com o trabalhador, solidarizando-os na sua dedicação à terra e no seu amor à gleba, em regra tão pequena que cabe toda inteira no coração do dono.
Vozes: - Muito bem! .
O Orador: - Esta situação mantém ainda a trama social onde se retém todas as virtudes da Raça e onde se localiza o único baluarte sério contra as doutrinas deletérias.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Porque, aí ainda não tem conteúdo nem sentido a distinção oficial entre patrão e operário.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Visto que a enorme maioria da população é uma e outra coisa simultaneamente: ora trabalha na sua horta, ora dá o dia fora.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Querer apreciar esta realidade social à fria luz da economia pura para tentar suprimi-la em nome de razões de ordem técnica é atentar contra a própria essência da Nação.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Porque é a pequena propriedade, mais que nenhuma outra, a que faz sentir ao homem a projecção da sua própria personalidade na vida económica, e é nela que ele finca os pés para resistir aos vendavais que o açoitam de todos os quadrantes. Aqui é que a técnica não pode, sem graves riscos sociais, exorbitar do âmbito que naturalmente lhe está indicado. Porque carece de demonstração, que supomos difícil, se não impossível, o pressuposto de que os benefícios da técnica, que são possíveis nas encostas alcantiladas do Norte, são incompatíveis com a pulverização da propriedade. É evidente que o progresso técnico constitui uma inapreciável e indispensável aquisição da humanidade, que nào pode menosprezar-se.
Mas, precisamente por isso, a verdadeira técnica tem de adaptar-se às realidades humanas, para as melhorar e servir ...
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - ... e não será verdadeira técnica a que tentar subverter a ordem natural, tornando o homem, de seu amo, em seu escravo.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Por outras palavras: a técnica será tão útil ao serviço do homem como perniciosa, se quiser sobrepor-se-lhe.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Daqui resulta que não serão, normalmente, os técnicos quem melhor pode supervisar os efeitos políticos ou sociais daqueles assuntos de que são técnicos; precisamente porque, estimando em valor absoluto a seu ramo de actividade, não podem, com justeza, valorizá-la, relativamente, na gama numerosa das actividades sociais.
Vozes: - Muito bem!
muneração não gananciosa; ...
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - ... quer fazendo a defesa sanitária das culturas, com a condição de ela ser realizada directamente pelos organismos oficiais de cada região, pois é praticamente inútil a desinfecção feita por um proprietário quando os vizinhos a não fizerem; ...
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - ... quer pondo à disposição do agricultor sementes seleccionadas, postos de fomento pecuário e adubos a preços não proibitivos; ...
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - ... quer pela adopção das já aludidas medidas tendentes a fixar o homem à terra e de outras que se revelem eficazes.
O Sr. Augusto Simões: - V. Exa. dá-me licença?
O Orador: - Com muito prazer.
O Sr. Augusto Simões: - Parece-me que a V. Exa. faltou ainda citar, entre outros importantes meios de valorização, o do seguro das colheitas, por via do qual se acautelariam as economias e tantas incertezas que as dominam, seguro que, infelizmente, ainda não está suficientemente conhecido e difundido.
O Orador: - Tem V. Exa. muita razão, mas não posso estar aqui a mencionar tudo.
Por igual, os problemas de consumo têm de estar na mente do governante não só no aspecto de um maior abastecimento e consumo interno, mas também no das possibilidades de escoamento dos excedentes da produção, que, embora normalmente diminutos, podem causar perturbações graves à economia agrícola.
Mas os problemas mais instantes de momento são os da distribuição.
Entre os numerosos mapas estatísticos do Plano de Fomento não vimos um que reputamos importante: o da comparação entre os preços por que o lavrador é constrangido a vender os seus produtos e os preços por que os mesmos produtos são postos à disposição do consumidor.
Vozes: - Muito bem, muito bem!