lões ria sociedade, especialmente nos domínios político e administrativo, o ideal de modéstia e pobreza, que constitui padrão vivo de ansiedade da nossa juventude, manifestação forte do sentir do nosso povo, têm sido servidos por V. Ex.ª com indiscutida perseverança e tenacidade.

Ao prestar esta homenagem a V.. Ex.a. Sr. Conselheiro Albino dos Reis, cumpro um dever de justiça e um imperativo de consciência, mus estou ainda a apontar um exemplo a quantos detenham, ou venham a ser chamados no exercício de funções políticas ou administrativas, a oferecer um conforto e lenitivo a quantos - e são ainda muitos - teimam em servir um ideal de justiça, de verdade, de amor, e a significar que, apesar de tudo, creio haver ainda muita gente capaz de assim sentir e de assim proceder; mister é que se separe o trigo do joio, custe a quem custar.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: nesta altura dos debates sobre o Plano de Fomento ouvimos já desdobrar os problemas sob todos os ângulos e aspectos, tantas vezes com indiscutível mérito e até brilhantismo, tornando-se praticamente impossível dizer algo que ainda não tenha sido dito, trazer contributo que valha a pena.

Não obstante, pareceu-me não ser descabido repisar alguns aspectos mais geralmente referidos e procurar evidenciar algumas faceias que julgo essenciais sob o ponto de vista político e social. Foi sob este ângulo e com este objectivo que me decidi a usar da palavra neste debate.

Não vou, por isso, fazer uma análise ao Plano de Fomento, para o que me faltariam elementos técnicos bastantes; de que o Governo e a Câmara Corporativa dispõem amplamente, como é natural, nem reproduzir as apreciações já feitas sob este signo, que dispensam repetições desnecessárias.

Esses pontos parecem-me ser: o problema do plano de rega do Alentejo, as estradas municipais, o abastecimento de água às populações rurais, a construção e conservação das estradas nacionais e a descentralização industrial. Além disso, afigura-se-me serem devidas referências aos condicionalismos do ambiente em que se executa e da finalidade social com que se realiza, bem, como ao processo de assegurar, com a maior eficiência, o pleno cumprimento das tarefas marcadas.

Começarei par me regozijar com o Plano que nos é oferecido pura apreciação, que considero tomo uma iniludível prova de confiança nas nossas possibilidades humanas e materiais, e na nossa capacidade para satisfazer legítimas - e por vezes mal contidas - aspirações.

Já houve quem o alcunhasse de ambicioso. Por mim não tenho sombra de dúvida de ficar aquém de quanto nos é possível realizar no triplo sentido de recursos humanos, naturais e financeiros, principalmente se vier n ser executado com o mesmo entusiasmo e amor com que foi sonhado o preparado e for acompanhado daquele conjunto de medidas arrojadas, decididas, tanto no campo económico como no social e político, medidas a que directa e indirectamente só alude repetidas vezes ao longo dos diversos trabalhos finais e preparatórios.

Usou-se a técnica da prudência e segurança, preferindo-se vir a alargar, ano a ano a, novos empreendimentos novas disponibilidades apuradas, a, ter de se restringir uma ou outra vez as expectativas oferecidas. É um critério tão defensável como o outro, mas que está talvez mais na tradição financeira da última meia dúzia de lustros.

Acho ser este um aspecto a evidenciar frente a derrotismos ou a desânimos dos tímidos como dos fracos.

Estamos perante um verdadeiro Plano de Fomento, no amplo sentido da palavra, e, por sinal, preparado ainda sem instrumentos próprios, que tão incompreensivelmente tardaram a ser criados; enfim, um Plano de Fomento que pela primeira vez no campo económico traduz, de alguma surto, a grandeza das perspectivas que Salazar, com a sua resolução, possibilitara de há muito, mas só agora encontrou justa medida.

Isto não quer dizer que não possam ou devam apontar-se lacunas, deficiências, discordâncias, como é natural, tanto pela escassez de instrumentos próprios como pela necessidade de integrar e coordenar objectivos e meios, como ainda pelo facto de estarmos perante algo coerente, dotado de nexo, servindo determinados fins, que podem bem não ser identicamente pesados e defendidos por todos. Em qualquer caso, estamos perante um trabalho sério, que merece mais do que a nossa aprovação: o nosso louvor e a nossa gratidão.

Vozes : - Muito bem, muito bem !

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Será escusado dizer que me refiro ao Prof. Marcelo Caetano, a quem o País devo já os maiores e mais relevantes serviços ...

Vozes : - Muito bem !

O Orador: - ... e de quem todos aguardamos novos e mais serviços, como temos o direito de esperar da sua personalidade, da sua competência, da sua estatura moral e mental e do seu talento do estadista.

Vozes : - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Melhor do que nós poderíamos fazer já Salazar, com a sua habitual lucidez e precisão, disse a respeito de Marcelo Caetano:

... o Doutor Marcelo Caetano, que nestes últimos três anos ocupou o mesmo lugar com o brilho e a eficiência que tem o dom de emprestar a todas as outras missões que lhe tom sido confiadas. Em situação extremamente delicada, de responsabilidades crescentes e com muito grandes dificuldades, não só foi o precioso colaborador de todos os momentos, como pôde tomar a iniciativa do muitos trabalhos e, sobretudo, orientar e presidir à elaboração do II Plano de Fomento, que espero, confiadamente, marque, a partir do próximo ano, um grande passo em frente na vida deste país.

Um agradecimento e um louvor são devidos ao Governo, que estudou e preparou este Plano, mas uma