as possibilidades de que eles necessitam para um bom desempenho da sua missão.

Vou terminar estas ligeiras considerações, que fiz como apontamento sincero, com o desejo de ser útil.

Numa exploração agrícola há muitas formas de iniciar o processo da sua valorização.

Uns começam por arranjar as casas, os caminhos, as instalações, etc., e depois vão às obras de fundo, às obras reprodutivas: rega, drenagem, correcções do terreno, e só algumas vezes no fim, apercebendo-se das inúmeras dificuldades, vão solicitar o conselho, que não vai ser mais do que um remedeio.

Outros, ao contrário, comiam pelo princípio. Tratam de se instruir e de estudar as possibilidades reais da exploração. Depois pedem o conselho de quem os possa esclarecer e fazem o seu plano, o seu plano completo, iniciando-o, claro está pelas obras reprodutivas, peias obras- de base que permitirão depois dar condições aos trabalhos seguintes. E só finalmente quando a exploração estiver em franco desenvolvimento, pensam em alindar a casa, aumentar a eira ou a adega, arranjar os jardins ou os caminhos, além do indispensável.

Transplantando este caso da minha vida de todos os dias para o problema do País, chego à conclusão de que foi este último, sem dúvida, o caminho adoptado avisadamente em Portugal. São dele prova bastante o I e agora o II Plano de Fomento.

Houve, contudo, alguns desvios. Não nos pudemos, por vexes, furtar ao desejo de ir alindando a casa, além daquilo que, modestamente, poderia ser razoável. Mas, sobretudo tenho a impressão de que não se cuidou devidamente da educação, instrução e assistência técnica e da estrutura agraria, que têm de ser a base de todos os trabalhos, futuros.

Mesmo neste grandioso Plano creio que se conta demasiado com as possibilidades normais dos serviços e não se prevê em grande, em muito grande o ensino basilar a todos, os portugueses.

É meu voto que o Governo, executor do Plano o dentro das largas possibilidades que ele lhe concede, olhe com redobrada atenção para o problema da educação e da instrução e assistência técnica- agrícola, da investigação e experimentação através dos Ministérios competentes, pura que o nosso seguro desenvolvimento seja possível com o labor e dedicação consciente da grande massa da Nação a colaborar activa e decididamente no seu engrandecimento.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

Amanhã haverá sessão de manhã e de tarde. A sessão da manhã começará às 10 horas, com a mesma ordem do dia.

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 10 minutos.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.

Alberto Cruz.

Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior.

Américo da Costa Ramalho.

António Maria Vasconcelos de Morais Sarmento.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Belchior Cardoso da Costa.

Castilho Serpa do Rosário Noronha.

Frederico Bagorro de Sequeira.

João da Assunção da Cunha Valença.

José António Ferreira Barbosa.

José Guilherme de Melo e Castro.

José Monteiro da Rocha Peixoto.

José dos Santos Bessa.

José Sarmento de Vasconcelos e Castro.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Luís Maria da Silva Lima Faleiro.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel Luís Fernandes.

Manuel Nunes Fernandes.

Purxotoma Ramanata Quenin.

Urgel Abílio Horta.